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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Breve comentário sobre pontos de vista

Para Amilcar de Castro a vida não é uma gama de opções e a verdade nua e crua é essa: eventualmente você tem que mudar de caminho. Se isso implica em se torcer, se revirar, se quebrar, pouco importa. Não interessa como, a curva se dará. Ferro, chumbo, aço - a curvatura será feita e afetará nosso caminho perfeito.
Certamente uma visão crítica desse inevitável que nos rodeia e pode estar ali na esquina.
Quem nunca esteve numa situação dessa de não saber como a vida vai seguir, só sabendo que uma curva de diferenciação existirá de alguma forma - mesmo se o destino se apresente firme como ferro ou aço?
E dá-lhe observar em 360º toda a quebra pra descobrir onde nos sentimos mais... Nós mesmos. 



Ao lado de Amilcar, surge Lygia Clark. E eu começo a desconfiar que para ela nada é tão assim preto no branco. Há modos de se realizar essa mudança, mas sabendo que um movimento mínimo irá reverberar em toda nossa estrutura. Isso já é melhor que a inevitabilidade de ter que se fundir pra se continuar vivo. Não é só a dobra que importa! Nós temos dobradiças que se movem conforme o ritmo pede. Embora, como já dito, causam um "efeito borboleta" em toda nossa estrutura.

Não consigo parar de pensar no modo Lygia Clark como uma visão única (porém não exclusivamente) feminina. Convivo com muitas mulheres e vejo isso o tempo inteiro, todo dia, toda hora. Embora não considere uma característica exclusiva da mulher, ainda considero esse jeito de corpo uma característica do feminino - e quem duvida que todos temos "uma porção mulher" que se resguarda?


Curvas, dobras, dobradiças. Feminino e masculino. Preto, branco e colorido.
É uma forma da arte dizer que não importa o rumo e sim a escolha.

Pedro.
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domingo, 7 de julho de 2013

Sobre o século

Os textos tem escorrido em pensamentos que passam. Mas esse aqui ficou. De como a gente não pode negar-se ao próprio tempo, época, realidade, local.

Se a palavra desse começo de séc. XXI é projeção, vamos usá-la, dialogar com ela, quentioná-la, transfigurá-la sem esquecer seu significado real. Seja ele bom ou mal.
Não adianta ficar fazendo charme de quem não quer pertencer, como se fosse de outra época, realidade, tempo, local.

As coisas estão no mundo. 


domingo, 7 de abril de 2013

Eis que a vida vem

No mês passado em que escrevi um dia depois do meu aniversário, pedi alegria. Pedi pra mim mesmo. Sabia que era um daqueles momentos que a vida viria pra mudar tudo e alguma coisa precisaria me segurar. Alguma alegria.

Desde então foi uma sucessão de momentos tão díspares que eu não consigo traçar nenhuma continuidade entre eles.

Passei 3 anos dormindo com o mesmo homem. Mas ele foi embora. Mas já havia outro que nem falava português e dividindo intimidades em Rio das Ostras. De repente eram outros dois californianos doidos na minha casa em São Paulo. E de repente eram 4 mulheres e eu debaixo do mesmo teto em plena Copacabana.

Tanta coisa se passou que ficou impossível de processar. Está.

Hoje mesmo eu só pensava em voltar pra casa. Pai e mãe: ouro de mina.
Chorei muito ao telefone e lembrei que nunca havia passado tanto tempo afastado. A moça do meu trabalho disse que são processos de amadurecimento quando pensamos tanto no que nos faz feliz de verdade, as pequenas coisas cotidianas pelas quais eu tanto chorava: almoço de domingo, ouvir música na sala com meu pai, esperar o almoço, ir ao cinema com a minha irmã...

Quer dizer que além dos sacodes do mês eu ainda teria que encontrar espaço pra alguma alegria pra lidar com tudo isso e me virar na saudade e na confusão dos dias e na sequencia ilógica dos acontecimentos sabendo que a FELICIDADE mesmo poderia se extraviar nos percursos e só aparecer nas tais horinhas de descuido, como bem disse Guimarães Rosa.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Dá licença, meu senhor


Das sacadas dos sobrados da velha São Salvador, eu via com amor os pontos turísticos que não visito mais. O Pelô e o Mercado são áreas mapeadas por mim. Mas a cidade não acaba aí e ainda guarda muito do adolescente que passava as noites no Campo Grande à procura de sabe-se lá o que.

Hoje, pós-adolescente, ainda me impressionam as casas, as ladeiras e a magia da mesma forma que antes e acredito que sempre. A Bahia, assim como Minas, guarda uma qualidade de Brasil que é das coisas mais bonitas que há. Como uma estrutura fundamental na nossa formação de país, a Bahia tem muito de tudo que sempre é ressaltado da nossa personalidade. O cerne, o viço da nossa maior miséria e maior alegria.

