-Quero saber o que significam essas mensagens no seu celular?
-Você olhou o meu celular?!?
-Olhei! Olhei, pronto! E não gostei do que vi!
-Mas como você ousa...
-Não fuja, não mude o foco. O que são essas mensagens de encontro, de amores? Hein? Eu já deveria saber. Afinal de contas, quando eu te conheci você estava namorando outro. E eu que disse para mim mesmo que nunca seria motivo de final de relacionamento dos outros. Acabei sendo. Só não esperava que isso acontecesse comigo também.
-Lá vem você com essa história!
-É, venho mesmo. Venho, porque essa história é como um fantasma que me assombra todas as noites quando você chega tarde, quando não me atende. Fico pensando que você está com outro. A verdade... a verdade... quer saber? A verdade é que eu amo você, mas não confio em você. Pronto, falei!
-Como você pode dizer isso? Dizer que me ama e não confia? Então isso não é amor.
-Tá aí. Você tem razão isso não é amor. Isso é doença. Sim, só pode ser uma doença. Eu te amar desse jeito. Eu continuar te amando mesmo sabendo de tudo isso, mesmo percebendo que você não é o mesmo de antes. Gostou, não foi? Gostou porque eu disse que isso é “doença”? Pois bem, saiba que para mim essa doença é amor. E isso é minha maneira de te amar. Não sei me dar de outra forma. Não sei me envolver com duas pessoas, feito você. Só sei ser inteiro e me doar por completo.
-Lá vem você com sua psicologia barata de banca de revista!
-Seja lá o que for, foi a forma que te amou durante esse tempo todo. E você não soube aproveitá-la. Ou melhor, você até soube fazer isso muito bem. Você se aproveitou de mim.
-Pronto, agora é a vítima do 11 de setembro.
-O que me dói é essa sua ironia, essa... essa... essa sua hipocrisia...
-E você é o dono da verdade. Pois quer saber? Saí com outro. Dormir com ele sim. Porque eu cansei de ser cobrado, exigido, vigiado. Eu queria o seu amor não a sua vigilância cega e doentia.
-Pronto. Agora eu sou o errado da história...
-Não to dizendo que você é o errado da história. Só quero deixar claro que antes de você me acusar de errado, você olhe para o seu umbigo e veja que também você tem erros. Veja também que nem eu nem você somos perfeitos. E entenda de uma vez por todas que se eu te escolhi no lugar do meu ex- é porque eu te amava e te amo. E esse amor não pede perfeição ou idealismo. Pede apenas respeito, compreensão, presença, diálogo. Coisas que entre nós foi se acabando a cada dia. Quando você escolhia o seu trabalho, seus estudos em detrimento de mim. Pois bem, a carência me fez colocar outro no seu lugar. Coloquei, não nego. Bom? Foi! Mas a grande questão não é saber se foi bom ou não. Porque o amor está acima dessa moral de ser certo ou errado, bom ou mal. A questão aqui é saber se você ainda me quer. Sabendo que não sou menos ou mais imperfeito do que você, porém a minha decisão de te amar, de te eleger para ser objeto dos meus sonhos e do meu amor permanece até hoje. Continuo aqui. Esperando-te. Elegendo os teus braços como meu porto-seguro, onde encontro um misto de segurança e leveza. Continuo preferindo seus olhos apaixonados a todos os olhos azuis do planeta. Não quero corpo. Corpo é fácil encontrar. Eu quero história. Eu quero nossa história. Quero você. Porém, não se esqueça: cuidado com suas palavras. Porque elas têm um pode avassalador. E são elas que mais estão minando nosso amor a cada dia. Vou almoçar na casa de minha mãe. E pode ficar com o celular. Aproveite e repense se era necessário usar cada palavra que a mim você direcionou.
Rodrigo fica sozinho. Seus olhos começam a marejar. À sua frente apenas uma porta fechada. E uma dor ao imaginar que, talvez, uma porta emocional também se fechou. Peso, pesar... pensa que, talvez, fosse melhor não ter começado essa conversa...
E continuar ignorando o que acontecia até que o fim, aparentemente "inexplicável", chegasse?
ResponderExcluirObg Marlon, por ler, por gostar, por comentar, por ser presença numa ausência distante e próxima kkk
ResponderExcluirabraços
Lu,
ResponderExcluirlindo, profundo, avassalador, poético...
Fugir? Jamais!
Resignificar sempre!
Somos movimento, somos criação...Nos reconstruímos a cada instante, com quedas, tropeços e longas jornadas.
Pois bem, isso é viver!