quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Escolha o Seu Fim de Ano


Happy new year
Happy new year
May we all have a vision now and then
Of a world where every neighbour is a friend
Happy new year
Happy new year
May we all have our hopes, our will to try
If we don't we might as well lay down and die
You and I



So this is the new year
And I have no resolutions
For selfl assigned penance
For problems with easy solutions



All I wanted comes in colors
Vanish everyday
I keep these promises, these promises
Stranger things will come before you
Always out of the way
We keep these promises, these promises




We have come for light
Wholly, we have come for light
It's true
I am the sun
I am the new year
I am the rain
         
                                       


I know that it's true
It's gonna be a good year
Out of the darkness
And into the fire
I tell you I love you
And my heart's in the strangest place

                                    


New year's resolution - to write something of value
New year's resolution - to write something would be fine
All I ever wanted was someone to rely on
All I ever wanted was somewhere to call home
You offer a friendship I can not reciprocate
So don't beg me, in a garden, for it not to end this way

                           


We missed you, we missed you
We've gone far away
Will you be waiting at the end of the day?
We met on the level and we'll part in the square
'Cause someone keeps saying
Happy New Year Happy New Year

Oh Happy New Year
Oh Happy New Year
Oh Happy New Year
Oh Happy

                      


Maybe it's much
Too early in the game
Ooh, but I thought
I'd ask you just the same
What are you doing New Year's
New Year's eve?

                   


I am softer than my face would suggest
At times like these I'm at my lowest ebb
Now I can confide in you
If I cry to set the mood oh please could you cry too

Happy New Year
You are my only vice
Happy New Year
What if we compromised?
Happy New Year
I am open

           


Oooooo.
fall in light, fall in light.
fall in light, fall in light.
feel no shame for what you are

as you now are in your heart
fall in light
feel no shame for what you are
feel no shame for what you are
feel it as a waterfall
fall in light, ooh.



Há muito tempo
Que essa minha gente
Vai vivendo a muque
É o mesmo batente
É o mesmo batuque
Já ficou descrente
É sempre o mesmo truque
E que já viu de pé
O mesmo velho ovo
Hoje fica contente
Porque é Ano Novo



E que venha esse tal ano novo
Aproveite!!!

abs
Jeff

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

acabou de acabar 2014, queira ou não ele está quase dando seu adeus...

E digo vai-te-embora com a graça de Deus pelo amor de todos e de tudo desta galáxia/mundo. 

Não é que tenha sido tão péssimo e horroroso e terrível. Não é que tenha tido dificuldades maiores que noutros anos, pelo contrário sabe. E poderia elencar os motivos de ter sido ótimo e muito gostoso mesmo com todos os percalços e atropelos dessa vida santa de todo ano e verdade seja dita:qual ano não teve?

E se não fosse o calor danado de malino na bacurinha juro que mencionava até cansar. E por falar em bacurinha ela está coçando que é uma beleza de tanto suar, ave! Pelo amor de Deus nesse calor de quase 40º na sombra não tem quem aguente tanta suadeira. Minha nossa senhora dos aquecimentos globais e corporais acode aqui! 

Mas posso adiantar o que farei nos próximos dias até o exato instante da virada: chorar. Calma explico. Mas antes quero vivê-lo até a último gota, em suspiros, risos e por fim em lágrimas. E chorar chorar e chora de alegria, como forma de agradecimento sabe. 

Explico assim: mais que ligeiro e depressa porque o calor está de lascar e as picadas tão de matar no couro da rapariga aqui; e olha demorou pra achar uma Lan House. O que? Não tenho computador assim e assado. Não tenho e mesmo se tivesse não traria comigo. Sou da ralé porque não desfruto das tecnologias atuais? Tem toda razão, ralé é apelido, é pobre coitada mesmo. E com as paisagens daqui tenho a certeza do que não preciso e não cabe computador, Tablet, Smarts e blablablá dessa tralha toda, no máximo uma câmera ou celular moderno (não é o caso) e click. E o tempo urge e não tenho muito tempo disponível, os créditos estão acabando...

Resta muita gratidão àqueles que tiveram perto entre uma ligação e encontros esporádicos; um dos motivos deste ano não ter sido totalmente incrível, quase não pude me movimentar o bastante e o quanto queria para sentir as correntes que prendem, fiz o que pude e estive onde julgava ser muito importante, mas quem compreendeu visitou e ajudou da forma que pode e isso significa muito: obrigada. 

Por fim aquele obrigada bem especial para quem me aturou o ano inteiro, com gratidão infinita ao me proporcionar tantas coisas, dentre elas sorrir muitas vezes quando na verdade queria muito chorar sem esquecer daquele sol de fim de tarde em Santos, te digo que em janeiro volto e começa tudo de novo com quereres de viver mais... E deixo aquele obrigada Deus por me guiar, pois algo sempre relembra que o choro e tristeza não é o fim, pois se um dia choro noutro rio e ás vezes a coisa está tão de um jeito que faço as duas ao mesmo tempo. Em algum momento acontece o equilíbrio tão esperado e almejado.

Então boas saídas (do ano de 2014) e óteeeeeeemas entradas (do ano de 2015) e como dizem por aí vem-que-vem-quicando que é nois com energia hiper mega ultra super acumulada pra ser gasta para se não cair ruir trincar a Babilôniaaaaaaa! Já melhorou aquele calor na bacurinha, prendi o cabelo ufa. Em alguns lugares é cabeça, já noutros... Melhor deixar a escolha para o leitor, mas que a danadinha está com calor e muito suada atá viu. E hoje ela não vai voltar, ela só quer viver, andar de sandália [pela Jamaica e] por aqui mesmo. 

domingo, 28 de dezembro de 2014

Praia, fim de ano e infraestrutura


Como muitas pessoas durante as festas de fim de ano, fui passar uns dias no litoral.
Obviamente, praia, sol e comida bacana são coisas atrativas quando você passa 90% do seu tempo na frente de um computador em São Paulo. 



