quarta-feira, 30 de março de 2011

Saudade Molha...



Quente, úmida, cheirosa
Saudade por entre minhas pernas
Inquieta e pulsa
E me molha
Saudade safada de ti
Me põe pervertida
Me toma os sentidos
Me bebe e me come
Ah, saudade molhada
Que vem e que passa
E sinto de ti
Ainda que não estejas aqui
Por entre minhas pernas...

terça-feira, 29 de março de 2011

Avenida Industrial, sem número

"Meu nome é Juliete Benon, nascido em Goiás, segundo homem de 6 filhos do seu Antônio Benon, homem rigído de criação difícil, onde filho homem trabalha cedo, estuda pouco e casa logo.Não suportava a vida de peão, plantação, vida pacata de fazenda. Não era pra mim não. Então, larguei tudo, para morar em São Paulo.


Morei na rua alguns dias, trabalhei como ajudante de cozinha no restaurante do centro, bem dizer morava na dispensa. Meus pertences: uma mala com pouquissímas roupas e retratos da mãe, família. Ninguém adivinha ou supõe essa vida, coisas acontecem, sem perceber ou quando menos se espera está nela. Conheci Maga nesse restaurante, ela me olhava desconfiada, de rabo de olho, se perguntando que diabos eu era, se homem se mulher. Sou homem, tenho traços de homem, mas também de mulher, isso confunde.


Ficamos amigos, ela me convidou para morar em sua casa, um privê na Liberdade, na verdade uma sala comercial, mais chique dizer assim. Adorava suas roupas, maquiagem, perfumes e badulaques, aprendi rápido os macete e dicas de Maga. Meu primeiro cliente era famoso na casa um dos mais antigos e exigentes. Gostava de rapazes de mão pesada, e isso eu tinha. Sua preferência era por língua, voluptuosa, dengosa, que chupa devagar/rápido e isso eu sabia perfeitamente. Aprendi desde cedo, a língua é meu instrumento de trabalho. Gozo rápido e gostoso.


Namorei homens e mulheres, talvez, seja a vantagem. Trabalhei algum tempo no privê, onde metade era meu metade dela; aluguei apartamento após trabalhar um ano, economizando. Mantenho contato, até hoje, mas é só amizade, nenhum trabalho. Ainda prefiro a rua, embora tenha problemas com idiotas que venham, zombar, jogar água, xingar, mesmo assim, ainda prefiro a rua, eu faço o horário e preço, é bem melhor.


O programa mais estranho, bom são tantos, não sei, uma vez um cliente, enquanto o masturbava, tinha crises de soluços. Outro cliente me pagou para apanhar, bati com gosto, sem dó, uma, duas, três vezes, claro depois transamos, mas ele estava todo machucado. Apanhou duas vezes, sim eu comi. Vários pedem coisas estranhas, às vezes para olhar, às vezes para tocar a namorada enquanto ele olha, sexo a três, quatro, sempre cobro a mais quando é assim, minha preferência é sempre por homens, não gosto de mulheres não, mas se rolar de pagar, eu vou. não faço acepção. Transaria com o casal e moça tímida de cabelos encaracolados, boca de chupar rola, mas que não cansa de fazer perguntas, come com o olhar. Tá me comendo, pensa que não vejo, se você é lésbica, é metade, porque sabe que embaixo desse traje, tem pênis, portanto querida, não deixa de ser macho, eu gosto disso. Não consigo lembrar de todos, mas o mais estranho mesmo com certeza vocês, pagam para conversar." (risadas)


Ficamos ali cerca de 1 hora e meia, numa madrugada de sábado, em torno de 04:30 ou 05:00, sei lá. O que nos levou lá, a curiosidade (minha) extrema de saber, como ou quê levou alguém a estar ali. Sempre soube da fama da avenida Industrial, por piadas entre amigos ou por comentários de amigas. Voltávamos de um samba, ali próximo, eu e um casal de amigos, amigos mesmo, não estavámos nas terceiras e quartas intenções, o tédio permeava-nos naquela madrugada.


Falamos de sexo o tempo todo, fiz enes perguntas, porque embora ela fosse super hiper mega simpática, estava sendo paga pelo casal e podíamos perguntar de tudo. O casal de amigos se divertia, ao ver a minha cara de sta-pura-envergonhada, riamos sem parar, os quatro. Acabei por mencionar do porquê não gosto de filme pornô, o quanto acho besta, a produção, o diálogo tosco e foco da câmera no órgão genital, nos ditos buracos. É algo tão automático que em nada me deixa excitada. Salva pelo menor número ao ouvir da boca de um profissional do sexo, que a ela também não.


O nome Juliete não é real, inventei para preservá-la, não sei se ainda trabalha ou não na Industrial. Juliete usava um vestido preto extremamente colocado ao corpo, de marcante tinha o buraco no umbigo (aliás que umbigo viu! ) um salto quase 15 de tão gigante, cabelos pretos na metade das costas, boca carnudinha e um perfume que não esqueço, J'adore. Perfume que eu fiz questão de perguntar qual a marca para comprar. Usava até um tempinho atrás.


Engraçado, não tenho fantasias tão extravagantes, talvez essa a mais estranha/esquisita, mas realizei, conversar com um travesti, super gostoso, saber como, quando, porquê estava ali, saber algumas experiências estranhas e falar sobre sexo, cito falar abundantemente sobre sexo e não fazer, resumo, no mínimo o máximo, mas estranho. Trocamos informações, como telefone, porque no final, já tínhamos criado uma certa "amizade" a solidão é evidente, amigos raros, para não dizer quase nenhum. O que existe entre colegas de calçada é cumplicidade para se proteger quanto a intenções de violência; porque quando se trata de clientes, a concorrência é grande. Por consideração a experiência, não mencionei, detalhes de outras experiências e clientes de Juliete.


