“Nossa casa é um templo”.
Eu nunca tinha entendido muito bem o que essa frase significava quando morava com meus pais. Eu não via problema em receber visitas e não me incomodava tanto com bagunça, até que me mudei.
Morar sozinho é uma grande odisseia, um novo desafio praticamente todo dia. São contas para pagar, casa para arrumar, comida para cozinhar... e quando chega a noite e só queremos preparar um miojo e cair na cama, nos deparamos com uma geladeira vazia porque simplesmente esquecemos de fazer compras no caminho de volta do trabalho. E o que nos resta é enfrentar a dura realidade de gastar dinheiro com delivery.
Não é fácil! Não vai ter ninguém para fazer por você, comprar para você ou pagar seus boletos. O lado bom é que passamos a dar muito valor ao que construímos, ao lugar onde moramos, e às coisas que temos. Começamos a perceber que não é fácil fazer a manutenção de um lar.
Ser responsável por todas as tarefas da casa te dá uma dimensão maior das responsabilidades. Sabemos quanto tempo gastamos para manter uma casa limpa e confortável, e queremos mantê-la assim pelo maior tempo possível. E AI DE QUEM sujar e não limpar!
Quando entendemos isso, visitas passam a ser sinônimo de “bagunça”.
Objetos que sairão do lugar, farelos e gotas que cairão no chão, sem falar a sujeira que tantos pares de sapatos vão trazer para dentro de casa.
Quer uma conta simples?
Pegue o número de convidados e multiplique pela quantidade de louça na pia. Se isso não te desestimula, não é você quem está lavando.
Outra possível situação é estarmos naquelas semanas corridas: trabalho, faculdade, mil cursos, e sem tempo hábil para cuidar da casa. De repente chega um final de semana e você recebe mensagens dos amigos/familiares/contatinhos querendo marcar alguma coisa na sua casa. Você olha ao redor e tem cueca até na pia. Aí é correr pra limpar tudo nos 15 minutos que o uber leva até sua casa.
É tanto trabalho que vem antes e depois das visitas, que passamos a pensar duas vezes antes de querer receber alguém. Cansa.
Morar sozinho é se acostumar a viver com você mesmo. Passamos a saber o quanto de bagunça suportamos, quando queremos algo mais limpo, a quantidade de louça na pia que consideramos suportável, e com que roupa nos sentimos confortáveis - adeus calças em casa! -. Mas é um filtro muito particular, que na visão de quem é de fora pode parecer desleixado.
No fim do dia acabamos entendendo porque a nossa casa é um templo, e que às vezes é mais cômodo apenas sair para um barzinho com os amigos e deixar a sujeira por lá mesmo.