Entretanto, indo um pouco além dos atrativos, é interessante observar o funcionamento das cidades litorâneas. Neste caso, prefiro me ater às especificidades das cidades do litoral norte, embora hajam casos semelhantes espalhados pelo país. 

No quarto semestre da faculdade, era parte da disciplina de planejamento urbano ir à uma de quatro cidades do litoral norte de São Paulo: São Sebastião, Caraguatatuba, Ubatuba ou Ilhabela. O objetivo era fazer pesquisas a respeito da dinâmica econômica e urbana, levantamento de dados, entrevistas, filmagens e fotografias. O objetivo final era realizar uma análise do territórios, dividida em duas vertentes (econômica e turística) e desenvolver propostas de cunho urbanístico de modo a minimizar as deficiências e complementar o que já existia. 

A divisão entre econômico e turístico era o ponto chave do trabalho: enquanto financeiramente dependente das temporadas, as cidades possuíam (e muitas ainda possuem) infraestrutura precária para arcar com o aumento populacional. Um simples exemplo disso é o levantamento de dados divulgado pela Fundação SEADE na época da pesquisa: o índice de saneamento básico em uma das cidades não chegava a 20%. O resultado disto eram praias próximas aos assentamentos urbanos, que se conservam relativamente limpas o ano inteiro, chegarem até a mudar a cor da água e receber a bandeira vermelha da Cetesb de impróprias para banho, na época de aumento de turistas.

Além dos problemas de infraestrutura, as cidades em questao têm dificuldade em lidar com a economia fora da época de turistas. Dependentes da sazonalidade, as cidades foram se desenvolvendo em torno disto, o que dificulta tanto a existência de um comércio estável (exceto aqueles, de certa forma, tradicionais, que atendem a população local), quanto até mesmo a manutenção de cursos universitários ou técnicos que não visem a área de hotelaria e administração - e mesmo estes correm certos riscos, já que nem sempre o mercado consegue absorver o número de profissionais disponíveis. 

Acabamos de sair de um período de eleições presidenciais e 2016 será ano de eleições municipais. Até chegar o ano eleitoral e a época de verão, as cidades revelam a falta de investimentos em infraestrutura, tanto para os cidadãos quanto para os turistas. Só para exemplificar, o aumento de IPTU em algumas áreas chega a 75%. Quem vai pagar a conta disso, no final, são os moradores.


Ainda quero saber quais as consequências disto para a população e de certo modo, em algum lugar, tenho esperanças de que haja melhoria na qualidade de vida e independência destas cidades. Até lá, só posso observar e dar apoio àqueles que cobram resultados.



quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Não ao tal.

No dia que celebra-se o nascimento e o amor, não há nada como a comemoração dentro de suas crenças. 

Não há nada como a paz de estar descalça, saia rodada, copo na mão e David Bowie no mais alto volume de seu rádio, cantando "...Makes no sense at all, Makes no sense to fall..." enquanto a sala vazia gira em torno de você. 

A leveza, o não cumprimento de regras, a vontade executada e a persistência do verso "...In search of new dreams..."

Se muitas coisas não fazem sentido na noite de Natal, elas fazem menos ainda quando "as the world falls down", portanto meu desejo de final de ano é: PERMITA-SE!


quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Não-tal

Resolvi quebrar o silêncio. Não foi tarefa fácil, ficar em silêncio. Quando palavras são tudo o que você tem, a pior coisa é tentar mantê-las em cativeiro. Elas se tornam muito agressivas. Basta lembrar ou então imaginar o estado da jaula dos velociraptors em Jurassic Park. Eles nunca atacavam o mesmo lugar mais de uma vez e estavam sempre buscando falhas na cerca. São as palavras engaioladas. 

Agora imagine-se tentando conter palavras que querem, a todo custo, sair. Bebês escalam o berço quando você não está olhando. Cães roem o portão. Presidiários cavam um buraco (pelo menos nos filmes). Palavras ficam batendo nas paredes do cérebro até arrumarem uma forma de escapar, seja pela boca ou pelas mãos. Músicos, pintores, poetas, cada um encontra a sua forma de expressão para não enlouquecer. E eu tentei ficar calado por tempo demais.

Agora que parei pra pensar na expressão "quebrar o silêncio". Ou então "romper". Não, não poderia ser de uma forma serena. Tem que ser de forma a explodir uma barreira e fazer com que todas as pessoas no ambiente se voltem para sua direção, com olhares acusadores de "quem foi que fez isso?", como se fosse o crime maior da humanidade. Por isso que os loucos chamam tanta atenção. Se expor é sinal de diferença. 

O caso e que não vim escrever sobre o Natal. Nem é uma forma de criticar a data - não, eu percebo o quanto gosto e quero estar mais próximo das pessoas de quem gosto. O quanto quero vê-las bem, em qualquer época do ano. Aproveito esta data para encerrar um capítulo que durou tempo demais. Eu penso muito em formas de comunicação - quais são os mecanismos que usamos para estabelecer contato uns com os outros. Conversando sobre isso, ouvi dizer que (e aqui cabe um "há quem diga que"), quando encontramos alguém nos sonhos, é a própria pessoa que viajou e entrou em contato conosco. Já achava balela quando era novo, ainda mais depois de velho. Quero dizer, ainda que fosse uma pessoa que já tivesse morrido, quem sabe? Tive sonhos com pessoas importantes e que já morreram - até que faria algum sentido. Mas e as que estão vivas? Invadem nossos sonhos e têm conversas conosco em que dizem exatamente o que tanto queríamos ouvir? Ah, é conveniente demais. Especialmente porque, se isso fosse realmente verdade, o dia a dia das pessoas envolvidas no sonho deveria mudar. Elas se encontrariam eventualmente e, numa simples troca de olhares, demonstrariam que agora está tudo resolvido. Que nada mais precisava ser dito. Poderiam seguir em frente, deixando aquele assunto pra trás. Os e-mails corporativos seriam muito mais interessantes. "Conforme conversa que tivemos no sonho de ontem à noite, envio os novos prospectos". "Aguardo orçamento combinado durante o pesadelo com etês devoradores de cérebros". "Sasha Grey passou no meu sonho e mandou dizer que vai convidar aquela amiga que você quer conhecer".