E a magia. Ali você sente quando pisa. A Bahia tem mistério. Essa palavra quase em desuso se desfaz de qualquer clichê das situações em que já foi usada. A Bahia me chamou. Essa viagem surgiu do acaso dos acasos e eu imediatamente respondi a ela, entendendo o chamado. A dor de amor que eu havia de deixar no dia de Iemanjá. O nó na garganta que ficaria no Rio Vermelho. O cortejo que eu precisava receber no Porto da Barra. O aconchego da casinha no Campo Grande. As lembranças que a orla traz: Amaralina, Ondina, Pituba, Piatã, Itapuã, Boca do Rio.  Em todo momento o menino-eu está lá, desde os 13 anos descobrindo tudo sozinho, andando por todos os cantos de manhãzinha e só voltando pra casa (seja ela na Vasco da Gama ou lá longe na Valéria) ao anoitecer.

Entendi seu recado. A força secreta daquela alegria foi lembrança precisa e recuperada. Dá licença, meu senhor pois pra saber seus segredos serei baiano também.



domingo, 20 de janeiro de 2013

(Espera)nça

Escrevo dia 20 de janeiro. Quase um mês após o fim do mundo, que sabe-se lá porque reconstruíram igualzinho, mesmo com a insatisfação geral que pairava sobre o mundo que acabou. Surgiu a desculpa de que a previsão não era de fim do mundo, mas do fim de uma era e consequente início de outra.

Essa ideia, falsa, parece boa. O fim de um ciclo coincidindo com o fim do ano, que já interpretamos tradicionalmente como um recomeço. É claro que o réveillon em si não proporciona nada, é uma mera convenção que nem chega a ser universal, comemoramos até fora de hora graças ao horário de verão, mas nos acostumamos com ela. Desde a infância vemos a virada de ano como recomeço. Passar de ano na escola, encerrar o campeonato brasileiro, aguardar pelo próximo carnaval ou qualquer outro evento que possa marcar.

Para mudanças precisamos de metas. E como somos ambiciosos! Novo regime, novo emprego, novo amor, nova postura... Tudo novo. Só vejo um problema nisso: a esperança. Não falo da crença em que tudo melhore ou ao menos mude, mas da confusão que muita gente faz associando esperança à espera. Na esperança de que as coisas mudem traçamos metas, sentamos e cruzamos os braços. Isso só funciona para os problemas, que insistem em nos procurar mesmo quando não fazemos nada para atraí-los.

Ter esperança de que as coisas melhorem em 2013 é aceitável, até porque 2012 foi de amargar, mas esperar que isso aconteça naturalmente implica em perceber que temos mais uma edição do Big Brother, os políticos continuarão roubando, as pessoas continuarão atendendo celular no cinema falando baixinho como se isso não atrapalhasse, nossas escolas continuarão na zona de rebaixamento do ranking mundial, etc.

Esperando também veremos coisas boas. Talvez o PIB cresça, a Bovespa quebre recordes, as montadoras elevem as vendas e o Eike Batista recupere alguns bilhões perdidos no ano passado, mas acredito que meu salário será mantido, mesmo com esse cenário dito otimista.

Nada contra a esperança, só acho prudente parar com a mania de associá-la com espera e ir à luta. Sempre que penso nisso me lembro do Cazuza aos berros. “Vai à luta, vai à luta, VAI À LUTA!” Resolve? Não. Frustra também.

Mas existe algo que nos força a ouvir o poeta, que só falta pular da tela e nos chacoalhar, obrigando a lutar: a falta de outro caminho. Não há mais nada a fazer. Não se trata de uma autoajuda vazia com sorrisos falsos de motivação, nem uma inspiração em Barack Obama com seu “yes, we can”, mas gostando ou não, ganhando ou perdendo, a única alternativa é arregaçar as mangas e por de lado a postura de espera.

Minha primeira mudança para esse ano: começar a escrever para o Blog das 30 pessoas. Funcionou. Em breve comento os resultados. Minha primeira frustração também já chegou. Comecei a escrever esse texto prometendo ser menos prolixo. Acontece.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Chegar em mim

Aceitei o convite para transformar em texto um dia por mês da minha vida. Essa sequência de informações divididas em parágrafos e pontuações que podem ter sido escritas em qualquer tempo, inclusive agora onde eu sei o que se passa e vocês não. No entanto estamos aqui, nos servindo desse mesmo instante-dia-texto que apenas existe e nos serve de porta de entrada para minha chegada.

 Pensei nas inúmeras possibilidades de formas de escrever e no modo como os outros 29 dias-pessoas se comportam por aqui, numa tentativa de adequação, em vão. Gosto de textos curtos e palavras precisas, mas não consigo fugir de ser extenso quando preciso me explicar.

Minha intenção era de que esse texto carregasse algo a mais de mim além das apresentações formais. Além da possibilidade de poder começar um texto com continuação para o próximo mês. Mas isso não é um romance, é um blog, de forma que tenho que me encerrar aqui mesmo.

O plano geral desses dias 07 que ainda virão, será o de recorte temático. Recentemente assisti no cinema “As aventuras de Pi” e relacionei muito com o processo de escrita.
Existe uma necessidade de metáforas pra vida às vezes para existir o mínimo de compreensão do outro ou de si. Embora tenha trabalhado pouco com isso (sou sempre concreto e simplesmente rata comigo demais no meu blog pessoal) vejo que num campo de maior visibilidade a coisa crua nem sempre cai bem.

Eu quero chegar a essas 29 pessoas e mais. E quero que possam chegar em mim.
De leve ou brutamente – é comigo mas também é com vocês.

Pedro Progresso