Dizem que os músicos do Titanic continuaram a tocar no convés enquanto o navio afundava. Não sei o porquê, nem até qual momento a música soou naquele ponto remoto do Atlântico, mas me identifico.
Costumo me apegar a algumas tarefas, sem perceber que a água está subindo e o público já fugiu para outros barcos. Me falta um Drummond, que alertou José, a festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou... e agora?
Agora chega. Esse é meu 120° post aqui, ou seja, comecei em janeiro de 2013. Duvido que um músico do Titanic tenha faltado a uma apresentação antes do naufrágio; eu também não conseguiria passar um, dos últimos 119, dia 20 de cada mês com a sensação de um texto em falta.
Em meio a todos esses textos alguma coisa deve ter prestado. Acredito ter melhorado a escrita, driblei os meses com a famosa falta de assunto e nos últimos quatro anos me esforcei para não ser monotemático e só falar do desgoverno.
Produzir texto é tarefa árdua. Já vi o escritor Marçal Aquino dizendo que a distância entre a ideia e o papel é muito longa e não pode ser percorrida a pé. Modestamente eu acrescentaria que, ao contrário do que possa parecer, a distância aumenta com a prática.
Conforme a técnica se desenvolve a expectativa também aumenta e ler o texto concluído costuma gerar mais frustração do que impressão de um bom trabalho. O produto final parece ficar cada vez mais distante da ideia. Ainda assim, para quem gosta de escrever, o desafio de um texto bem escrito segue instigante.
Sempre gostei da ideia de um blog coletivo. Já me empenhei mais em engajar escritores por aqui, até ser vencido pelo medo de despertar a famosa sensação de “lá vem ele”. Hoje o problema não é a falta de engajamento dos blogueiros, mas substituição da ideia de um blog por novos canais de comunicação.
Publicar em um blog me dá cada vez mais a sensação de fazer um post no Orkut ou mandar uma mensagem de ICQ (os mais novos podem dar um Google). Então é hora de parar, colocar a casa em ordem e depois, quem sabe, procurar novos canais.
Graças à falta de ideias, encerrar o texto está tão difícil quanto sair do blog. Como na vida, a escrita também parece dispensar palavras nas despedidas. São substituídas por um abraço aos que passaram aqui, em um desses tantos dias 20.
Costumo me apegar a algumas tarefas, sem perceber que a água está subindo e o público já fugiu para outros barcos. Me falta um Drummond, que alertou José, a festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou... e agora?
Agora chega. Esse é meu 120° post aqui, ou seja, comecei em janeiro de 2013. Duvido que um músico do Titanic tenha faltado a uma apresentação antes do naufrágio; eu também não conseguiria passar um, dos últimos 119, dia 20 de cada mês com a sensação de um texto em falta.
Em meio a todos esses textos alguma coisa deve ter prestado. Acredito ter melhorado a escrita, driblei os meses com a famosa falta de assunto e nos últimos quatro anos me esforcei para não ser monotemático e só falar do desgoverno.
Produzir texto é tarefa árdua. Já vi o escritor Marçal Aquino dizendo que a distância entre a ideia e o papel é muito longa e não pode ser percorrida a pé. Modestamente eu acrescentaria que, ao contrário do que possa parecer, a distância aumenta com a prática.
Conforme a técnica se desenvolve a expectativa também aumenta e ler o texto concluído costuma gerar mais frustração do que impressão de um bom trabalho. O produto final parece ficar cada vez mais distante da ideia. Ainda assim, para quem gosta de escrever, o desafio de um texto bem escrito segue instigante.
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Graças à falta de ideias, encerrar o texto está tão difícil quanto sair do blog. Como na vida, a escrita também parece dispensar palavras nas despedidas. São substituídas por um abraço aos que passaram aqui, em um desses tantos dias 20.
O mais longevo, prolífico e assíduo autor deste blog merece todo nosso respeito! Valeu pelos 120 dias 20! O fim de uma era!
ResponderExcluirÉ isso. Terminamos, desistimos, vamos embora....e esses momentos costumam ser esquisitos, delicados, constrangedores....faltam palavras, mas o sentimento tá ali, tem um peso pro grupo e pro indivíduo. É isso aí. Foi e agora não será mais e a vida continua : um naufrágio. digo, um naufrágio que rende muitos filmes e até hoje tem seus mistérios. Enfim CONTINUE e divulgue , gosto de ler.
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