Esses sonhos com conversas reconfortantes são um belo exercício de narcisismo, porque todas as pessoas ali somos nós. É o nosso cérebro em ação, por isso que ouvimos exatamente as palavras que queremos ouvir. Isso faz muito mais sentido pra mim. E fez ainda mais quando tive um desses sonhos em que eu não falava apenas coisas bonitinhas, mas falava da realidade mais seca e duramente. Sem entrar em tantos detalhes (mais), fiquei contente ao ver que meu cérebro concordava comigo e pude, afinal, ter paz com minha decisão.

Bom voltar a sonhar.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Retrospectiva 2014

Em 2014 eu mais segurei o forninho do que empinei e rebolei.
Não foi tão ruim, tava bom, mas podia ser melhor.
Dos 20 Kilos que precisava emagrecer agora só faltam 30.
O time do meu coração perdeu a copa do mundo.
Falando de coisa boa, pela primeira vez sou "popular" e fui promovida no trabalho.
Peço desculpas pelos posts de 2014. Foi um ano meio arrastado e isso refletiu nos posts. 2015 promete ser mais interessante e espero estar mais inspirada.
Vejo vocês em 2015. Grande abraço!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Ode ao texto ruim

Oh, tu, que não pedistes pra vir ao mundo
Mas que foi trazido por fórceps
E tem aspecto de natimorto.

Oh, tu, que não diz nada a ninguém
Que melhor seria se não fosse
Que já vai tarde
Antes mesmo de chegar

Oh, filho do desespero
fruto da falta...
...de assunto
...de tempo
...de propósito!

Oh, dissertação escrita
no fechar das cortinas,
no limiar das horas,
no enterro de Inês...

Oh, tu, que não tens concordância,
Que não tens forma e tampouco conteúdo,
Que se perde em argumentos falaciosos
e vãs digressões...

Não te envergonhas do desperdício de tempo que me proporcionas?
Não te envergonhas do pobre papel,
que a vida lhe entregou 
para que tuas dispensáveis palavras
fossem impressas em sua pele frágil?

Oh, texto ruim...






domingo, 21 de dezembro de 2014

Quase não deu tempo!

Nooooossa!
Quase não deu tempo!
Sempre um prazer estar com vocês a cada mês aqui!
Feliz Natal, galera!
E que 2015 seja tudo aquilo que 2014 não foi, e muito mais!
Nos falamos em Janeiro!
Aquele abraço!

sábado, 20 de dezembro de 2014

Oh! E agora, quem poderá nos divertir?

Uma das minhas lembranças mais antigas da infância é de quando, na casa dos meus avós, eu deitava em uma pequena poltrona em frente à TV com uma mamadeira e meu pequeno cobertor azul, para assistir ao meu programa favorito. Anos mais tarde, já na escola, eu saia da aula na hora do almoço e corria morro acima para chegar a tempo de ver o mesmo programa, com boa parte das falas dos personagens já decorada.

Durante muito tempo eu xinguei a filial da emissora no interior, que passou a vender o horário do programa para um noticiário de esportes local. Como eram capazes de tamanha heresia? E agora, quem poderia me ajudar?

Ainda hoje, quase trinta anos depois, abandonei a mamadeira e acho que o cobertor azul já nem existe, mas quando estou em casa no fim da tarde, sobretudo nos feriados, não perco a chance de assistir ao mesmo programa, que agora já tenho decorado não apenas as falas, mas os gestos, os olhares e cada detalhe.

Quem lê até aqui cria duas hipóteses sobre mim, ou sou autista e desenvolvi uma mania pelo programa em questão, ou falo do Chaves do oito. Nenhum outro programa é capaz de manter tantos fãs durante tanto tempo com um número de episódios exibidos relativamente pequeno.

Com a chegada da internet tudo ficou ainda melhor. Um fã não se contenta em assistir aos programas. Principalmente quando apenas uma parte deles foi dublada por aqui. A princípio a web revelou os atores por trás dos personagens, contou histórias de bastidores, expôs desavenças que culminaram na separação do elenco (gênios, porém humanos).

Foi possível também ter acesso a mais episódios, às continuações que ficaram faltando por aqui – como o ratinho do Kiko –, aos outros personagens que não chegaram a ser dublados – como “Los Chifladitos”, etc. Com as redes sociais percebi que eu estava longe de ser o único, havia uma legião de fãs por toda a América Latina, unida provavelmente pela primeira e única vez ao redor de um mesmo tema.

São inúmeras as tentativas de explicar tamanho sucesso. Críticos, jornalistas, psicanalistas, cada um com sua versão. Opto pela explicação mais genérica e evasiva: uma somatória de fatores unidos ao imponderável. Bolaños foi um grande roteirista; Carlos Villagrán e Ramon Valdés – Kiko e Seu Madruga – comediantes raros, com o dom de arrancar risos com um olhar; os temas levavam para as telas problemas extremamente cotidianos; tudo encenado de forma simples e inocente, sem apelações. No Brasil ainda cabe ressaltar a extrema competência da equipe de dublagem, que além de encontrar a voz ideal para cada personagem, ainda teve a capacidade de traduzir com maestria as piadas e trocadilhos da série.

Fácil, certo? São características que separadamente podem ser encontradas. É como uma receita de bolo, que quando executada pela minha avó resulta em uma obra de arte, mas quando repetida por mim, com muita sorte se torna comestível.

"Eu prefiro morrer do que perder a vida" dizia o inocente menino em uma brincadeira de crianças. Entre as frases simples, bobas e de muito efeito que nos faziam rir, Bolaños conseguiu condensar muito conteúdo. Morreu, seguindo o ciclo natural, mas não perdeu a vida. Criou, atuou, marcou época e se foi deixando a tristeza inevitável e o legado concluído.

Sou um dos tantos órfãos de Bolaños. Vivo a estranha sensação de perda de uma pessoa que não me conhecia, mas que em contrapartida é meu herói Chapolin, minha referência de comédia, meu professor de espanhol, meu amigo que me acompanhou desde as mamadeiras sob o cobertor azul e cuja despedida se deu caprichosamente durante a transmissão de seu programa, do episódio no parque de diversão. De muita diversão.



quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

VOCÊ QUE NÃO É

Endereçado aos opressores

VOCÊ QUE NÃO É mulher,
Num vem pagar de pá,
Nem vem falar...
Você que não é preto,
Num vem pagar de pá,
Nem vem falar...
Você que não é gay,
Num vem pagar de pá,
Nem vem falar...
Você que não é nordestino,
Num vem pagar de pá,
Nem vem falar...
Você que não é favela,
Num vem pagar de pá,
Nem vem falar...
Você que não é pó,
Num vem pagar de pá,
Nem vem falar...
Você que não é Tupi, Munduruku, Pataxó, Macuxi,
Num vem pagar de pá,
Nem vem falar...
Você que não é julgado, oprimido, forjado,
Num vem pagar de pá
Cansei de te ouvir falar

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Sobre o complexo de Grinch e a pieguice do Natal

Para ler ouvindo:



E o final do ano chegou. Época de celebração para uns, principalmente em 2014, ano que muitos estão vendendo como o pior que o universo já viu, o que é obviamente um exagero, porque o universo já viu muita coisa. Por outro lado, há sempre aqueles que passam pelos festejos de fim de ano com um certo tom melancólico, surgindo daí lendas urbanas que apontam as comemorações de dezembro como causadoras inclusive do aumento do número de suicídios. Mesmo isso não sendo verdade, é difícil ignorar essa nuvem negra que paira sobre o Natal, mesmo porque ela invade vários aspectos da vida humana, desde a cultura pop até o nosso próprio dia a dia, para cada filme natalino feliz existe um Terça-feira, Depois do Natal; para cada Oh Happy Day existe uma Blue Christmas; para cada mesa farta há alguém passando fome.

Independentemente de termos o famigerado espírito natalino ou não, havemos de convir que o 25 de dezembro desperta os lados mais contraditórios do ser humano. Principalmente quando você precisa cozinhar para as um milhão de pessoas da sua família, sabendo que alguém vai reclamar da sua comida, ou do seu linguajar, ou dos seus hábitos etílicos etc. Enfim, esse nem é o grande problema, porque, apesar de todas as diferenças, é bacana saber que, não importa o que aconteça, há aquele grupo de pessoas que sempre estará lá por você, pois são a sua família, definida pelo sangue ou pela vida.

Para mim, o grande senão do Natal é aquela sensação de que é preciso fazer um balanço do ano que finda e, como grande pessimista que sou, não consigo me contentar em relembrar as conquistas, preciso remoer todas as vezes em que falhei miseravelmente, todos os amigos que não pude manter por perto, todas as tolices que falei quando deveria ter calado, todas as oportunidades que perdi por não me considerar merecedora, por não me considerar boa o suficiente, por não ter lutado tanto quanto deveria.

A boa notícia? O Natal não é apenas um feriado, é O feriado, logo, temos alguns dias para nos recuperarmos de todas as ressacas, a alimentar, a alcoólica e a moral. A melhor notícia? 1° de janeiro vem logo depois, e, com ele, mais 365 chances para acertar ou errar tudo de novo, nunca saberemos. No entanto, o mais importante estará ali: temos mais tempo, e, considerando que a vida é curta, esse é o melhor presente de Natal que podemos ter.

E sim, o final foi piegas. O Natal costuma ter esse efeito sobre as pessoas.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O copo ainda não está quebrado. Ainda.

"O pessimista é uma pessoa que, podendo escolher entre dois males, prefere ambos."
Oscar Wilde

Ser pessimista (eu prefiro dizer realista) pode te livrar de sérios problemas. Te prepara para o pior e te dá sempre o argumento "eu já sabia que isso iria acontecer mesmo". Por outro lado, quando o pessimismo é constante e vem acompanhado de um gigantesco senso crítico, como é o meu caso, pode render sérios problemas de insônia e a necessidade constante de omeprazol e carboidratos. 

Na semana passada, minha diarista disse, sem delongas: "não venho mais". Obviamente imaginei um milhão de coisas horríveis. Por mais que eu tenha agido na frente dela com a maior naturalidade e respondido apenas um "ok, tudo bem", pensamentos não saíam da minha cabeça. Será que eu deixava muita bagunça? Mas eu sempre tentava dar uma organizada durante a semana... Será que foi por que eu chamei a atenção por ela ter manchado uma calça com o ferro de passar? Mas eu nunca atrasei o pagamento... Será que ela não gostava de mim? 

Só após muita auto-tortura é que pensamentos como "ela deve ter encontrado uma proposta melhor", ou simplesmente "você não precisa entender o que se passou. Somos todos livres" vieram à tona. O que agora, pensando melhor, acredito ser apenas o meu cérebro entrando em modo de defesa. Ela deve me odiar mesmo. Quem, em sã consciência, conseguiria me aturar por muito tempo?

Esse episódio da diarista é apenas um exemplo. Eu poderia citar pelo menos mais meia dúzia de eventos similares a este ocorridos só durante a última semana. Não basta pensar o pior, é preciso sofrer muito no processo.

Pessoas como eu não têm cura. Por mais que o tempo passe e os amigos te digam o quão ridículo você está sendo ao pensar constantemente assim, você apenas aprende a filtrar melhor o que diz e a não transparecer tanto a sua insegurança. Mas o bichinho do "eu sou o pior do mundo" não nos abandona, já ganhou nosso cérebro por usucapião.