Não rolou motel, se alguém deseja saber, ela entrou no carro e ficamos conversando, rindo, bebendo e surgiu o convite para ir a casa dela. Mas não aceitamos. Confesso, sexo é um assunto bem interessante, curioso, adoro saber experiências, transtornos, fracassos, situações engraçadas, inusitadas e por aí vai. Minha confissão é esta, a culpa é todinha dessa minha curiosidade terrível. (ela ainda me mata!). Mas foi bem interessante.

segunda-feira, 28 de março de 2011

me cite

Deus não dá asas às cobras porque... sei lá. Esqueci o raio do ditado do Chico Anísio Xavier Buarque de Rolanda. Enfim. Sei que tem um negócio que ela não é esperta, ou não aproveita a oportunidade de alguma coisa. Não me lembro.

Mas, bom, perguntei a frase pro grande oráculo Google, e ele não me respondeu. Perguntei pro Twitter amigo, e me respondeu uma coisa, que não fez o menor sentido. E pro caro Facebook, gerou confusão. Como não sei escrever sobre sexo, espero ao menos divertir vocês.

Enfim, ME CITEM! ;D












(ps: sei que, é, não foi lá um grande post. tenho meus motivos: estou viajando, com a família, espirrando loucamente, com uma crise de rinite lasciva, um artigo de 15 páginas para escrever e lembrei que era dia 28. ou seja, mês que vem volto feliz e cheia de amor para dar. compreendam, vai!)


@tabataaa


agradecimentos: @mariliapoloni / @enricorelli

domingo, 27 de março de 2011

Eu quero sexo!

Hoje vai passar um filme na TV que eu já vi no cinema Êpa!? Mutilaram o filme, cortaram uma cena E só porque aparecia uma coisa que todo mundo conhece E se não cohece ainda vai conhecer E não tem nada de mais Se a gente nasceu com uma vontade que nunca se satisfaz Verdadeiro perigo na mente dos boçais Corri pro quarto, acendi a luz, olhei no espelho, o meu tava lá Ainda bem que eu não tô na TV, senão iam ter que cortar!  (Ui!) Sexo! Como é que eu fico sem sexo! Eu quero sexo! Me dá sexo! Sexo! Como é que eu fico sem sexo! Eu quero sexo!Vem cá sexo!  Bom, vá lá, vai ver que é pelas crianças Mas quem essa besta pensa que é pra decidir? Depois aprende por aí que nem eu aprendi Tão distorcido que é uma sorte eu não ser pervertido Voltei prá sala, vou ver o jornal Quem sabe me deixam ver a situação geral E é eleição, é inflação, corrupção e como tem ladrão e assassino e terrorista e a guerra espacial! Socorro! Sexo! Como é que eu fico sem sexo! Eu quero sexo! Senta Sexo! Solta Sexo!



sábado, 26 de março de 2011

4x0

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PARTE 1

        - Então, é que vai chegar o técnico da tv lá em casa às 9h e eu estou muito bêbado para me manter acordardo. Vocês topam vir comigo? A gente fica lá por casa conversando... se não me engano tenho um vinho...
        O vinho. É um clássico. Se um cara te propõe um vinho pode ficar certa que é uma maneira elegante de propor sexo - se bem que esse discurso anda tão batido que nem sei se ainda sustenta tal nobreza ou se já se perdeu como um eufemismo barato. O que posso dizer é que, neste caso, eu estava já um tanto ébria de substâncias um pouco menos nobres para fazer julgamentos e não sei se aceitei ou neguei o convite verbalmente. Sei que continuei andando em direção ao carro de Sofia que nos levou à casa de Felipe.

        Ele estava encostado num quadrado de cimento que cobre a caixa de energia da cobertura do prédio onde se estendia uma festa desde a meia noite e pouquinho. O sol estava se abrindo e eu não fazia ideia de onde estava Sofia quando o vi ali encostado, com o olhar perdido, fumando sozinho como sempre. Fui lá.
        - Felipe, é Felipe seu nome não é? Você tá sempre sozinho. Onde estão seus amigos, rapaz?
        - Estão todos aqui. Todos esses aí. Só não estou com vontade de conversar com nenhum deles agora.
        Traços finos, estatura mediana, cabelos bem escuros e curtos e pele com aquela pitadinha latina de melanina. Mas calma, ele definitivamente não tinha uma beleza blockbuster. Conversando com Sofia concluímos que ele fazia um tipo filme de arte. Aquele cara que não vai ser fácil, vai discursar por entrelinhas e, quando finalmente você conseguir lhe arrancar algum conteúdo, vai falar de John Coltraine e Dostoievisk e vai soltando, displicentemente, filosofias de efeito enquanto, vez ou outra, te lança curtos olhares misteriosos. Acho que ele treina de frente ao espelho. 
        Apesar do fora, fiquei por ali mesmo. Eu não tinha mais nada para fazer.
        - Você me dá um cigarro?

        Quando Sofia finalmente apareceu, com aquela cara de "Por onde você andou?!" ainda estávamos ali parados, fumando os primeiros. Zero provocações.
        - Oi Felipe, tudo bom?
        Sofia já tinha ficado com ele alguma vez, em algum lugar, com algum nível alcóolico, esse tipo de coisa. Mas, dessa vez, ela estava bem sóbria.
        - Por onde andavas, menina?! Procurei tudo!
        - Tava por aqui. Por alí. Ah, sei não.
        Como esse início de conversa virou um virtuoso papo sobre instrumentos músicais, histórias da infância, gostos e desgostos, sempre borrifado por uma boa ironia intrínseca aos três interlocutores, não sei. Sei que quando concluímos que já era hora de ir para casa, perguntamos a Felipe onde ele morava e se queria uma carona.
        Foi no caminho para o carro que ele fez o convite. Então já estavamos os três abraçados, como amigos de longa data. Na hora vi Sofia me olhar interrogativa. Continuamos andando.

