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sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Sutilezas

Eu gosto dos detalhes, das coisas pequenas, tímidas e sutis.
Daquilo que a vida corrida atropela, quase imperceptível.
Perceber o sutil me dá a sensação de ter descoberto um segredo, um tesouro, que estava ali enterrado, sem demarcação.
Quero dividir este tesouro, compartilhando algumas sutilezas da vida, que podem facilmente passar despercebidas.


O aroma da camomila que desabrochou esses dias.
A suavidade do caminhar da minha gata por entre os frascos de cremes e perfumes amontoados na cômoda.
O brilho do sol refletido na teia de aranha sobre a porta. 
O bater asas da pequena borboleta alaranjada que veio visitar o jardim.
O barulhinho da fonte de água das gatas.
A sensação do ar entrando, preenchendo os pulmões, e em seguida saindo pelas narinas.
A leitura de uma história antes de dormir, recordando um hábito da infância.
O vento brincando com os cabelos.
O cheiro de terra molhada após chover.
O gosto delicado da pera.
A voz macia da mãe cantando uma canção de ninar para o bebê. 
A água do chuveiro caindo sobre a cabeça e escorrendo pelo corpo todo.
A folhinha nova que nasceu na samambaia e ainda está toda enroladinha...



Que tesouro você descobriu hoje?






P.S.: Enquanto escrevia este texto me lembrei do filme "O gosto de cereja" (1997), de Abbas Kiarostami. Você já viu? Que filme lindo, delicado e comovente, indico demais!
P.P.S.: Também lembrei de uma cena do filme "Cidade dos anjos" (curiosamente lançado no ano seguinte), na qual Maggie descreve para Seth o sabor de uma pera: "Doce, suculenta, macia ao paladar, granulosa, areia doce dissolvendo na boca".