Eu queria que minha autoconfiança enchesse um dedal, mas não é o caso. Meu copo estará sempre meio vazio. Pelo menos enquanto existir um. Agora, sem diarista, aposto que vou quebrar todos os que restaram em casa.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Como plantar uma árvore

Para se plantar uma árvore é preciso encontrar o ponto certo. O ponto de equilíbrio.

É preciso que o tempo tenha dado pétalas.

É preciso de água corrente bem devagar.


Para  se plantar uma árvore é preciso paciência, terra fofa, buraco fundo.

É preciso de ar, adubar.

É preciso de espaço para as raízes se espreguiçarem.


Para se plantar uma árvore é preciso olhar, ver e rezar.

É preciso semear, cuidar, cantar baixinho.

É preciso esperar.


Para se plantar uma árvore é preciso ter raízes, ter caroço, ter casca e polpa.

É preciso gostar de mar.

É preciso cultivar sonhos e amigos.






sábado, 13 de dezembro de 2014

Nunca mais

Há um tempo atrás tive um aluno osteopata que me contou sobre a influência dos metais pesados no organismo das pessoas.
Tal teoria diz que, após anos de acúmulo no corpo, através da ingestão ou mesmo pela poluição do ar nas grandes cidades, causavam sérios danos e, entre eles, locomotor. Por isso de alguns velhinhos andarem cabisbaixos e trôpegos.
Teoria furada ou não, nunca mais olhei os idosos de Copacabana da mesma forma.

Tempos atrás, lí um artigo falando que na guerra do Vietnam foi usada uma substância química conhecida como "agente laranja", para contaminar os rios e assim, vencer o combate de uma forma mais rápida. O tal agente contaminou a água e, consequentemente, peixes e outros animais.
Tempos depois, um amigo da biologia me disse que, nós brasileiros, consumimos aos montes um peixe chamado panga, que vem dos rios poluídos do Vietnam para nossas mesas e as vezes é vendido com outros nomes.
Verdade ou não, nunca mais saboreei peixe da mesma forma.

Quando a pulga se instala atrás da orelha, é inevitável; nunca mais é do mesmo jeito.
Funciona no dia a dia, no amor, na vida adulta.

Depois da primeira, nunca mais. Nunca mais.

"Os ignorantes são mais felizes...
Eles não sabem quando vão morrer"





sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A melhor mentira do mundo


Hoje, 12 de dezembro, é o dia da Virgem de Guadalupe, a padroeira das Américas.
Sempre gostei da imagem dela, da história, dos rituais, mas resisti bravamente durante um tempo porque me diziam que a Virgem tinha sido invenção dos espanhóis. Desesperados para escravizar os rebeldes índios insistiam na catequização e resolveram  ''criar'' uma história onde a Virgem Maria aparece para um índio, Juan Diego. Dizem que tudo foi tão calculado que a suposta ''aparição'' aconteceu no mesmo lugar onde os índios celebravam uma de suas deusas.

Mas talvez pela devoção que milhões de pessoas têm por ela, a energia que circula em sua Basílica, a Virgem de Guadalupe parece real, daquelas santas que funcionam mesmo.

Nos últimos anos aposentei a história dos espanhóis, não me importo mais se foi um mito criado ou não, cheguei à conclusão que estou cercada de mitos montados, histórias mentirosas e informações ocultas. As indústrias mentem e colocam o que querem  em nossa casa, mesa e vida. Compro alimentos e dizem que são orgânicos, mas não posso provar isso. Me falam sobre vacinas importantes, mas não posso garantir sua eficácia. O governo jura que protege meus interesses como cidadã, mas nunca vi nada.

Aprendi a gostar da Virgem de Guadalupe, pode ser mentira, mas todos mentem, governo, indústrias e até amores, qual o problema então de acreditar no que me parece mais bonito? Gosto de tudo na Virgem, principalmente naquela história que ela protege imigrantes, é só rezar e pedir que ela cubra com seu manto e a pessoa chega viva ao seu destino.

Na sua Basílica, na Cidade do México, tem uma placa que diz  ''Por acaso não sou tua mãe?''. É a lembrança da mãe que não abandona o filho, sempre o protege.

Pode ser mentira, mas é reconfortante. Em um mundo tão sinistro, cheio de curvas e momentos perigosos, a Virgem de Guadalupe é uma energia boa que aquece a alma. Talvez a melhor mentira do mundo.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Não me Deixe Sonhar Sozinho

Não me deixe sonhar sozinho!

Santos Dumont sonhou que podia voar, e voou.
Thomas Edison sonhou que podia fazer luz artificial, e ofez.
Graham Bell sonhou que podia falar com alguém a milhares quilômetros de distância, e falou.
Vladimir Zworykin sonhou que podia fazer imagens aparecer em movimento dentro de um tubo de vidro, a TV.
Timothy John Berners-Lee sonhou que podia jogar informações numa nuvem virtual, e hoje temos a internet.

E eu? Sonho também. Todos os dias sonho em tê-la ao meu lado, sonho na magnitude em que a qualquer momento a terei. Mas sozinho, meu sonho não avança.

Vem sonhar comigo, vem?


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Sobre o sertão, ou os sertões


Sugestão: ler ouvindo "Um violeiro toca", de Almir Sater e Renato Teixeira


O sertão, no meu imaginário, uma pessoa que nasceu e viveu na região sudeste do Brasil, é seco, triste, árido, quente, distante, amargo.

O sertão que conheci é mais ou menos assim, mas de um jeito diferente:


A seca e a aridez dividem espaço de uma forma ao mesmo tempo contrastante e harmoniosa com as águas do Velho Chico, que encheram meus olhos com uma beleza tocante, e meu coração de uma felicidade sem tamanho. Banhar-me em suas águas foi a realização de um sonho, renovou minhas energias, refrescou meu corpo e acalmou minha alma.