        O apartamento de Felipe era pequeno, claro e muito bem organizado. Enquanto ele foi buscar o vinho nos deparamos com uma imprensadíssima estante carregada de... Dostoievisks. Além de brasilidades clássicas, Machado, Euclides da Cunha, e alguma dramaturgia. Uma das paredes da sala ostentava uma gravura de Miles Davis. No ipod, ligado ao som, algo como Radiohead, Portishead, que deve ter sido o que a gente ficou ouvindo. Ele nos mostrou a casa, eu disse que estava pensando em comprar um apartamento, Sofia disse que o dinheiro que tinha guardado longos anos para isso acabou virando um carro mesmo, nos alojamos na varanda, Sofia na rede, eu num banquinho encostado na parede, ele numa das cadeiras retirada da pequena mesa de jantar, de frente pra gente. O clima era leve, a varanda dava para uma vista quase descampada de edifícios, uma rua bem arborizada, o amanhecer em slowmotion, a gente conversando sobre coisas da vida, uma ou outra coisa mais íntima, relacionamentos antigos, ambições, temores, o vinho era bom... até que ele começou a falar de Dostoievisk, e de como amava a narrativa de Euclides da Cunha, e que andava estudando Becket, e a nos lançar curtos olhares misteriosos, e eu provavelmente devo ter puxado o olhar ao redor, espiando se não havia nenhum Bertolucci dirigindo enquadramentos ou ensaiando o próximo "Corta! Cena 2: Cozinha".

        Fato é que eu estava morrendo de fome. Na geladeira só encontramos uns pães de queijo congelados, desembalados aos perdões dele por não ter feito compras e etc. Por trás da arrogância inicial ele era bastante educado e gentil. 
        Sofia pediu para ir ao banheiro. Felipe, entre a sequência panela e forno, e sem hesitar muito, me beijou. Quando Sofia voltou, eu fui ao banheiro. E quando eu voltei, Felipe também não tinha hesitado em relação a ela. Fui para sala e ele, sem me deixar brechas para elocubrações, me puxou a cintura e me beijou de novo. E Sofia apareceu. E, bom, ele teve que beijar ela também. E ficamos na sala, eu e Sofia mantendo uma conversa telepática sobre pão de queijo ou hora de ir embora e Felipe se esforçando deveras para dar conta de nós duas. Uns cinco minutos depois havíamos decidido: hora de ir embora.
        - Como assim? Mas e o pão de queijo? E o técnico da tv? Como assim vocês já vão!? Assim, tipo, já?!
        Como eu disse no início, não existe vinhos sem segundas intenções. Fomos embora antes que qualquer coisa se configurasse em qualquer outra coisa, afinal a sóbria Sofia andava com o coração um pouco enrolado demais para esse tipo de aventura.



PARTE 2

        No hall do prédio, Sofia precisou me abrir um pouco esse coração. Ela não sabia o que fazer, se isso que tinha acabado de acontecer era errado ou não, se ela estava num relacionamento ou não, e se ele descobriria isso tudo ou não, e ela queria muito que esses "ou nãos" tivessem a leveza baiana de Caetano, mas não tinham. Sentamos e eu também não sabia bem o que dizer, então dizia para ela não pensar muito nisso e deixar pra lá, focar no "daqui pra frente" e foi quando saiu um cara do elevador e falou:
        - Sofia? O que você está fazendo aqui?
        - É... então... a gente tava na casa de um amigo... então... a gente... tá indo pra casa... e, mas porque você está acordado tão cedo? Você mora aqui?!
        - Moro. Estou indo na farmácia. Estou um pouco nervoso porque meu casamento vai ser logo mais às 11h e...
        - 11h?! Casamento?! Você vai casar! Hoje?! Parabéns!!!!
        E foi assim que fomos levar João à farmácia, ele relatando toda a sua história, contando de como seria a cerimônia e convidando a gente, mas ele estava bem abalado. João era amigo de Sofia de faculdade e fazia muito tempo que eles não se viam. Desde essa época ele namorava essa mesma mulher que, em poucas horas, ele a estaria esperando em um altar.
        Quando chegamos de volta ao prédio, ele pediu à Sofia pra gente subir pois ele estava muito nervoso, inseguro com a roupa do casamento, inseguro com tudo, e Sofia, boa que é, disse:
        - Vamos Pam?
        Eu, a essa altura, tinha muita fome, muito alcóol cansado no corpo e já algum sono. Mas tudo bem. Coitado do rapaz. Subimos. Ao chegarmos, eu deu um peteleco na etiqueta e perguntei logo se ele não tinha algo para comer. Ele me deixou com a geladeira e levou Sofia para o quarto. Apartamento, claro, tão pequeno quanto o de Felipe, de lá da cozinha eu escutei qualquer coisa tipo um "não, você é louco? ela também não! o que deu em você? você vai casar daqui a menos de 4h!!!" e eu não acreditei. Saí da cozinha batendo palmas e saltos em direção ao quarto "Sofia, vamos, nessa! Vamos nessa!", peguei Sofia pelo braço,  ela pegou a bolsa e saímos pelas escadas mesmo, sem muita despedida.
        - Ele tentou me agarrar, Pam! Ele vai CASAR, Pam! Daqui a pouco! E tentou me agarrar! E queria te agarrar também! Será possível isso?! Eu conheço a namorada dele, poxa! 
        No começo isso era realmente uma indignação, mas a situação era tão inesperada que em poucos minutos virou sonoras gargalhadas. Naquela hora do hall pensavamos que a noite já tinha dado o que dar. Nem noite era mais fazia tempo. Sentimos pena do pobre João que vai casar desse jeito. E de sua futura esposa. E de Felipe que, bêbado que estava, provavelmente nem lembra  do pão de queijo no forno! Claro que fui eu quem lembrou do pão de queijo. Eu continuava morrendo de fome e naquela geladeira também não tinha nada.
        
        Quando chegamos ao apartamento de Felipe a porta estava aberta e ele tentava se manter acordado sentado no sofá, apoiando cotovelo nas pernas e cabeça nas mãos. Ele se assustou quando nos viu e, sim, ele realmente havia esquecido os pães de queijo no forno. Juro que foram os pães de queijo excessivamente crocantes mais deliciosos que já comi na minha vida.
        Felipe contou que o técnico da tv tinha chegado e tinha saído por qualquer motivo, mas que ia voltar, e ele estava esperando. A gente contou sobre o caso Noivo Nervoso e rimos muito e estavamos os três no sofá e ele mais uma vez, sem hesitação ou brecha e de novo, chegou com tudo e Sofia me olhou interrogativa de novo, acionando uma nova conversa telepática para um hora de ir embora. Felipe, dessa vez, não se assustou, ententeu a pausa e ficou esperando o elevador com a gente, especulando onde poderia ter ido o tal técnico que estava demorando tanto enquanto eu comia meus últimos pãezinhos. 

