sábado, 27 de fevereiro de 2010

Praia Limpa


Você já ouviu que uma ou outra praia estava imprópria para banho. Tem um site bacana para tirar essa dúvida antes de fechar sua viagem.

O site da qualidade das praias é o http://www.cetesb.sp.gov.br/Agua/mapa_praias/praias.asp

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

sabe?

Sabe quando seus olhos estão pesados e você não consegue levantar pela manhã?
Sabe quando você está sem forças pra discutir, mesmo quando sabe que tem razão?
Sabe quando o mundo vira as costas pra você, e te pisa, e te cospe na cara?
Sabe quando você desiste de seus ideais e esquece seus objetivos?
Sabe quando você deixa de acreditar nas pessoas?
Sabe quando qualquer música te irrita?
Sabe quando você vê seus pais desesperados por encontrá-lo na beira do abismo?
Sabe quando não se tem mais nada e você recebe a maior promessa da sua vida?

Sabe?

Sabe quando essa promessa era mentira?

Sabe?

Sabe o que fazer quando isso acontece?

Sabe o que eu fiz?

Eu me joguei no abismo...

E duvidei da vida...
E duvidei de mim...
E duvidei dos outros..
E duvidei de Deus...

E ele colocou vários anjos no meu caminho, que amenizaram a minha queda...
E me deixaram chorar o tanto que eu precisava pra me libertar...
E me deixaram sofrer o tanto que eu aguentava pra me testar...
E me deixaram me machucar o tanto que eu necessitava pra aprender...

E me re-ergueram nas cinzas quando eu acreditava que já estava no fim.

Sabe?

Sabe quando tudo isso acontece pra você acordar?
Eu acordei... e você?


terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Nós

"E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração, e quem irá dizer que não existe razão?"

Ele adora rock, ela ama axé;
Ele adora gatos, ela ama cachorros;
Ele adora futebol, ela adora corrida;
Ele adora games, ela achou o Atari complicado demais e desistiu;
Ele adora tecnologia, ela adora quando acaba a luz;
Ele adora comédia, ela adora terror;
Ele gosta de sorvete, ela de chocolate;
Ele é fera no Guitar Hero, ela fica tonta com tanto botão pra apertar ao mesmo tempo;
Ele é gastador, ela é avarenta;
Ele é caseiro, ela é baladeira;
Ele come junk food, ela é natureba;
Ele é independente, ela é carente;
Ele escreve muito, ela escreve o básico:

TE AMO!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

quote.



"I accept chaos. I am not sure whether it accepts me. I know some people are terrified of the bomb. But then some people are terrified to be seen carrying a modern screen magazine. Experience teaches us that silence terrifies people the most."

DYLAN, Bob.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Eu sou "mazinha", e você?


Certa vez a estimada colega deste blog, Marcela Prado e responsável por postar este texto de hoje, pois eu não tenho internet no moquifo em que eu moro, comentou-me que minha alma é cinza. Concordo com ela. Em partes.

Às vezes meu ânimo está roxo de raiva, vermelho de paixão, preto como meu humor negro, laranja de alegria e por aí vai. Só não tem tons pasteis na minha escala pantone de cores. Porque eu sou daquela “tipa” oito ou oitenta que ou ama muito uma coisa ou odeia. E sou também assim, extremista, com as pessoas e sofro com isso. Já errei feio em meus julgamentos e para fazê-los, em geral, eu bato o olho em fulano e a coisa toda é muito simples: ir ou não ir com a sua fuça. Vou no achismo mesmo ou sigo meu “feeling” – só para ficar mais bonito. Na verdade, a princípio eu mais observo do que falo e isso me dá boas margens de acertos, mas do que ninguém nunca vai poder me me acusar é que eu sou falsa e se eu erro com você, me redimo.

Na minha vida dou preferência para pessoas como eu: temperamentais, geniosas e que mostram logo a que vieram. Prefiro lidar com gente assim . Não gosto de sorrisos amarelos disfarçados com um grande desejo de “foda-se” embutido. Sou capaz de entender que o sujeito não está em um bom momento, está irritado ou chateado e mesmo que ele é chato mesmo. Só que eu não sei lidar com quem é dissimulado, com gente que se faz de boazinha ou de abestalhada.

