Às vezes custo em acreditar. E fico
naqueles: é isso mesmo? O golpe aconteceu de verdade? Não, não pode ser. Em algum
momento devo acordar e de repente alguém vai dizer que é mentira. Foi pesadelo.
Não é que fosse fã incondicional da
suposta democracia, menos ainda que creditasse tanta veracidade, compromisso,
honra, justiça e equidade nas instituições. Mas admito que tenha demorado a
crer na articulação descarada e desmedida de atores políticos aliados a
condição de classe social mais que abastada para concretizar outro golpe
nos trabalhadores.
Sim. Chegarão 2050 e vou continuar a
dizer que no ano de 2016 foi golpe. Golpe nos trabalhadores. Golpe para retirar
os direitos sociais. Golpe para suprimir os direitos trabalhistas. Golpe e mais
golpe...
Escrever sobre eleições neste momento
me causa um desconforto horrível. Falar sobre votos nem se fala. Não
tiro a razão de quem não queira votar. Não justifico em hipótese alguma o
quanto seria prejudicial anular ou deixar em branco.
Neste domingo fazer qualquer coisa é
mais interessante, importante e verdadeiro do que votar. Talvez em algum
momento da vida, faça (de novo) o mesmo.
Mas não será agora.
Não será neste domingo que votarei
nulo, branco ou simplesmente irei vazar do mundo para qualquer canto. Não será
desta vez que deixarei de escutar aquele trililim, trililim da maldita. Não
será neste domingo que não gastarei as 18 pilas que não tenho para pagar a
passagem.
Não será.
Não será.
Então, se já decidiu que não vai
votar, sugiro parar a leitura agora.
Volte aos afazeres de minutos antes.
E sem problemas e rancor tá. Até sugiro que apareça no próximo mês ok?
Agora se vai votar e está em dúvida,
não tem candidato, não sabe quem é quem, ou quer apenas um número decente para
apertar o maldito botão. Então venha se aconchegue ai.
O papo é breve e ligeiro nos
parâmetros para votar.
Assisti alguns debates para
prefeitura. Começou antidemocrático e
terminou na tentativa de ser demo-crático.
A estratégia de atacar e
contra-atacar uns aos outros por ausência de propostas condizentes com a
realidade foi basicamente unânime. Exceto quem já dispunha de experiência do
cargo e, portanto tinha alguma noção básica de que não é pertinente e
respeitoso prometer o impossível.
Do resto, nenhuma novidade.
No que diz respeito às propostas
nenhuma agradou. Seria mais leal da parte de muitos dizerem: olha não vou fazer
nada, ou assumir vou apenas equilibrar o orçamento. Só isso, nada mais.
Talvez se dissessem: São Paulo é um
caos – Babilônia - um inferno prestes a explodir e, portanto não farei
milagres, vou apenas me atentar para que alguma coisa funcione, juro que
acreditaria.
Daí mediante debates, propagandas,
pesquisas da Folha muito bem encomendadas
pela Globo Golpista, escuta de conversas nas filas e santinhos nas ruas a conjuntura
demonstra o seguinte resultado:
Primeiro lugar: candidato que propõe
o cartão com chip na saúde.
Ora se nem as financeiras dizem
dispor de tal tecnologia – cartão com chip – para maioria dos usuários quem
dirá os órgãos públicos. Deveria experimentar agendar uma consulta e ver a cara
de desespero do auxiliar administrativo quando o sistema cai. Precisava ainda
ver a nossa cara quando eles dizem:
-Senhora não tem mais vaga, vai ficar
para fila de espera.
-Mas você disse que tinha para tal
dia???
-Pois é senhora, mas o sistema caiu. Na
espera para voltar a funcionar a vaga foi preenchida.
Segundo lugar: o candidato que propõe
parceria. A palavra chave é parceria. Podia jurar que tinha escutado errado.
Afinal isto o SUS, SUAS, SINASE, SEGURANÇA já propõem né. Parceria entre os
poderes, ou seja, União, Estados e Municípios, senão acontece esta tal parceria
entre governo do estado e prefeitura trata-se somente do desrespeito as políticas
públicas, ausência de diálogo intersetorial (o que é grave!). Não tem nada a
ver com ausência de proposta quando já tem a política pública.