A tristeza, que vem da fome e da morte, se escondeu. Acabei por encontrar um povo alegre por saber da sorte que possuem em viver ali.

O sertão que conheci é quente... muito quente! O calor é intenso, seja do clima, que atinge facilmente os 30 graus no meio da noite, seja na receptividade das pessoas, muito gentis e generosas. Não apenas as que são de lá, mas também as que são de outros lugares e a vida as levou a ficarem lá. Não é tão difícil querer ficar.

A distancia é relativa... longe de umas coisas, mas próximo de outras... E é bom se afastar de vez em quando da nossa zona de conforto. Viagens nos proporcionam isto: ao viajar entramos em um estado mais aberto a novas experiências, a conhecer novas pessoas, novos sabores e sensações... e só temos a ganhar com isso. Sei que valeu a pena cada uma das 22 horas de viagem.

O amargor? Esse não vi por lá, não. O sertão foi bem doce comigo... me proporcionou momentos incríveis, amigos queridos, lembranças lindas e convites para voltar, e para ir além.




sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Color Crônica.

Vestida de branco, fumava um Black. Ruborizava com o vento, tomava Fanta laranja. Por cortesia, distribuia sorrisos amarelos. Verdejava um vaso em sua mesa. Azul de fome, pediu um lanche.
Indignou-se. Queria que o vaso tivesse flores. 
Violetas, talvez. Eram suas favoritas.

O dia amanhecera cinza.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

do mestrado, da dispersão, de 2014, de

muitxs amigx reclamando de 2014 e pedindo pra ele acabar pelamordedeus e não entendo o porquê. talvez porque seja mesmo mais fácil reclamar de tudo. é divertido ser reclamão e diria que é até cool. pagar de mal humaorado no feice é super nice. no fundo, pra alguns, o ano foi ate bom, mas é tão mais legal fazer a maísa e mostrar que o mundo caiu do que reconhecer o que veio de bom.

aliás, sério, o ano tem culpa? 

claro, entendo que tem épocas em que tudo dá errado ao mesmo tempo, mesmo que tentemos o contrário. são as chamadas adversidades e elas estão aí pra todo mundo e mesmo sendo clichê, acredito que o lance é como lidados com elas.

enfim, se há sempre alguém para culpar e esse alguém tem sido o pobre coitado 2014, preciso agradecer por agir ao contrário comigo. 

na verdade 2014 foi um fofo. 

nem vou listar todas as coisas incríveis que aconteceram no decorrer dele, mas um ano que começa em florianópolis, com amigos queridos, não tem como ser ruim. depois teve - finalmente - a defesa do mestrado, uma tonelada e meia de peso deixada pra trás. 

o fim do mestrado pra mim teve um significado maior do que terminar um ciclo acadêmico. foi também o começo de uma nova história. até agora o título não mudou minha vida em nada, mas ele sempre foi uma desculpa para uma série de atrasos em minha vida. tudo era culpa dele. se eu não viajava, era por conta dele, se eu não mudava de cidade, era porque estudava, se eu não saía, era porque precisava escrever, se não mudava de emprego era porque me dava segurança caso o mestrado não desse certo.

(ex)terminá-lo foi um como me curar de uma doença fatal. depois dele, as coisas ficaram mais leves.

na verdade mesmo, eu nem deixei de fazer nada que fazia, mas fazia com uma certa culpa, julgando a mim mesmo como se estivesse perdendo tempo em vez de estudar. 

e no fim tudo valeu a pena. 

a defesa não leva esse nome à toa. em vários momentos me senti acusado de algo que não sabia o que era. via na banca uma ar de superioridade indescritível e quase cheguei a falar "beleza gente, é isso mesmo que vocês estão falando, eu estou errado, mas preciso ir trabalhar, bjs". 

nem precisou, pois no decorrer do tempo percebi que aquilo tudo era pose. obviamente a experiência fazia de todos ali mais competentes que eu, mas pra que serve um mestrado se eu não pudesse ao menos falar o que pensava sobre o assunto e, mais sério ainda, provar por meio de meus estudos que eu estava "certo" nas minhas argumentações.

passada primeira hora eu já estava tranquilo e achando tudo aquilo um grande jogo. eu tinha todas as cartas pra ganhar. sim, eu tinha certeza que, apesar de achar o trabalho inútil, eu tinha condições de acrescentar algo no mundo por meio daquele pequeno texto. 

e ganhei.

eu não entendo ainda porque a academia é tão careta e precisa manter uma fama de durona, quando as coisas são bem mais simples. 

fiquei feliz ao ouvir de uma das professoras que o trabalho a incomodou tanto que ela pensou em rasgar e jogar no lixo, não por falta de qualidade, mas pela confusão que o texto se tornou. 

e o texto nada mais é do que uma reflexão minha sobre literatura contemporânea. reflexão também no sentido de reflexo do meu pensamento que é disperso e confuso, mas que disse algo ali naquelas pouquíssimas páginas (60 pra ser mais exato, o que foi um ponto negativo e positivo).

enfim... tudo isso pra dizer que o grande marco na minha vida nos últimos 4 anos sem dúvida alguma foi o fim do mestrado. claro que o processo todo, desde a aprovação foi decisivo, mas o fim foi um grande começo.

e como adoro uma boa confusão, que venha 2015 com o doutorado.

mas por favor, 2015, seja tão fofo como seu antecessor.

bjs.