NINGUÉM é 100% benevolente em tempo integral. Ninguém. E sei distinguir o cidadão que é cortês de quem finge, assim como também sei discernir o sincero do mal educado. Um exemplo: “- Eu só contratei você porque achei que você tinha cara de trouxa como todo japonês! E pelo visto me enganei, né? (...) Mas você tem uma vantagem em trabalhar comigo: você nunca vai encontrar uma pessoa tão transparente como eu!” A ex-patroa teve uma merecida resposta que culminou no inferno que foi o meu ano passado, afinal, minha educação e paciência são proporcionais com quem eu interajo.

Eu, conforme já confessei no começo deste post, tenho minha variação de humores e me permito também amaldiçoar e alimentar sentimentos vingativos com os filhos da puta que cruzam o meu caminho. Falem bem ou falem mal o que me incomoda mesmo é passar incólume, pois nada é mais desagradável do que ser ignorada. Também não puxo o tapete, jogo limpo e dou a corda para se enforcarem sozinhos.

E você? Quando é que você se permite ser má ou mal? Quando não tem ninguém te olhando e pumba? Jura de pés juntos que não foi você e ainda bota a culpa em outrem? Tsc, tsc, tsc... Mostra a sua cara para mim, mostra?


Sandra Sakamoto ( Sakana)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O Vale dos Leprosos

Me conduza à sua presença
Me retire ao seu olhar
Me faça parte de você

Me alimente com a sua dor
Me destrua com o seu amor
Me faça desaparecer

Brindemos então ao que restou
A cada inútil e em vão segredo
Ao tempo incerto que passou

Talvez você não possa entender... eu posso voar.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O amor é uma glândula (sudorípara)

A mão dela sua, e sua bastante.
Correr atrás de bola também faz suar, lembrou, e continuou:
Comida quente, brincar com o cachorro, andar de trem,
quarto trancado, acertar itinerário, camisa fechada,
escada, churrasco com queijo, andar de metrô, fazer barba,
errar itinerário, camiseta com gola, procurar bar,
bolsa pesada, andar de onibus, achar um telefone,
desviar do cachorro, janelas abertas, ar ligado,
chegar no horário, arroz com purê, manter-se no bar,
mudar o itinerário, estar sem camisa, sair pra fumar,
voltar no horário, perder o trem, duas bolsas pesadas,
pão de queijo e coca-cola, não ir trabalhar, buscar o Rei,
Esperar, e esforçar-se pra que essa espera seja a mais breve,
é suado igual a mão dela, que sua, e sua bastante.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Voltando

Em breve, chego.
Lá não há portão, só uma porta que abre na manha, quase nenhum dos moradores tem chave.
Cachorro não vai latir, só tem um gato insano que quiçá sequer sentiu minha falta.
As malas eu colocarei no chão, demorarei dias e dias para desfazê-las.
Igual ao Robertão só é mesmo a parte do “tudo estava igual como era antes, quase nada se modificou”.
Mas eu andei, andei muito. Rodei por aí e a bagagem volta mais cheia. Não só cheia de muambas e presentes, minha bagagem volta mais cheia de pessoas e lugares. Igualzinho como sonhei.
E para o lugar que volto, acho que só eu mesmo mudei. Não me sinto mais dali.
Não quero voltar para as coisas que deixei. Quero trazer comigo o que me faz bem. O resto, deixa lá, naquele pedaço da vida que se chama passado, naquele canto da memória que se chama saudade.
Sinto-me daqui, meu sonho feliz de cidade. Aquela realidade não me pertence mais.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Fartura

Estou farto do lirismo descomedido.
Do excesso.
Dos outsiders cools,
Que não são o óleo desse Tietê.

Farto de espantar abelhas no café,
De se espantar com os marimbondos da Brás Leme.
Aliás, eles dominarão, a região Norte.

