quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Meu Pé de Abacate.

  Comi um abacate e guardei a semente. Coloquei num copo com água até crescer raiz e ganhar tamanho. Replantei em um vaso na calçada, e assim passaram alguns anos.

Semana passada, quando acordei vi um rapaz, provavelmente morador de rua, aguachado remexendo o vaso com as mãos.

No susto perguntei:
-Moço, o que você está fazendo?!
Ele se virou com calma:
-Estou tirando a arvore daqui para plantar no parque, ela tá pedindo, tá morrendo.
Eu concordei, ele estava certo.
Em seguida ele me perguntou do que que era, e depois me pedir desculpas pelo susto, ajeitou o vaso,  limpou o chão e saiu enrolado no seu lençol, com a muda descendo a rua.
Eu ainda tentei perguntar em que parque, pensando em visitá-la, mas ele não sou explicar bem.
Eu tinha me apegado um pouco na muda e cuidado, mas era besteira achar que era minha, ou que qualquer coisa seja.



  Das centenas de pessoas que passam na minha calçada nunca ninguém se importou com o abacateiro e seu bem estar.
Besteira essa de meu vaso, minha casa, meu carro, meu marido, meu, meu...Nem a vida é bem minha. Pronomezinho traiçoeiro. Será que se a gente se intrometesse mais, as calçadas estariam mais bonitas, os filhos mais bem educados?

A mim parece que os ricos se importam com o ser, a classe média com o ter e os pobres com o usar. Claramente dois em três estão errados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário