Era o último ato. Estava
cansada. Esgotada. As pernas doíam e a cabeça parecia girar em 360 graus com
aquelas imagens. Era bandeira verde e amarela para todo lado, era gente alegre balançando
bandeira e eu sem saber por quê.
Alguns cantavam o hino com
vontade e o meu olhar era de nervoso ao perceber que não faziam à menor ideia
do que estavam fazendo ali. As cores no prédio da FIESP pareciam anunciar o fim
de ano, mas sem tantas cores, pois a predominância era o verde e amarelo
descendo e subindo no prédio.
A impressão era de que estava
num jogo de futebol da copa, na final e a qualquer momento alguém ia gritar
gol. Era na verdade a visão do inferno.
Só pude pensar nisso naquele
momento, era como se tivéssemos sido tomados de assalto e por mais que tentasse
acreditar no que via não conseguia.
A vontade era de sentar na
calçada e chorar. Mas como aquilo aconteceu? De que forma manipularam tudo para
o nacionalismo bestial?
Quando estava quase indo
embora desconsolada e desolada, avistei um grupo reunido e discutindo a
possibilidade de sair como bloco e retomar o ato. No ato anterior e poucas
horas antes alguns militantes tinham sido agredidos e avenida estava tomada
pelo nacionalismo.
O grupo deliberou, votou e
decidiu sair em marcha ali, fizeram uma frente com bandeira preta e seguiram
com palavras de protesto. Ali fiquei e percebi de quem se tratava. Eram os
anarquistas. Rostos cobertos, roupas pretas e algo que não falta jamais:
resistência. Até o último suspiro resistência.
Marchamos com gritos de que
a FIESP apoiou a ditadura, a polícia mata pobre e preto todo dia, voto não muda
nada não e contra o nacionalismo emburrecedor e fascismo!
Dos atos do ano de 2013,
aquele último se tornou o mais importante de todos pra mim. Naquela noite os
anarquistas mostraram que a única luta que se perde é aquela que se abandona.
Quando voltei para casa, não
me senti derrotada e aquela sensação unânime de desanimo entre os que
participaram dos protestos e viram o fascismo tomar conta dos últimos atos não
me engoliu.
Neste dia soube que os
anarquistas eram ou estavam para além dos discursos incendiários pela TV na
maioria das vezes os criminalizando.
De lá pra cá, não os vejo
como vândalos ou agressivos. Jamais presenciei alguém apanhando da polícia
sozinho que não fosse ajudado pelos anarquistas, ninguém fica para trás,
dificilmente os vejo correndo nos atos que não seja para frente para resistência
forma de prosseguir com ato.
Existem as ações diretas
contra o capital simbólico, mas jamais contra as pessoas, para machucar ou
agredir, desde que não representem o estado na forma de farda. O encontro de
anarquistas e polícia é sempre tenso. Mas nunca presenciei violência gratuita
contra as pessoas da parte dos anarquistas.
Os anarquistas são muitos e
com várias vertentes. Os anarquistas sobrevivem a toda miséria e sorte das nações e
atravessam séculos resistindo. São os primeiros a serem perseguidos no eterno
vai e vem da caça as bruxas.
O anarquismo é contra a
concentração de poder e evidentemente contra o capitalismo, racismo, machismo,
fascismo, homofobia, misogenia, xenofobia e toda desgraça construída pela
sociedade de senhores. Por isso é odiado.
Anarquia é a incontrolável manifestação
da liberdade: da mente, do corpo, da existência. É a insatisfação com toda
desigualdade e constituição do estado opressor.
Ficar perto de anarquistas,
ou escutar o que tem a dizer nos mobiliza a querer uma liberdade que talvez
jamais seja alcançada.
E é também por isso que são
perseguidos.
Essa matéria https://www.youtube.com/watch?v=r1ae7_Zw8U0 veiculada
ontem pela Rede Globo sobre anarquismo é grave e requer o repúdio de todos que almejam
e querem outra sociedade.
E pelo que notei foram
pouquíssimos movimentos e partidos políticos mobilizados ou que prestaram solidariedade aos anarquistas.
Afinal quem se importa com
anarquistas?
Ainda mais quando a matéria insinua
que anarquia se trata de criminosos ou terroristas que querem desestabilizar as
leis, a ordem e estado ao incendiar carros de polícia e sede de partidos
políticos, igrejas e consulado na região sul do país.