Estou farto das melhores bandas do mundo,
Dessa última semana,
Com toneladas de "personalidade",
Gramas de musicalidade.

Sem contar os cabelos,
Maquiagens,
Tatuagens e
Falta de pêlos.

Farto de IMAX, 3D, Full HD,
GPS, Ipod, Iphone,
Avatar, Cameron,
Oscar, Ewald Filho.


Quero os riffs de Keith Richards.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

domingo, 14 de fevereiro de 2010

O quinto poder

Naquela época eu tinha mudado de emprego, de casa, de bairro, ainda não conhecia muita gente e o contato com os velhos amigos se tornava cada vez mais escasso, por causa da distância e da falta de assunto. Assistir televisão era praticamente a única coisa que eu fazia no meu horário livre e aos fins de semana eu costumava visitar minha mãe, com quem eu reclamava do tédio que eu tinha durante meus horários inúteis dos dias úteis. Meu aniversário logo chegou e minha mãe me deu de presente a assinatura de uma dessas revistas de curiosidades. A idéia não foi ruim, mas a revista me entreteve por apenas dois dias. Pensei então em assinar um jornal pra poder ler todos os dias e talvez alguma outra revista. Tudo isso me manteria, eu esperava, longe do tédio por muito tempo e eu comecei a acordar mais cedo para poder ler o jornal enquanto tomava o café da manhã.

Em poucos dias, os jornais começaram a se acumular em uma pilha no canto da minha pequena sala, aumentando cada dia mais. Havia um velho que frequentemente passava pela minha rua juntando todo tipo de coisas velhas para reciclar, então pensei em dar a pilha de jornais para ele vender, mas ele não quis, disse que jornal dá muito trabalho de carregar e pouco dinheiro. Quase considerei jogar tudo no lixo mesmo, mas um caderno especial sobre reciclagem e aquecimento global me fez logo desistir da idéia. Se eu tivesse um carro, eu mesmo levava para reciclar.

Eu tinha agora duas pilhas de jornais junto com algumas revistas, que se fossem uma pilha só, seria certamente uma pilha mais alta que eu, mas é difícil equilibrar uma pilha de jornais desse tamanho e eu me recusava a me sentir oprimido por um monte de notícias velhas. Ainda era eu que mandava ali, por isso resolvi dar um fim de uma vez por todas naquela situação. Liguei para cancelar minha assinatura do jornal e com o dinheiro que eu ia economizar todo mês poderia pagar as parcelas de um computador. Iria ler todos os jornais que eu quisesse e quando terminasse, não haveria nenhuma pilha de papel.

Os jornais, no entanto, continuaram a vir. A moça me disse que minha assinatura estava cancelada, devia ser algum engano e que nada seria cobrado. Mas eu não me incomodava com a cobrança, eu até pagaria pra não ter mais jornais. Os jornais, no entanto, continuaram a vir. Pensei em acordar cedo pra falar com o entregador, mas ele passou de moto tão depressa que nem me viu.

O computador chegou, mas eu não queria mais saber de notícia nenhuma, eu queria que o mundo explodisse e eu pudesse me ver livre da pilha, que agora eu usava como assento para ficar na frente do computador. Em um site, aprendi a fazer esculturas de papel machê usando os jornais velhos. Eu tinha, porém, mais material do que habilidade. O origami deu ainda menos certo e o máximo que eu consegui fazer foi um chapéu.

Muitos meses depois, eu mal conseguia andar pela casa sem esbarrar em tiras de quadrinhos, políticos corruptos e enchentes no Paraná. Eu também já nem usava mais toalha, me secava com as páginas do suplemento dominical, que, apesar do inconveniente de soltarem tinta, não precisavam ser lavadas depois. E as folhas tinham lá sua utilidade – impedir uma goteira, substituir um vidro quebrado. Melhor ver uma foto da Patagônia do que a rua suja do lado de fora.