        Chegando ao térreo, João ligou, atordoadíssimo.
        - Por favor, Sofia, não conta para ninguém. Meu Deus, estou muito nervoso. Você não quer subir?
        Era inacreditável. Sofia o mandou tomar um banho frio e relaxar. Desejou sorte para o casamento e mandou um beijo para Luana, a futura esposa.
        Já no carro, demos uma última olhada para o baixo edifício daquela rua arborizada e aconchegante. Estavam lá, os dois, cada um em sua varanda, acenando uma despedida seja ela embreagada ou neurótica.  
        
        Quando acordei, já em casa, me perguntei como deve ter sido o resto do dia João/Felipe. 
        O João deve ter casado. Deve sim. E ninguém jamais vai desconficar de sua breve insegurança pré-cerimônia. Espera-se, é fato, que ela passe para o bem dele e, principalmente, da noiva.
        Sobre Felipe, ele me ligou há pouco. Disse que acordou às 15h, deitado na rede de algum lugar conhecido, mas que definitivamente não era o seu apartamento e não fazia ideia de como tinha ido parar ali. Sentia uma elevação na testa, além de uma puta dor de cabeça, que provavelmente se configurariam num hematoma no seguir das horas. Os eventualmente ébrios precisam se acostumar com alguns parênteses ocultos na vida. Fazer o quê? 
        Ah, a tv foi instalada com sucesso.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Viva os 35 graus!

O relógio marcava 1h35 da manhã de um 31 de dezembro. O calor passava dos 35 graus. Com a janela escancarada e sentado sobre a máquina de lavar eu mordiscava um sanduíche, quando ela apareceu pela primeira vez. Ela, a moradora da janela em frente. Não, não cabe aqui chamá-la moça, mulher, garota ou rapariga, já que nestas condições tudo o que importa é que ela era a moradora-da-janela-em-frente. Ainda que não se possa morar em uma janela.

Pois ela entrou de repente no quarto, acendendo a luz. Era o último andar do prédio vizinho, a poucos metros de mim e meu pão e, com a janela totalmente aberta, cruzou de uma vez meu campo de visão sem mesmo notar minha expressão de susto. Presumo que voltava de uma festa, pelas roupas. Permaneci estarrecido durante aqueles dois ou três segundos que, na película de um filme, durariam muito mais. Recobrada a consciência, num impulso instintivo e intuitivo, voei até o interruptor e apaguei a luz. Esperei, sem agachar ou me esconder numa posição imoral. Pelo contrário: apagado no escuro, eu aguardava confortavelmente, como numa poltrona de cinema. Generosa, ela reapareceu. Somente com as roupas de baixo. O branco da lycra contrastava com a pele morena. A cintura poeticamente delineada dividia em dois o corpo de proporções áureas: nem grande, nem pequeno. Ideal, somente. Sempre de costas, procurou algo na cama, achou e vestiu: um pijama de seda. Amarelo. Mas por cima da lingerie, que falta de cuidados com o conforto! Depois saiu do quarto. Como deixara a luz acesa, julguei que voltaria para o bis.

Creio que logo se arrependera do show deveras tímido porque, um ou dois minutos mais tarde, voltou. Na minha tela widescreen, de costas, tirou o pijama, sem suspense. E depois o sutiã. E depois tudo. Morena (já disse, eu sei). Analisou uma camiseta, levantando-a com os braços. Não, outra. Deixe-me ver... não, também. Tão feminina. Nesse decide-não-decide, ameaçava, mas não virava de frente. De repente virou-se de lado, de perfil. Caprichosamente, seu umbigo tocava a linha esquerda da janela, de modo que os seios se esconderam nos bastidores de um ponto cego. Alguém que a filmasse nua e depois censurasse colocando mosaicos nas partes íntimas não as delinearia com a mesma precisão com que a janela o fez, irônica. Calmamente, virou-se de costas mais uma vez e finalmente vestiu outro pijama, azul. E apagou a luz. Nem foi até a janela para me dizer boa noite. Mas nem precisava: é como se o tivesse feito, já que começava aí um longo, longo relacionamento.

quinta-feira, 24 de março de 2011

0800

Tocou a campainha por duas, três vezes. Impaciente com a demora deu dois toques fortes na porta. Ouviu um “Já vai!”. E a doce voz, o encantou como sempre. Ela abriu a porta, sem tirar o pega-ladrão. Mas foi o suficiente para ver sua camisola transparente, e seu olhar penetrante.

- Está atrasado!” – disse ela.

- Trânsito! Posso entrar?” – respondeu afobado.

Ao entrar notou a cama bagunçada, e alguns preservativos espalhados na mesa. E isso lhe trouxe uma súbita fúria. Alguém esteve lá antes dele. Enquanto ela se distraía mexendo em sua bolsa, ele procurava traços do visitante indesejado.

- Algum problema? – ela perguntou num tom arrogante.

- Quem estava aqui com você?

- Não é dá sua conta, querido! – com o som abafado entre o gole de um uísque barato.

- Era um homem né? Um homem! Sua piranha!

Ela o fitava num tom desafiador. Com um sorriso no canto dos lábios que o deixava ainda mais nervoso.

- Ele comeu você? Você o chupou? Responde vagabunda!

- Vá se foder! – ela gritou atirando o copo em cima dele.

Foi a gota d’água. Puxou-a pelos cabelos com tanta força, que seus fios louros pareciam nylon sendo içados por um molinete. Ela se debateu quanto pode, nada que dois socos desferidos contra sua face não pudesse interromper. Ele a jogou na cama, rasgou sua pequena camisola e a invadiu com volúpia, enquanto suas mãos apertavam fortemente seu pescoço. Quanto mais forte as estocadas, mais o pescoço era envolvido. Seu êxtase fora rápido, talvez quatro, cinco minutos. O suficiente para deixá-la sem vida. Ele notará com algum espanto, o que tinha acontecido. Porem não havia ali nenhum arrependimento.
Fechou o zíper, arrumou o cabelo. E antes de partir lembrou o motivo de estar ali. Retirou da pequena sacola, duas caixinhas de Lexotan, e pegou da carteira da moça o exato valor dos remédios, mais a gorjeta. Que lhe era merecido.