Os demais candidatos não irão para o
segundo turno pelo óbvio. Seja pela margem enorme de diferenças ou por motivos relevantes para o convencimento desta realidade.
Os dois candidatos:
Um candidato é atual prefeito e está aliado ao
partido considerado o único corrupto da história do país. A desgraça do
marketing está tão articulada no jornalismo que noutro dia fiquei horrorizada
numa reportagem. Estavam tratando de corrupção na cidade de São Paulo com
Odebrecht, só consegui identificar que se tratava do governo do Estado, no
final da matéria quando foi citado o metrô.
O outro candidato é da segurança pública. Pouco
propôs e atacou muito o governador do Estado. Aqui se sabe que quem o faz nunca
é levado a sério.
As duas candidatas:
Trata-se de mulheres. Neste caso,
eliminou-se 50% de chance na disputa, tendo em vista que a presidente (a) foi
considerada a maior incompetente política de todos os tempos.
A candidata do vai e volta
(de cargos públicos, partidos e políticas quando convém ela é de esquerda, quando não é "neutra" ), perdeu considerável atenção do
eleitorado por ter ido para o partido articulador da manobra golpista. Mas se
reconhece que sabe se colocar no debate.
Já a outra candidata com experiência no cargo
noutros tempos teve boas colocações, poucas propostas, mas é de esquerda.
Considerada ultrapassada pela condição de idosa, o que não considero um problema
tendo em vista que caquéticos, geriátricos e dinossauros “neutros” estão na
política há séculos errando e destruindo o sentido de qualquer função pública e
política do país. Sendo, o problema não é ser idoso (a), mas ser de esquerda.
Assim, o que nos resta?
Respeitar quem não queira votar.
E pensar na base.
Refletir sobre a base.
Entender que foi justamente uma base
comprada e corrompida, composta majoritariamente por caquéticos “neutros” e se
dizendo preocupados com o bem do país(ou com quem dá mais) que autorizou a
farsa de golpe como impeachment.
Penso que quando a base estiver colorida, com
indígenas e mais da metade com negros (as), encrespada, alisada, encaracolada,
com salto alto e baixo, com ares mais feministas do que feminina ai sim temos
alguma aparente democracia. E se mesmo assim continuarmos nesta perspectiva
fascista e golpista será mais evidente o toque para esquerda anular toda ação
através do voto.
E falando em base.
Quem é o Douglas?
Posso dizer que o vi muitas vezes discursando sobre o movimento negro ou sobre a situação do negro no país, mais precisamente na cidade de São Paulo.
Posso dizer que o vi muitas vezes discursando sobre o movimento negro ou sobre a situação do negro no país, mais precisamente na cidade de São Paulo.
Tão comum quanto, é vê-lo falando
sobre educação. Mais importante ainda, atuante na educação através dos
cursinhos comunitários.
É quase natural vê-lo em alguns
locais como: congressos, palestras, seminários, atos, manifestação, cursinhos,
organizações ou qualquer ajuntamento para debater temas sobre juventude,
racismo, política, genocídio, educação, política pública...
Sempre acessível procura conversar
com quem encontra nos atos. Tem basicamente os mesmos trejeitos com todos.
Por que o Douglas?
Basicamente defende ideias e ideais progressistas. O Douglas está sempre numa direção, à esquerda. Também conhece a realidade social daqueles que de fato encontram-se vulneráveis. Não é visitante destes locais é morador e convive com esta realidade cotidianamente.
Basicamente defende ideias e ideais progressistas. O Douglas está sempre numa direção, à esquerda. Também conhece a realidade social daqueles que de fato encontram-se vulneráveis. Não é visitante destes locais é morador e convive com esta realidade cotidianamente.
O que o Douglas tem de diferente?
De nós?
Nada.
Ele é mais um na fila do pão.
Também é mais um dentre milhares na
fila dos terminais de metrô/trem ou ponto de ônibus das cidades.
Reflexão na base, segue o número: 50075