E, pensando bem, eu não ia mais precisar do fogão, podia queimar algumas folhas para cozinhar. Quando descobri que em Londres era costume levar comida embrulhada em jornal, me livrei dos pratos também. No inverno, uma boa camada de notícias quentes era melhor que meu cobertor. Os moleques da rua me chamam de louquinho do jornal, mas eu me defendo, jogando bolinhas amassadas de realidade neles. Só jogo as notícias mais cabeludas, que essas doem mais.

Eu sonho com resenhas, notas e gráficos. O Diário marcou uma entrevista comigo, mas eu não entendo, não sei nada sobre escândalos nem tendências. Eu não sou notícia.


Tiago Franco Marques


sábado, 13 de fevereiro de 2010

Como se fosse treze de fato, no sábado primeiro de Carnaval



Do Recife: calango entre calçadas das Graças. Discussões. Com Conrado sobre os poetas anêmicos, bastardinhos diluidores de Elliot e Emily Dickinson, palavras esdrúxulas que gosto mas que despencam. Esse gosto compartilado: "Fim de feira, periferia afora/a cidade não mora mais em mim/Francisco, Serafim, vamos embora." Com Lucas, as excessivas, cotidianas. Almoços fartos caríssimos entre arrecifes erguidos em conversas entre Cabaré e as Torres, ao lado de Brasília Teimosa. Recife antigo, beija-se demais na Rua da Moeda. As canções em looping de frevo e todas as cores infinitamente reiteradas  combinam. Aqui e ali, o mau gosto de turistas polacos lambuzados com protetor tal molho rosê. E me deliciam as imitações de Conrado no carro. Nem sempre Lili toca flauta. Enquanto isso na sala de justiça. E eu acho é pouco. Cerveja latão por inimagináveis dois reais. Comi ovos de codorna sem excitação. Neste domingo, a perspectiva de Céu ou Lenine. Vi Cleyton desmontado de Wally, e foi bom. Agora quero o sol bonito de Porto sobre insanas camadas de filtro solar, na casa de Sônia onde os aviões passam zunindo a beira dos prédio, à beira mar de Boa Viagem.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Porque normalmente eu falo demais, mas às vezes de menos

Palavras são as coisas mais sensacionais que existem, são um caminho pra quase tudo. Mas não pra tudo. Onde a palavra silencia, aí sim se encontra o ser humano. E é aí que me encontro. Sem palavras, talvez por tê-las todas mas nenhuma me servir.
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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Correio elegante

--1--
Dedico a ti o primeiro parágrafo não por seres tu meu preferido. Não és. Mas teus lábios mornos que odiavam beijar-me e teus dedos frios que rechaçavam tocar-me me ofereceram quase meio ano de uma liberdade que só experimentarei de novo se um dia encontrar outro tu. Já sabemos que é único o conjunto de 56 pintas, músculos magros, apito, bloco de notas, quepe de piloto e roupa de adolescente que formas com um muro intransponível ao redor. Por isso te escrevo esse recado, o primeiro, como agradecimento.

--2--
Levo-te do lado de fora no pulso esquerdo e do lado de dentro no coração. Tua companhia me enche de tudo o que eu preciso quando preciso, mas sei que a reciprocidade não te é suficiente. Difícil entender porque parece que nossos diálogos estão em algum roteiro escondido atrás dos espelhos. E me recuso a chegar a uma conclusão por minha conta. Me ajudas?

--3--
Nossa sinceridade é mais especial que todas as coincidências que nos aproximam. Queria ter demorado menos entre conhecer-te e te conhecer, mas o passado e o futuro são palavras vazias agora.

--4--
Pela primeira vez, você é a porta e eu sou o muro. Mas, além da maçaneta sem chaves nem trancas, seu olho é mágico. Que ele não se transforme em binóculo.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O passado, o futuro, o neutro, o hoje

É que, se deixar, vivo nostalgicamente e, de tanto recordar-me, com agonia, de um passado excepcionalmente bom que não retornará jamais, aprendi que recordar o futuro é mais fácil, pois troco a amargura da saudade do que não volta pela esperança da saudade do que está por vir.

Mas por vezes minha nostalgia me escapa do controle e me toma toda. Ela se me escapa transfigurada em um indizível horror por me desfazer, por dizer adeus. Fim. Próximo.