Conto de Fernando Ferric

quarta-feira, 23 de março de 2011

Velhinho de programa


Idoso charmoso, com lindos olhos meio verdes (cobertos com cataratas), loiro (só dos lados), Atlético (sou torcedor), corpo malhado (pelo Vitiligo) e sarado (das doenças que já tive), um metro e noventa (sendo mais ou menos um de altura e noventa de largura).

Atendo em motéis, residências, elevadores panorâmicos, asilos, UTIs, etc.
Só não atendo em ‘drive-in’ por causa das dores na coluna.

Alegro festa de Bodas de Ouro, convenções, excursões da Terceira Idade e acompanho à visitas ao geriatra. Afiro pressão, aplico injeções, troco fraldas geriátricas e preparo uma deliciosa canja erótica, tudo com o maior charme.

Atendo no atacado e no varejo. Traga suas amigas. Maiores de sessenta e cinco, por força de lei, não pagam, mas só terão direito em horário recomendável para a saúde. Serão concedidos descontos para grupos: Quanto mais nova, maior o desconto.

Por questões de vaidade, não serão permitidas filmagens, pois, no momento, estou precisando operar uma hérnia inguinal, meio anti-estética.

Na cama, dou sempre 03.. 03 opções sexuais para a parceira: Mole, dobrado ou enroladinho...

Como fetiche, posso usar touca de lã, pantufas e cachecóis coloridos.

Outra grande vantagem: Tenho Parkinson o que ajuda muito nas preliminares..

Garanto total discrição, pois o Alzheimer me faz esquecer tudo que fiz na noite anterior.

(Autor desconhecido)

terça-feira, 22 de março de 2011

Dois Tipos de Ménage

Das experiências sexuais que já tive na vida, posso garantir que entendo alguma coisa de ménage. O famoso ménage à trois nunca foi algo com que eu sonhava – ver duas garotas se beijando nunca foi uma das minhas fantasias primordiais e imaginar-me num amasso intenso com uma garota e um cara também não me ocorria com freqüência. Eis então que num momento determinado, eu acabei experimentando tanto um quanto outro: envolvi-me numa mistura com duas garotas e também estive com um casal.

Gostei de ambas as situações, não nego. Ambas me excitaram e me proporcionaram sensações diferentes. Com as duas garotas, eu percebi o charme (e prazer) irrefutável de ver duas garotas se desejando com ardor; com o casal, eu percebi que é bom deixar de lado certos preconceitos e se entregar a algo que lhe seja novo – mesmo que, a princípio, seja estranho o contato com outra barba que não seja a sua. Mas, sobretudo, o que as minhas experiências no ménage me ensinaram é que existem, pelo menos, dois tipos muitos simples de ménage: aquele em que ocorre a catálise e, portanto, necessita de um elemento catalisador, e aquele em que os três corpos são como o fenômeno da combustão.

Pode parecer estranho, mas é simples de entender. Vamos ao primeiro exemplo: o catalisador. Como se sabe, uma determinada reação química aconteceria, de acordo com o conjunto de fatores que caracterizam os elementos postos em contato. O elemento A reagiria com o elemento B, ainda que isso demorasse algum tempo. O acréscimo do elemento C – o catalisador – à somatória faz com que os três reajam juntos a princípio, acelerando a reação entre A e B. O que isso quer dizer, na prática: um terceiro elemento é dispensável e o ménage, ainda que seja a três na prática, torna-se a dois efetivamente. Ana e André se desejam desesperadamente e, em comum, eles têm um amigo, João, que é descontraído o suficiente, mas que, como um todo, não agrada aos dois. Mesmo assim, acabam envolvidos, já que João facilita as coisas, acelerando o processo de contato, abreviando as esperas potenciais que existiriam, mas, tal qual o catalisador da reação química, ele age no começo, mas depois de dissipada sua finalidade primeira na reação, ele para de fazer efeito, de modo que a tensão sexual fica apenas entre Ana e André. Vale lembrar que o elemento catalisador é dispensável numa reação química: ela aconteceria eventualmente sem o auxílio dele.

Há também o segundo caso, que é aquele que comparo ao fenômeno da combustão. Como é sabido, são necessários irrevogavelmente três elementos para que o ato de queimar aconteça: o comburente, o combustível e o calor. Na ausência de um desses elementos, a combustão não acontece. Desse modo, pode-se dizer que Ana, André e João estão em perfeita sintonia e que os três nutrem os mesmos desejos (ou desejos muito próximos) uns pelos outros. Numa relação, nenhum teria função de enfeite, nenhum seria preterido ao outro, os três funcionariam juntos e em nenhum momento alguma dessas pessoas se sentiria “menos desejada” ou “posta de lado”, como facilmente poderia acontecer no caso comentado acima.

Por experiência, eu poderia dizer que o melhor ménage é o que se assimila à combustão. Nele, é evidente a sintonia e a predisposição de todos os membros a envolver-se com os outros, numa sóbria comunhão de desejos. Feliz ou infelizmente, não sei, penso já ter participado como elemento catalisador e como elemento fundamental. Quanto a isso, só posso dizer que o melhor a fazer é estar numa combustão viva – que é aquela que sai fogo! A outra não eleva muito, ainda que garante alguma experiência nova

sábado, 19 de março de 2011

É foda

E aí que minha filha acordou seis vezes essa noite e agora está dando um piti sem precedentes por causa do vídeo de um husky siberiano que "fala". Sexo é bom, eu gosto (quem não gosta?), mas vamos combinar que as conseqüências podem ser devastadoras.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Se você transasse

Não mataria seus pais.
Não gravaria um (esse!) cd gospel.
Não gritaria com seu filho.
Assinaria o protocolo de kyoto.
Torceria pela paz mundial.
O Palmeiras seria campeão.
A Líbia seria livre.
A fimose estouraria.
Os Los Hermanos voltariam.
Não atrasaria.
Não escreveria tamanha porcaria.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Foi quando eu soube