domingo, 30 de novembro de 2014

Senhor Cidadão

Da série músicas que parei para refletir

Senhor cidadão
senhor cidadão
Me diga, por quê
me diga por quê
você anda tão triste?
tão triste
Não pode ter nenhum amigo
senhor cidadão
na briga eterna do teu mundo
senhor cidadão
tem que ferir ou ser ferido
senhor cidadão
O cidadão, que vida amarga
que vida amarga.
Oh senhor cidadão,
eu quero saber, eu quero saber
com quantos quilos de medo,
com quantos quilos de medo
se faz uma tradição?
Oh senhor cidadão,
eu quero saber, eu quero saber
com quantas mortes no peito,
com quantas mortes no peito
se faz a seriedade?
Senhor cidadão
senhor cidadão
eu e você
eu e você
temos coisas até parecidas
parecidas:
por exemplo, nossos dentes
senhor cidadão
da mesma cor, do mesmo barro
senhor cidadão
enquanto os meus guardam sorrisos
senhor cidadão
os teus não sabem senão morder
que vida amarga
Oh senhor cidadão,
eu quero saber, eu quero saber
com quantos quilos de medo,
com quantos quilos de medo
se faz uma tradição?
Oh senhor cidadão,
eu quero saber, eu quero saber
se a tesoura do cabelo
se a tesoura do cabelo
também corta a crueldade
Senhor cidadão
senhor cidadão
Me diga por que
me diga por que
Me diga por que
me diga porque
Bjs/ Abs
Jeff

sábado, 29 de novembro de 2014

As coisas ou apenas pensando em você

Pensando em você, inventaram muitas coisas, algumas para facilitar o dia a dia e outras nem tanto.

De todas as quinquilharias e bugigangas tenho simpatia pela roda. Em pensar que essa engenhoca perpassou séculos como parte essencial da carroça, depois da bicicleta, carros, motos e aviões. Aliás, é incrível como algo tão grande e pesado ainda hoje precisa de rodas para voar, é mesmo impressionante para não dizer curioso porque ainda não inventaram aviões que simplesmente deslizem na pista e num segundo vuuuuuumpt estejam nos céus de encontro com as nuvens.

   O pensando em você, promoveu uma lista imensa de coisas necessárias da roda para o rádio, TV, telefone, PC e outras tantas mais com o objetivo de poupar energia, esforço, para tornar a vida humana [ou de coisa?] mais confortável e porque não dizer torná-la melhor ou alguém duvida disso? Será que existe algum saudosismo dos tempos das cavernas? Por acaso escutei um amém? Um eu? Um aqui? Não? Ufa, oxalá Deus, ainda bem, sinto alívio de saber que ninguém sente saudade de tempos passados, bom, pelo menos não dos tempos da caverna.

 É quase justo dizer que o todo inventado neste mundo é para facilitar e não complicar a vida e disso quase ninguém reclama, exceto quando não tem o devido acesso. E em pensar que poderíamos viver apenas de pensar em criar coisas para simplesmente facilitar o dia a dia para vivermos melhor e quem sabe aproveitar os dias de existência. Em pensar, por que [ainda] não permitiram uma forma, um sistema para que todos tenham o mesmo acesso, para uma vida mais descomplicada, fácil e satisfatória para todos e não para poucos.

Há tanto para criar com o objetivo de simplesmente viver e desfrutar de tudo quanto se pode inventar e temos de bom grado do planeta: chuva, água, sol, mar, vento, mas de tão inebriados com coisas, em apenas ter coisas sabendo que quanto mais tivermos mais aumenta a necessidade de criar espaço para coisas efêmeras que deixarão de ser importantes daqui algum tempo; mais importante é pensar em como reciclar ou reaproveitar do que adquirir mais. Nosso espaço sinaliza urgência para pensar nisso, de modo a respeitar mais o ambiente em que vivemos, ou melhor, habitat? Ou alguém já colonizou outros planetas com gente ou mais lixo e não estou sabendo? Sendo necessário criar urgentes soluções para o que não tiver mais espaço, utilidade.

Mas o pensando em você, te ajuda até nisso, a eficiência não está apenas em criar para consumir, mas também no pensar por você e disseminar a ideia de que não é preciso se preocupar basta você exercer o direito de cidadão a cada quatro anos ou dependendo do país cinco ou sei lá quantos anos mais, ao eleger alguém com tempo de vida curtíssimo posto a idade avançada e, portanto pouco importa o que será do planeta em 50 ou 100 anos, sendo importante apenas te representar e pensar por você, para resolver tudo para você, para que agora você tenha mais tempo para o trabalho para conquistar as coisas criadas por àqueles que só pensam em você.

Tanto é que a palavra de ordem atualmente é poupar energia, investir na tecnologia para aperfeiçoar a vida, na verdade ganhar mais tempo [e tempo é dinheiro] para a vida e para o trabalho; mesmo que o essencial – o trabalho - esteja em falta, inclusive sendo mão-de-obra super qualificada como têm na Europa, ou extremamente desvalorizada como noutros países desde que possa garantir maior crescimento (de quem?) em escala mundial, envolvendo todos os países e com isso elevar à décima potência a vida (de poucos) humana o discurso se prolifera de que o crescimento é para o bem de todos, para que desfrutem das facilidades de quase tudo que se cria na certeza de que foi pensando única e exclusivamente em você, portanto é para o seu bem.

Então inventaram as sextas mega promocionais, o charme e singularidade de chamar sua atenção como se fossem velhos amigos, do tipo: olha pensando em você enviamos o desconto de tanto em tal coisa, pensando em você dedicamos está promoção, pensando em você segue esta assinatura de tal revista com preço reduzido com 50% de desconto quase a preço de banana, e veja o quase de graça desconfie, deve ser uma porcaria, pois nada que seja de graça mereci bom proveito. E segue uma gigantesca lista de quereres de coisas criadas pelo pensando em você, incentivadas pelos representantes no discurso de que não há motivos para alarde, pois o mundo está exatamente como era noutros séculos, nada se alterou praticamente ignorando o que os cientistas mencionaram como alerta de que a existência humana está em risco e ao dizer que a nossa parte está feita em alertar falta a de vocês políticos em fazer algo, portanto não se preocupem, não participem, resolvemos tudo para você, quase no toque camarada do estamos pensando em você mesmo que estejamos no bico do corvo daqui alguns anos.

