Uma fofa, uma princesa (como alguém chegou a comentar). Mas
uma princesa bem forte, daquelas que erguem o vestido, sobem no cavalo e lutam
gritando. Vencer no grito, acho que isso resume bem. A primeira vez que eu a vi
foi no auditório da Unicentro, achei os cabelos dela, muito compridos e muito brilhantes,
bonitos. Tempos depois ela sumiu e alguém falou por cima que uma caloura estava
com câncer. As lembranças se misturam um pouco na minha cabeça, sem qualquer
ordem cronológica.
Lembro dela sem cabelos, lembro dela com muletas. Lembro
dela com muletas numa festa, baladinha, e achei engraçado, achei ela ousada e
feliz. Não lembro da primeira vez que conversamos, ela era amiga de uma
conterrânea minha e deve ser daí. Lembro dela com cabelo curtinho vestida de
Moranguinho em uma festa à fantasia, lembro dela me convidando pelo MSN para
uma mesa-redonda com dois professores fudidos e eu querendo esganá-la. “Olha
aonde você me meteu, Suellen!”, e ela ria.
Lembro dela no jornal onde eu trabalhava fazendo teste pra
estagiária, dela andando pela universidade, dela apresentando um programa jornalístico
de tv, das conversas que tinha com ela pela internet, no twitter, no facebook, dela
rindo quando eu soltava alguma pérola com a hashtag #trocandodebiquinisemparar.
Lembro dela perguntando se poderia passar no jornal um dia, porque ela estava
de passagem na cidade, queria me dar um abraço, e falou para eu não me assustar
porque ela estava careca. Falei que nem careca ela conseguia ficar feia, a
bandida!
Quando ela criou o blog, para contar a sua vida com o câncer
desde menina, atestei o que já sabia. Alguém que quer viver, apesar de, e quer
viver muito, com todas as forças. Mas eu descobri muito mais, fez um punhado de
intervenções, tirou um rim, algumas próteses. Mesmo assim, vivia. Mestrado,
prêmios, projeto Rondon, festa com os amigos.
Talvez por toda essa força, essa força estrondosa que faria
parte dela, choquei-me com a notícia quarta-feira. A Suellen foi embora, a
Suellen perdeu a batalha para essa doença que me dá cada vez mais medo. Mas a
Suellen venceu a batalha de espalhar para o mundo, enquanto ela pôde, que vale
a pena viver, que ninguém é melhor ou pior que ninguém, que lamentos são para
os fracos.
Princesas fortes como ela lutam de cabeça erguida e enquanto
eu puder, vou continuar espalhando um tiquinho da experiência de vida dela. Por
isso, se você quer saber mais sobre a Suellen em relatos fortes e cheios de
vigor, lidos de trás para frente, cujo post mais recente é o mais cortante,
conheça o blog da Suellen, conheça o texto que inspirou o nome, conheça o
documentário que ela e seus amigos fizeram sobre o câncer, conheça e pare de
caranguejar. Viva, viva muito, viva com força. Por mim, pela Suellen. Por você.
=/
ResponderExcluirAlguém ainda vai fazer um filme sobre a vida dela, é até agora meu maior exemplo e força e vontade de viver.
Lindo, Tati...
Nossa... Que texto lindo sobre alguém lindo...
ResponderExcluirParabéns pela homenagem!
Vou acessar agora mesmo os endereços que você colocou no seu post, Tati.
E que a Suellen descanse em Paz.
Sempre fui bem instruída sobre a morte... me apego piamente a versão bíblica pois para mim é única e verdadeira. Nascemos e Vivemos uma só vez! (Hebreus 9.27). Mas tá tão doído perder a Suellen... tenho tantas coisas pra falar pra ela ainda... e agora o q eu faço? Pra quem eu falo? Tinha coisas engraçadas ou ñ q eu tinha vontade de postar e ficava com medo de ser num momento inoportuno... mas e agora? Doi demais. Penso em como ela está... Quando acordo, quando vou dormir... Tá difíciol de aceitar. Bagunçou minhas certezas perder a Suellen... Me ajuda Senhor!
ResponderExcluirum perfeito tapa na cara
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