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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Escrevo como cozinho



Acrescento palavras ao verso
como alimentos ao caldeirão
provo, mastigo, rumino, peço
que nenhum tempero seja vão

Em fogo baixo, a palavra amansa
desata tramas, pousa macia
em fogo alto, a palavra avança
acende chamas, voa na via

E se ouso não lhes ser zeloso
a vingança é certa, sei bem
Engasgado e não saboroso

O poema e o almoço vêm
Mas se em ambos for cuidadoso
sempre mato a fome de alguém


quinta-feira, 22 de março de 2012

Um post no sentido figurado

Sempre quis começar um texto exatamente assim. De forma metalinguística.

A caneta feriria o papel branco e de suas veias sangrariam metáforas milagrosas.

O zig-zag do lápis sobre o papel conceberia curiosos efeitos onomatopeicos.

A folha branca, morrendo de cócegas pelo contato com o grafite, me suplicaria por interromper a frase no meio da angustiante prosopopeia!

As aliterações deleitariam da forma mais literal...

Meus paradoxos seriam alegres e bonitos justamente pela tristeza e feiura a que aludiriam.

Os eufemismos calariam palavras difamatórias que por qualquer deslize pudessem escapar de minhas mãos.

Até mesmo os pleonasmos entrariam pra dentro de meu texto, ainda que isso pudesse desagradar os fieis defensores da pureza da língua.

Sempre quis terminar um texto com uma exclamação! Ou melhor seria terminar com uma interrogação? Bom, diante de tal indecisão, de tantas possibilidades que se apresentam, talvez fosse mais prudente um desfecho mais reticente...