Eu tinha, sei lá, uns 9, 10 anos. O telefone tocou, era para meu pai, ele estava no quarto, achei que era importante, abri a porta com tudo e sob saraivadas de gritos fechei de novo. Fiquei assustada, esperando a surra. Não vi quase nada nos três segundos de porta semiaberta. Meu pai e minha mãe na cama, meio embolados. Depois minha mãe disse que meu pai tinha ficado chateado, eu tinha aberto a porta e ele estava trocando de roupa. Fiquei meio ressabiada, mas prometi que sempre bateria na porta antes de entrar. Só um tempo mais tarde que soube o quão importante é uma fechadura para um casal, que meu pai não troca de roupa deitado na cama, que em alguns momentos ligações podem esperar, e que eu era uma legítima empata-foda.

quarta-feira, 16 de março de 2011

As primeiras vezes

A primeira vez foi num inverno. Não com uma puta paga, mas com uma moça com o dobro da minha idade. Adorei o perfume e o calor de sua vagina, pena que foi algo tão rápido.  Queria gozar e pronto.
 
A primeira vez que fiz no carro foi num drive in, queria chupá-la mais não encontrava posição, então ela veio por cima. Ela ficou com a perna roxa, devido o atrito com o banco do carro.
 
A primeira vez que fiz no motel, tivemos que adotar a prática do coito interrompido. Nunca gostei de camisinha, me aperta demais e aquela sensitive é uma merda. Arranquei e tive que me controlar. Esporrei na perna dela.
 
A primeira vez que fiz em casa, tivemos que nos apressar, logo depois do clímax, os meus pais chegaram. Parecia combinado, acho que eles perceberam, afinal o cheiro de safadeza estava ainda no ar.
 
A primeira vez que fiz com uma amiga, combinamos de conversar num motel. Acredito que não conversamos nem 140 caracteres. Tentamos retomar a conversa, todavia, o cabeçudo debaixo foi pra cima e rompeu com louvor a resistência hipócrita que tentara frear o óbvio.
 
A primeira vez que fui até o final na boca, passava futebol na TV.
 
A primeira vez que foi noutro oríficio, foi bom, apesar do sofrimento dela.
 
A primeira vez com você foi vigorosa, inesquecível. Confesso que nem toda noite, procuro repetir a deliciosa sensação que o gozo proporciona.

terça-feira, 15 de março de 2011

Sem n(s)exo

"Sexo regular ajuda a ter boa memória", li em algum lugar. 

Bem que eu notei que nos últimos meses a minha memória tem enfraquecido. Deveria usar esse tal de sexo. Mas será que é um chá da moda ou uma nova modalidade esportiva? Vou jogar no Google. Sexo. Pesquisa. Nossa, quanta foto de gente pelada, em posições estranhas! "Segure seu parceiro com sexo", "aflore sua sexualidade", "Sexo a três", "sexo pago", "de frente, de quatro, de pé"... é, deve ser um esporte mesmo. Um esporte nudista. Não gosto de ficar pelada em público, mas... ham... o que eu estava falando mesmo? ... hmmm... nossa, eu ando com a memória péssima, já te contei? Pois é. E e eu li em algum lugar que tem um esporte nudista muito bom para isso, foi por isso que liguei na academia ontem e disse para a recepcionista que eu queria uma aula de sexo. Ela se ofendeu e disse para eu ir à merda e procurar um terapeuta. Não entendi, nem fui à merda, mas liguei para um terapeuta e contei todo o caso. No começo ele achou que fosse trote, mas deve ter entendido que o meu caso era grave, pois ficou assustado com a minha situação e marcou uma sessão de regressão com urgência. Em todo caso, a sessão é só amanhã às 15h... ou seria às 17h? Não me recordo. 

Mas enquanto a hora da terapia não chega, alguém aí tem um pouquinho de sexo, para ajudar com a minha memória?

segunda-feira, 14 de março de 2011

Nojo

O que ele mais tinha nojo era das camisinhas jogadas pelo chão. Caralho, custava colocar no lixo? Rico é foda, ta nem aí pra ninguém, não deve nem pensar que alguém vai limpar a sujeira depois que ele sair, mas se chegasse e visse alguma coisa suja ia ter um chilique. Duas vezes tinha encontrado uma camisinha atirada na parede, grudada. A porra feito cola. Pra que isso, me diz? Não é possível que numa manobra o negócio tenha voado do pau do sujeito direto pra parede...
O fato dele trabalhar de luva e máscara não ajudava muito a diminuir o nojo. As outras moças não reclamavam muito, só davam risada das coisas que encontravam às vezes – um vibrador esquecido, as calcinhas do tamanho de uma linha de costura, as cuecas do tamanho de uma linha de costura, KY. Só tinham nojo de sangue, ele é que sempre acabava tirando lençol sujo de sangue – coisa rápida – tira o lençol, joga no cesto, coloca lençol novo. Toalha, roupão, chinelo, sabonete, pente, camisinha, bala de hortelã, chocolate, óleo pra massagem. Rico é tudo cheio de frescura.
Quando começou a trabalhar, as moças acharam graça, nunca tinham visto homem faxineiro, ainda mais num motel. Acho que ficaram com vergonha, mas ele nunca fazia nenhuma gracinha com elas, homem casado que era - não fazia nem quatro anos. Uma semana trabalhando começou a ficar com nojo de sexo, daquele cheiro de sexo por todo lado, queria desinfetar cada quarto inteiro toda vez que tinha que limpar, mas não dava tempo. Tira o lençol, joga no cesto, coloca lençol novo. Queria tacar fogo naqueles lençóis, tacar fogo naqueles colchões, nas banheiras. Mas não dava tempo. Agora só fazia sexo depois que os dois tivessem tomado banho. E tomava banho de novo depois. Tentava pensar o menos possível em sexo, começou a sonhar com enfermeiras, transando com elas num hospital limpo, impecável, todo branco.
Com cheiro de lavanda.

domingo, 13 de março de 2011

jardins do mistério

dizem que aqui o porteiro espia
as garotas no banho

e as garotas no banho precisam
checar quantas vezes for necessário
o estranho espaço transparente numa das janelas
basculantes do banheiro
na expectativa do porteiro
não
estar olhando

o jardim lá fora
se parece tanto com o jardim do colégio de freiras
onde uma delas enterrada
nunca mais tomaria banho e viraria
às vezes mais
às vezes menos
cenário de fotografia
nunca visto pelo porteiro

sexta-feira, 11 de março de 2011

Ficha técnica

Filomena, colorada, vinte e quatro anos, desceu as escadas na madrugada depois de ter ganho da retranca são paulina, com cãimbras no pé. Entrou no carro. Ganhou uma garrafa de vinho pra segurar. Foram. Continuou com cãimbras.