Contudo, nestes dias atuais de leveza em que me encontro, vivo num estado de quase-neutralidade, não sabendo imprimir ao certo uma classificação ao que se sente e ao que se vive. Os dias, sentimentos, sensações, mostram-se a mim não como bons ou ruins. As coisas apenas... são.

Hoje é, por exemplo, o dia em que ultrapasso o ponto-médio da distância entre o vinte e o trinta. Assim. Sem lamento mas também sem contentamento. Apenas... sendo.

Será isso o que acabo de alcançar o equilíbrio?

domingo, 7 de fevereiro de 2010

carrego mágoas enormes
nos bolsos do casaco:
esse repetir dores imaginárias
e repetir repetir até acreditar.

sou um viaduto carneosso
não ergo meu corpo do aslfalto.
o peso disfarço
enquanto amarro os sapatos.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O amor em doses cavalais

O colostro é um leite riquíssimo em anticorpos que a mãe passa para o filho nos primeiros minutos de vida, mas a alimentação do potro inicia-se já na barriga da mãe, desde o terço final da gestação, continuando através da égua até o desmame. Expedito, Médico Veterinário, apaixonado pela profissão. Em criança, pegava cachorros e gatos abandonados na rua e sua casa parecia mais um Jardim Zoológico. Dito, como era chamado pelos amigos e parentes, se especializou em égua. Calma, ele se especializou em eqüinos. Até porque sua mulher é uma pessoa boa. Literalmente. Um casal apaixonado, se conheceram de forma casual, num supermercado, ela não alcançava o molho de Tomates Secos no alto da prateleira e ele foi cortês ao ajudá-la, pegou o vidro e entregou para ela, que agradeceu com um sorriso. Conversaram um pouco na fila do caixa, saíram e tomaram alguma coisa e foi amor à primeira vista. Em uma semana já planejavam casar, ter filhos, essas coisas. Diana, Analista de Sistemas, apaixonada pela profissão. Em criança, não pegava animais abandonados na rua, se especializou em números. Tudo para ela é contabilizado. E gostava do número 2, por excelência. Casaram-se no dia 02 de dezembro, às 2h da madrugada, com 2 pares de honra, 2 pessoas celebraram o ritual e apenas os dois foram para a lua-de-mel, é claro. As duas alianças foram compradas no Egito, lindas. Mas ontem ele demorou para chegar em casa, trabalha em fazendas. Amor, você está onde? Estou à caminho, ele disse. Ela ansiosa e com fome ligou novamente. Amor, que demora. Onde você está? Dei uma paradinha no Posto, chego já, ele disse. Mow eu tô com fome, que demora é essa, hein? Ele não conseguiu mais e abriu o jogo: amor, eu perdi a aliança. O queêêê? Como assim? Ela interrogou quase gritando ao telefone. É que eu tive que examinar uma égua na Fazenda de Aldo e tirei a aliança, coloquei numa pasta mas não estou achando, já procurei no carro, na pasta, no carro de Aldo e nada. Diana não acredita na história e quando ele chega ela desaba, invente outra história, porque não deixou a aliança em casa? Ela gritava chorando. Ele pedia calma, meu amor acalme-se, eu pedi pro caseiro procurar e qualquer coisa me ligar. Vou ligar para Aldo, ela disse. Ligou. Pelo papo, parecia que ele havia perdido a aliança lá mesmo. Aldo não achou. O caseiro, seo Antônio, ligou logo em seguida dizendo que achou a aliança perto de uma árvore. Diana vibrou e comemorou com um sexo bem gostoso, sem anticontraceptivos, ela queria ser mãe.