De todas as coisas que criaram essa com certeza foi à pior delas, tentar convencer a todos de que não é preciso participar da resolução dos problemas, que basta elegermos alguns representantes para que pensem e façam por nós, de modo a resolver, ainda que a solução não nos contemple; quando em grande parte ou na maioria das vezes os problemas foram criados por àqueles que só pensam em você, como potencial consumidor, sem a mínima oportunidade de pensar que tudo tem vida útil e precisa de destino [inclusive o humano], para não dizer um lixo e por isso é essencial a participação e cooperação dos sujeitos, diga-se são protagonistas nesta história da criação e destruição.

A solução dos problemas requer uma força e pressão de todos, para que aconteça é necessário o vetar que outros pensem e façam por você o que é de única responsabilidade. É evidente que todos não poderiam ocupar os mesmo espaços, mas é incontestável que aqueles que lá estão para nos representar compreendam que o lugar ocupado nada mais é que um empréstimo e não os pertence; mesmo que alguns ocupantes sejam semelhantes, por exemplo, que seja da sua cor, credo, crença não estão imune da disputa de poder de quem pensa o tempo todo em você como coisa a consumir coisas. Sendo essencial a participação e pressão de todos os envolvidos.

Se começar a pensar e agir por você mesmo vai notar que embora possua facilidades no dia a dia que são importantes e outras nem tanto, não é o bastante para de fato desfrutar das coisas e viver, mas apenas está vivendo para ter mais coisas e por coisas; em algum momento irão perceber que embora participe do festival de preços reduzidos e tenham tantas coisas como qualquer mortal ou na verdade como bem poucos o acesso à justiça e direitos são limitadíssimos se comparado com àqueles que só pensam em você e por você [para o consumo].

Sendo fácil perceber que a possibilidade de facilitar o dia a dia com coisas não te faz igual, e algum momento isso irá te forçar a pensar, a agir e provavelmente protestar de forma tão indignada que a primeira ação é destruir o que em certo momento você almejou ter, ou melhor, o que tanto àqueles que não pensam noutra coisa a não ser em você [como consumidor] fez com que desejasse ter, querer de todas as formas a ponto de não perceber que não importa o quanto você tenha de coisas que facilitam o dia a dia o acesso à justiça ao termo igualdade é limitado e não interessa a quem, ainda que seja o homem considerado o mais poderoso não poderá garantir justiça para todos, inclusive àqueles semelhantes a ele na cor e na origem. 

Mas alguém levanta e diz não é bem assim, existem pessoas que se importam com outras coisas – ah tem o amor! Não somos apenas consumidores de coisas. Pois é, até nas relações o pensando em você agiu [ou pensou por você?], exemplo disse são as relações de contrato ou aparência como dizem. O filme engraçadinho que ilustra bem isso é o “Amor por contrato” óbvio retirando da discussão o final mentiroso dos felizes para sempre o filme trata de forma bem realista como o pensando em você [consumidor] usa as relações sociais e a vidinha da família feliz como bem querem para que comprem mais coisas, inclusive o “amor” e a felicidade.

Noutro dia, numa troca de canal, escutei certo filósofo num programa da Cultura discorrer sobre a felicidade como uma invenção, ao dizer que desconfia dela, de que você precisa ser feliz; por que atualmente para estar feliz você precisa ter, precisa de coisas e a necessidade de ser está em último plano por que é urgente e preciso estar feliz, é preciso adquirir para ter a felicidade, pois te dizem o tempo todo que ninguém pode estar triste. Acredito que do ponto de vista da religião isso também é válido, pois ninguém aceita que o outro esteja triste, pois é preciso ter fé você vai conquistar as coisas que deseja ou enquanto se manter naquele pensamento positivo a depender do que acredita você vai alcançar àquelas coisas. A tristeza é para perdedores e perdedores não tem coisas, não compram, não tem nada e não alcançam a felicidade - o meu destino é a felicidade num amontoado de coisas, pois quero estar melhor e diferente, não quero ser igual a ninguém, quero ter coisas diferenciadas para ser único.   

Tão difícil quanto é perceber que você acaba acreditando em mentiras que te contam todo santo dia, pior ainda é saber que o pensamos em você, pensa em tudo absolutamente tudo menos em você. E se ainda não conseguiu perceber quem sabe num momento qualquer note que muitas invenções estão totalmente desconexas da paisagem e se tornaram irrelevante para àqueles que perceberam melhores criações ou talvez perceba que em exato momento a principal invenção está em algo melhor, como por exemplo, viver, seja mais “triste” do que feliz com pouquíssimas coisas, apenas viver.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Quem faz a cidade?

No contexto atual há uma disputa básica entre aqueles que querem do espaço urbano melhores condições de vida e aqueles que visam apenas extrair ganhos das negociações. É neste cenário em que a relação entre poder público e capital privado se torna mais evidente, e quando a transparência e a mobilização social se fazem mais necessárias.

Imersos nesta realidade, interiorizamos relações sociais que passamos a crer como verdade imutável, à qual temos que nos submeter. Acreditamos que política é isso mesmo. Que as coisas são assim. Nunca vai mudar. Entretanto, a partir do momento em que questionamos esta situação, que até então é tida como inabalável, criamos uma outra visão da política urbana: podemos não saber qual cidade queremos, mas sabemos qual não nos interessa.

O direito à cidade não é (ou não deveria ser) um direito condicional ou individual: ele é o direito à vida urbana, e isto inclui acesso à moradia digna, educação, saúde, cultura e lazer. Todos têm direito à cidade, inclusive às suas áreas nobres.

E, muito mais do que o direito de acesso, o direito à cidade também o engloba o direito de refazer a cidade.

“O direito à cidade não pode ser concebido simplesmente como um direito individual. Ele demanda um esforço coletivo e a formação de direitos políticos coletivos ao redor de solidariedades sociais”(HARVEY, David. A liberdade da cidade)