Caso escrevesse hoje, é bem provável que Machado de Assis fizesse uma referência a passar o dia com a máscara, para sentir o prazer de tirá-la ao chegar em casa. Seria o substituto moderno para o alívio de descalçar as botas no fim do dia, como fazia o personagem Brás Cubas, no fim do século 19.
Depois de mais de um ano e meio, cobrir o nariz e a boca é quase tão corriqueiro quanto calçar um par de sapatos. Mesmo com o controle da Covid-19, sair na rua sem máscara é quase como sair descalço. Causa estranhamento, sensação de fazer algo errado, e ao chegar em casa vem o alívio de descobrir o rosto e sentir o ar fresco inundando os pulmões ao mesmo tempo que refresca o rosto, úmido pela respiração represada.
Em um país que chegou a registrar mais de quatro mil mortes por dia, é um alívio reduzir a média diária para pouco mais de duzentas. Por outro lado, a ansiedade acumulada no período de quarentena faz aflição disparar diante do retorno à vida, que nunca foi exatamente normal.
Uma coisa é passar rápido pelo mercado, pegar o mínimo necessário e correr de volta para casa, outra, bem diferente, é voltar a encarar uma reunião presencial, cara-a-cara com pessoas de máscara abaixo do nariz, ou frouxas o suficiente para enxergarmos a respiração fluindo, quase livremente, pelos vãos laterais.
Só de imaginar os potenciais vírus coronados voando livres pelo ambiente, a respiração acelera, a máscara umedece, os óculos embaçam e a tranquilidade de ter uma média de mortes em torno de duzentas se transforma na realidade de mais de duzentas pessoas mortas em um único dia, por uma única causa.
Como o inconsciente vaga livremente pelos riscos de contaminação, resta um refúgio racional. O Átila Iamarino confirmou que a situação está melhor e que as vacinas são eficientes. Ele até cortou o cabelo. Se o Átila falou, está falado e ponto final. Mas ele também disse que nenhuma vacina é 100% eficaz e que, apesar de controlada, a pandemia ainda exige atenção. Lá se vai a racionalidade.
Se por um lado a pandemia é uma tragédia, potencializada quando somada à tragédia política brasileira, por outro é admirável que em menos de um ano o mundo já tinha vacinas eficazes contra o vírus. Curioso mesmo é que toda essa eficiência da medicina ainda não tenha desenvolvido um remedinho para a ansiedade. É vida que segue – de máscara.
Depois de mais de um ano e meio, cobrir o nariz e a boca é quase tão corriqueiro quanto calçar um par de sapatos. Mesmo com o controle da Covid-19, sair na rua sem máscara é quase como sair descalço. Causa estranhamento, sensação de fazer algo errado, e ao chegar em casa vem o alívio de descobrir o rosto e sentir o ar fresco inundando os pulmões ao mesmo tempo que refresca o rosto, úmido pela respiração represada.
Em um país que chegou a registrar mais de quatro mil mortes por dia, é um alívio reduzir a média diária para pouco mais de duzentas. Por outro lado, a ansiedade acumulada no período de quarentena faz aflição disparar diante do retorno à vida, que nunca foi exatamente normal.
Uma coisa é passar rápido pelo mercado, pegar o mínimo necessário e correr de volta para casa, outra, bem diferente, é voltar a encarar uma reunião presencial, cara-a-cara com pessoas de máscara abaixo do nariz, ou frouxas o suficiente para enxergarmos a respiração fluindo, quase livremente, pelos vãos laterais.
Só de imaginar os potenciais vírus coronados voando livres pelo ambiente, a respiração acelera, a máscara umedece, os óculos embaçam e a tranquilidade de ter uma média de mortes em torno de duzentas se transforma na realidade de mais de duzentas pessoas mortas em um único dia, por uma única causa.
Como o inconsciente vaga livremente pelos riscos de contaminação, resta um refúgio racional. O Átila Iamarino confirmou que a situação está melhor e que as vacinas são eficientes. Ele até cortou o cabelo. Se o Átila falou, está falado e ponto final. Mas ele também disse que nenhuma vacina é 100% eficaz e que, apesar de controlada, a pandemia ainda exige atenção. Lá se vai a racionalidade.
Se por um lado a pandemia é uma tragédia, potencializada quando somada à tragédia política brasileira, por outro é admirável que em menos de um ano o mundo já tinha vacinas eficazes contra o vírus. Curioso mesmo é que toda essa eficiência da medicina ainda não tenha desenvolvido um remedinho para a ansiedade. É vida que segue – de máscara.
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