Ele, colorado não praticante, não sabe de retranca nem de emoção futebolística, mas deu parabéns a ela pela vitória depois de brigarem um pouquinho, e ele se render ao que ela queria. E ela queria uma cama balançando, com ele.

Chegaram. Dvd's musicais. Charutos. Móveis mudados de lugar. Cama, cobertas, taça. Taças temos todas. O beijo podia esperar, porque se acontece, ficam sem roupa. Conversaram. Cheirou o pescoço dela. Cinco minutos e ele continuava a cheirar o pescoço. Afeto em forma de abraço. Beijaram musicando de pé, de quatro, de bruços, dear & bella putinha delicada, meias no talo das coxas, bunda empinada, coxas encoxadas,  goles de uísque intercalando com uns d'agua.

Na hora os dois pensam o quanto o mundo e os outros são um nojo, e eles eram eles, com secreções sexuais que até o cheiro agradava. E não adiantava ele fingir que só fingia ter afeto, o sexo e o vento carregando as chamas e as cinzas vermelhas de amor, estampavam a testa do baixinho e da dear & bella.

Exausta e com os cabelos suados, deitou. Ele a segurou forte. Ficaram uma hora dormindo com a pressão do impagável bem estar, que culmina em afeto, e após, em pavor. Ela solta os braços dele para um bom sono e dorme de bruços. Sonhou, dormiu bem. Acordou. Chamou pelo nome dele, e a mesma frase de sempre “Hora de acordar...”. E agora ele pensava na relação - sexo tarde da noite - poucas horas de sono, não ser tão benéfica assim. 06:59am. Cedo demais. Ele leva Filomena em casa. Bye, bye. Te cuida colorado não praticante, amor sexual da Filomena.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Ponto G

Arranjei um namorado e por isso não tenho tempo de escrever sobre o tema do mês.
 
Mas, caso você more no triângulo Higienópolis-Pacaembu-Santa Cecília, você já deve ter me ouvido gritar a respeito.

terça-feira, 8 de março de 2011

Bolos, brigadeiros e helicopteros - texto de Carol Campregher

Eu gosto de falar de sexo. Inclusive, sexo é um dos meus assuntos preferidos. Outro dia mesmo, fiquei lá, horas conversando com meus amigos. E olha que era festa de família, vovós e crianças presentes.
Em meio de balões e brigadeiros soube que meu amigo gosta de usar o kamasutra para não cair na rotina. Abrem o livro em uma página qualquer e a posição que sair eles fazem.
Entre várias que ele citou, destaque para a tal "helicóptero". Diz ser tão ridícula que mal conseguiu dar duas voltas sem cair no riso. E corta para o parabéns pra você. Assim tiramos o constranguimento da namorada de olhos arregalados. E depois seguimos falando, falando.

Mas falar, falar é simples. É farra. Escrever sobre sexo é outra coisa. Pensei em várias coisas para publicar aqui, mas a maioria das palavras eu nem sequer ousei escrever um dia. É, eu não consigo ir além desse mini-post.
Puritana? Eu? Sem chances. Mas taí a diferença entre ficar pelado e pousar para a Playboy.


Curioso? Clique aqui

domingo, 6 de março de 2011

Mas o que será?

    Antonio saiu do trabalho angustiado, tinha acabado de receber uma ligação da esposa dizendo que precisava falar com ele urgente e não podia ser pelo telefone. A volta para casa virou um martirio então para Antonio, que remoia em sua cabeça o que podia ser o assunto que sua esposa queria tanto lhe dizer. Terá ela lhe traído? Estará ela grávida? Qual das opções é pior no momento? Antonio resolveu passar em um bar antes, achava que beber antes podia ser uma espécie de anestesia pelo o que poderia vir. 
     No bar vendo mensagens antigas em seu celular, Antonio começou a perceber como ele quase não usa esse artificio, a ultima mensagem enviada a sua esposa era de um mês atrás, perguntando se havia janta em casa ou se era melhor ele comer na rua. Estará ele dando pouca atenção a sua esposa? Outra coisa que lhe chamou a atenção é que, as outras mensagens eram ou do trabalho ou propagandas, começou a bater o desespero, Antonio se via sozinho no mundo caso sua esposa o largasse.
     Bom, pelo menos ela não o trocaria por um amigo seu, seria menos doloroso, pensou Antonio. Já sua esposa tinha muitos amigos. E amigas...Antonio começou a lembrar de suas várias amigas e como algumas delas eram lindas, inclusive provocando fantasias nele. Epa! Terá sua esposa virado lésbica? Aliás, será que  ela sempre "curtia suas amigas" e ele nunca tinha percebido? Ou pior, ela virou gay por sua causa?  Terá ele sido tão ruim ou as amigas de sua esposa que eram muito boas?
      Depois de duas horas se torturando, Antonio resolveu voltar para casa, estava decidido, não importava o que acontecesse ele iria enfrentar a situação como um sujeito homem e corajoso que ele era (mesmo com sua masculinidade agora abalada), saiu do bar na chuva, caminhou rapidamente pelas ruas esburacadas e abriu a porta de casa com arrojo, sua esposa já o esperava e, sentada no sofá disse:





















me desculpem, não pude terminar este texto, estava fazendo sexo.

sexta-feira, 4 de março de 2011

SAFADO

no carnaval das tuas
duas
pernas
quero estar
no meio.

na nau louca
do seu leito
tubarões e travesseiros
ondas
pra surfar
espuma
e beijo.

na bomba relógio
do teu abraço
não sobra
ninguém
inteiro.