Vídeo didático, parte integrante do conto: http://www.youtube.com/watch?v=r50QfYch_G8&NR=1

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

do caderno das memórias inventadas.

ela acordou desejando de um jeito mais forte hoje.
queria a felicidade e pronto.
pôs-se a pensar nos acontecimentos da vida. mas suas memórias eram as mesmas de sempre, as memórias da menina melancólica. usou música prá retomá-las. nada. usou cores. não. pelo querer demais começou a imaginar desfechos diferentes, curvas prá lá, curvas prá cá... e foi ficando bom assim. mas como fazer prá gravar essas memórias inventadas bem gravadas, bem fincadas, lá no fundo? isso não dava, mas ela fez que sim. e comprou um caderno. todo dia de manhã iria escrever ali uma memória inventada do jeitinho dela. quer dizer, do jeitinho que não era dela. prá ser mais feliz. e ficou feliz assim. hoje.
ah! começou com um balão e uma lebre.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O cabelo mais bonito da escola

Mal me lembro do seu nome, mas me lembro que ela tinha o cabelo mais bonito da escola. Sim, de longe o mais bonito. Era liso, mas não era um liso escorrido, desses sem nenhuma graça, que teimam em imitar passando chapinha. Era um liso charmoso, jeitoso, farto e de uma cor diferente, única.Não era loiro, também não era castanho. Era um dourado escuro, cor de trigo, cor de caramelo, nem sei que nome dar. E nossa, como ele brilhava.
O mundo é mesmo injusto, pensava eu, com meu cabelo rebelde e mal cortado. Como se minhas espinhas e aparelho nos dentes não fossem suficientes. É, não era fácil ter doze anos.
Um dia reparei que o cabelo dela estava com umas falhas, que foram aumentando, aumentando, e, em pouco tempo, ela estava careca. Corriam boatos de doenças incuráveis e outras coisas horríveis que só mesmo crianças ingênuas e malvadas são capazes de inventar.
Já os adultos falavam em problemas emocionais, pais separando, crise nervosa, essas coisas, mas eu carregava comigo a certeza que não era nada disso. Cair justo o cabelo? O que ela tinha de mais bonito? Era inveja, claro, olho gordo dos feios, olho gordo de todo mundo, de todas as meninas da sala, das outras salas, talvez das professoras e, com certeza, meu também. Eu sabia da minha responsabilidade naquilo tudo, mas como evitar? Agora eu sentia culpa e pena da menina careca, apontada e amuada no canto do pátio.
Com o tempo um novo cabelo cresceu, mas nasceu diferente. Nasceu crespo, ralo, quebradiço. Diziam que com o tempo ficaria como era antes, mas isso nunca aconteceu.
É claro que hoje eu acredito mais na hipótese de problemas emocionais, parece mais razoável, mais crível que a força do pensamento, mas esses dias a vi atravessando a rua com seu cabelo sem graça e não pude deixar de ter os mesmo sentimentos descabidos de quinze anos atrás.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

não, eu não podia me enganar assim

ele a questionou sobre o porquê das relações modernas estarem tão superficiais, sobre a vida em comunidade retratada na bíblia, no livro de atos, sobre o desperdício de energia na torre eifel, em paris, sobre os ovos de chocolate vendidos na páscoa e a ilusão hereditária das crianças em acreditar nos coelhinhos e no papai-noel, e de tanto dinheiro gasto com presentes de aniversário, presentes de natal, presentes do dia dos namorados, presentes do dia dos pais e das mães, quando na verdade o que ele queria era um abraço e que ela o olhasse nos olhos, que ela o beijasse e esquecesse por um minuto da escova progressiva que faria no dia seguinte, do sapato alto de cor rosa igual da prostituta da novela e da promessa que ela tinha de pagar em aparecida do norte porque conseguira emagrecer quinze quilos em quinze dias, seguindo o conselho da revista e parasse de criticá-lo por criticar tanto os prazeres proporcionados pelos presentes, pela vontade de ficar bela e por acreditar nos coelhinhos ou na aparecida, mas sabia que na verdade, tudo o que ela fazia era para ele e, para ele, nada disso importava, nem mesmo o beijo, o olho no olho ou os presentes de natal porque o que ele queria era a outra.
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hey boy wont you take me out tonight
I'm not afraid of all the reasons why we shouldn't try

hey boy wont you make me out tonight
I get excited when I think of crawling into your arms

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