Hoje o terrorismo está para
os anarquistas. Amanhã, ou depois de amanhã após perder as eleições, estará
para outros.
A disputa eleitoral começou
desde o boicote (pela esquerda) na segunda greve geral em junho. Não tenho
nenhum prazer em constatar isso, pelo contrário tenho muita tristeza e escárnio.
Os primeiros alvos desta
disputa que será acirrada ano que vem são os anarquistas e os milhões de votos
nulos das últimas eleições.
A quantidade de candidatos para
as eleições e entre eles representantes da Rede Globo não disputam entre si,
mas os milhares de “eleitores” que simplesmente estão boicotando as
eleições.
Esse desajuste institucional
ou liberdade excessiva tem que ser cerceada de alguma forma. Sobrou para quem?
Para quem desobedece, para quem não aceita ser controlado, para quem enfrenta o
estado.
Os anarquistas não são heróis,
salvadores ou libertadores, eles são a liberdade em construção e em movimento o
que incomoda a todos que querem controlar e ajustar mentes e corpos.
Tenho curiosidade, fascínio,
encanto pelo e sobre o anarquismo, mas medo é algo que não tenho perdi há anos.
Invadir a sede de
organização anarquista no sul com mandado de busca e apreensão para livros e
induzir de que todos anarquistas são ou aderem táticas violentas é de um
fascismo assustador.
Mais incômodo deve ser para
os institucionalizados a junção de protestos da magnitude de 2013 e quantidade
de votos nulos pela segunda eleição. Então parece que anarquia tem seu lugar,
seja na periferia ou em classes médias.
A qualquer momento o espectro
mais anarquista do que qualquer outra coisa pode explodir. E óbvio que para
institucionalizados isso deve e precisa ser controlado.
A tática para desorganizar atos
nas ruas ou simplesmente impedir manifestação nas redes sociais está cada vez
mais moderno.
O motivo para desmobilizar os atos todos sabem, servem para que não construam greves. Afinal ninguém vai ficar manifestando todos os dias pra sempre como bem disse o presidente interino.
Greve derruba bolsas, valores e riquezas. Greve empodera trabalhadores explorados e oprimidos com aumento da exploração e condição social e econômica de vida.
A manifestação com proposito definido e sucessivas tem valor. Para construir greves e mobilizar as pessoas para desejar uma vida melhor e mais humana apesar de todas opressões.
O motivo para desmobilizar os atos todos sabem, servem para que não construam greves. Afinal ninguém vai ficar manifestando todos os dias pra sempre como bem disse o presidente interino.
Greve derruba bolsas, valores e riquezas. Greve empodera trabalhadores explorados e oprimidos com aumento da exploração e condição social e econômica de vida.
A manifestação com proposito definido e sucessivas tem valor. Para construir greves e mobilizar as pessoas para desejar uma vida melhor e mais humana apesar de todas opressões.
A desmobilização está também nos aumentos, nos preços e custo de vida isso serve para punir a população, inclusive a classe média que foi as ruas, reclamou de tudo sem objetivo e serviu de massa de manobra para partidos corruptos.
Assim nenhum psicológico dará conta de ver nas redes sociais as articulações para desmobilizar manifestações no próximo ano com os absurdos que você não curtiu ou de conhecidos que não compactuam com o fascismo curtiram.
Assim nenhum psicológico dará conta de ver nas redes sociais as articulações para desmobilizar manifestações no próximo ano com os absurdos que você não curtiu ou de conhecidos que não compactuam com o fascismo curtiram.
E visualizar que os comentários em vídeos e
matérias meticulosamente absurdas (alimentação x ração) têm o triplo para comentários
se comparado com as curtidas e aqueles que curtem e comentam não existe fora da rede.
Vamos ter o direito de nos
relacionar com os inimigos, até aplicativo de relacionamento serve como meio
para infiltrados se aproximarem de grupos especialmente mulheres anarquistas
ou de esquerda. Willian Botelho é militar da área de inteligência e se apresentava no Tinder e no Facebook como Balta Nunes
O que demonstra o nível e escrúpulo
do estado/de alguns para desmobilizar desfazer e desorganizar qualquer oposição,
em especial dos anarquistas. Na ditadura tiveram êxito, será que ainda
conseguem?