(dentro
e satisfeito).

Mulher,
desce desse andaime,
porque, cá embaixo,
a vida é real
- e o pau come de verdade.

Tô te esperando...

quinta-feira, 3 de março de 2011

Esse tal de rock and roll

É só sexo, eu dizia. Não, é carência, ela respondia. E ficamos nessa discussão na mesa do bar. Como se ela soubesse o que se passava dentro de mim, o que rolava comigo e com ele. Carola dos carambas, eu pensava. Acabou que não era só sexo. Mas carência? Claro que não! Será?

Como saber quando é tesão, quando é carência, quando é puro tédio? De fato é difícil saber o que tem por trás dos relacionamentos humanos, com tantos sentimentos, intenções, pensamentos, encontros, desencontros, e, claro, fornicações.

Esses dias eu estava andando pela calçada quando ouvi um barulho de asas batendo, freneticamente. Olhei para cima. Dois passarinhos, um por cima do outro, batiam as asas, o passarinho (ou passarinha) de baixo voava pro outro galho, o outro ia atrás, aquela coisa toda. Inclusive, muito interessante a técnica da passarinha de se fazer fugir, mas na verdade ficar sempre ali, no galho mais próximo, bem ao alcance.

Fiquei lá olhando aquelas asas pra cá, asas pra lá, e fiquei pensando: que coisa louca é essa, né? Foi ai que eu me lembrei de um dos meus gatos, o Pretinho.

Na verdade ele não é meu gato. Eu não o comprei, não escolhi, não fui buscar de uma ninhada qualquer. O Pretinho simplesmente brotou lá em casa. Literalmente. Não existe outra explicação. Como um gato do tamanho de uma mão, que mal consegue andar, surge no meu quintal, com muros altos? Ele brotou. Sério. Como tomates. E foi ficando, cresceu medroso, arisco, e de broto virou um agregado.

Tadinho do Pretinho, tão magrinho, tão medrosinho, tão coitadinho, tudo inho. Até que um dia, minha filha, Pretinho, que não foi castrado como os outros, virou adulto. Assim, de um dia pra outro. Dormiu filhote e amanheceu macho. Agora Pretinho não apanha mais, não pede mais comida, não fica mais acanhado pelos cantos. Pretinho passa dias e dias sumido, nas ruas, nos telhados, nos terrenos baldios, namorando, vadiando. Comer pra quê? Dormir pra quê? Isso, meu amigo, isso é sexo.

terça-feira, 1 de março de 2011

Este não é um conto erótico

eu tinha certeza de que não seria o mesmo depois de ter saído pela porta daquele apartamento enorme e sujo da rua augusta. o cheiro de café da manhã, a tostadeira ligada, os pêlos dos gatos no sofá e toda aquela roupa jogada no chão me causou um certo enjoo quando atravessei a recepção e ouvi um bom dia safado do porteiro.

talvez não deveria ter aceitado o primeiro convite, uma espécie de brincadeira, fetiche, não sei, mas na hora não vi problemas em sair com alguém por dinheiro. claro que eu não precisava, mas a sensação de estar fazendo algo proibido, entre todas as coisas proibidas que eu vinha fazendo, só aumentava a vontade.

mas aquela vez (a primeira e última) foi estranha. primeiro, uma troca de mensagens diretas numa destas redes sociais por aí. depois, a troca de emails, msn, sms, cel. o almoço nos dias seguintes e depois o jantar e aquela festa familiar num tal sítio. até aí nada aconteceu, mas estava óbvio que havia algo no ar. quanto mais eu achava aquilo normal (um passeio com amigos, qual o problema?), mais ele pensava que eu queria algo a mais. e eu, naquela ingenuidade que me é notável, fingia que nada acontecia.

até que veio a proposta: quanto você quer?

como assim quanto eu quero? ué, quanto você quer pra gente ficar o dia todo junto, eu faço tudo o que você quiser. nunca cobrei por uma coisa que eu faria de graça sem problema algum, desde que houvesse o mínimo interesse comum, eu disse, mas já que você está sugerindo, quanto você costuma pagar? eu pago 400 reais por uma mulher. 700 se ela for muito exigente e até 1.000, talvez, dependendo da fantasia que ela vai satisfazer.

e de repente a risada, seguida de culpa, seguida de alguma coisa que não sei o que é. era o começo de uma vida de prostituição? logo eu, tão sério, inteligente, nerd. 600 reais por uma hora, eu falei. ok, ele falou.

no carro, o disco do caetano. a música, aquela que eu não queria ouvir:

"Talvez haja entre nós o mais total interdito
Mas você é bonito o bastante
Complexo o bastante
Bom o bastante
Pra tornar-se ao menos por um instante
O amante do amante
Que antes de te conhecer
Eu não cheguei a ser

Eu sou um velho
Mas somos dois meninos
Nossos destinos são mutuamente interessantes
Um instante, alguns instantes

O grande espelho
E aí a minha vida ia fazer mais sentido
E a sua talvez mais que a minha,
Talvez bem mais que a minha
Os livros, filmes, filhos ganhariam colorido
Se um dia afinal
eu chegasse a ver que você vinha"

daí foi só fazer o que já estava acostumado, só que com uma diferença. cada minuto com aquele senhor casado, pai de 3 filhos, avô de um neto e pastor da igreja custava 10 reais. não que eu estava preocupado com o dinheiro, que ele deixou sobre o criado mudo como diz o figurino, mas porque eu, que sempre tive medo do amor e fugi dele, me deixei levar pelo prazer de ser usado como um objeto.

e eu tinha certeza de que não seria o mesmo depois de ter saído pela porta daquele apartamento enorme e sujo da rua augusta.

este não é um conto erótico, mas poderia ser. é só um aperitivo pra você que gosta de boas histórias (muito melhores que esta, garanto). então te convido a passar por aqui durante o mês de março, em que o blog se dedica ao sexo. enjoy...

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