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domingo, 18 de agosto de 2013

Raras maneiras de me sentir em Cuba (e um cabo submerso)

Já se imaginou Brasil meu, vivendo neste mundo moderno sem internet? Já pensou, sem nosso federal “ponto com ponto br”? Sem seus acesos a redes sociais, suas contas onlines ou aquele filminho básico no youtube? Já se imaginou sem ler o Blog das 30 pessoas
Quem nasceu em Cuba tem “um” que a mais nesse árduo treinamento contra um mundo aonde necessidades suprem outras necessidades. Vivi 27 anos sem internet e ainda hoje, pouco mais de 11 milhões de cubanos vivem sem esse recurso tão importante da comunicação e os negócios.
“Não é possível”, dirão uns.
Pois é, internet em Cuba se limita a velocidades ultrabaixas de transferência de dados numa rede interna que obviamente é controlada e vigiada pela Seguridad del Estado. Edifícios públicos, universidades, centros ligados à pesquisa médica ou técnica, alguns poucos centros culturais servem de ponto de acesso a um mundo afastado a megabytes de distancias com conexões discadas e instáveis. A interfase do poderoso google  demora mais do que passar um café para os seus convidados.  Hotéis e um que outro cybercafé, exibem com luxo seus 256 Kbps e cobram pouco mais de 6 pesos conversíveis cubanos (CUC) por hora se você quiser se usufruir do seus serviços.
Já o endereço eletrônico termina parecendo mesmo uma piada: PONTO COM PONTO CU. Um “cú” mesmo.  Uma grande bosta.
Essa internet é chamada como INTRANET, ou seja, uma conexão interna, fraca, sem liberdade de pesquisa, seja pela pouca qualidade do serviço seja pela censura de acesso a sites internacionais.
Essa pouquíssima relação com internet me faz quase um aleijado virtual. Uma relação de vítima do mundo atual. Eu, e meus onze milhões de conterrâneos nascidos e criados nos últimos anos na ilha.
Ter internet – ou mesmo Intranet - te faz uma pessoa querida, visitada, potencialmente poderosa. Os amigos ou amores ou tua família, farão comuns suas visitas na sua casa, ou mesmo, no seu emprego com o supremo objetivo de dar aquela “revisadinha” no gmail, escrever nem que seja uma frase na sua linha do tempo facebokiano, quem sabe fazer uma pesquisa de como viver num outro país, máximo resolver algo relacionado ao seu mestrado ou ao trabalho de curso de um de teus priminhos.
Eu criei minha primeira conta de correio eletrônico no ano de 2002 ou 2003. Era um yahoo que demorava no mínimo meia hora em abrir a interfase. Era meu nascimento virtual: dmisrock@yahoo.es. Assim troquei minhas primeiras mensagens com universitários norte-americanos que conhecera num intercambio de escritores em La Habana. Assim escrevi minhas primeiras paqueras virtuais. Assim, depois do arcodecello@gmail.com, me mantive em contato com a Natalia depois que nós conhecêramos numa tarde habanera e até que nós voltamos encontrar um ano depois.
Anos depois, eu já morando no Brasil e os meus pais ainda em Cuba, passávamos longas temporadas sem podermos comunicar via web. Minha mãe pouco acostumada com essa situação foi quem mais sofreu até que meu pai decidiu pagar uma “cuenta”. Isto é, pagar para alguém que tendo autorização de instituições, conseguia colocar um ponto de acesso na sua casa. A taxa correspondia a uma porcentagem do tempo total de acesso que o dono da conta possuía e com o qual, meus pais, poderiam ler e escrever correios eletrônicos, receber as fotos do seu filho na sua nova pátria e sua nova família. Se a irregularidade era descoberta o dono da “cuenta” perdia-a e ainda poderia ser reprendido pela a empresa que o empregava.
Até hoje se escuta a lenda de um tal cabo de fibra ótica submerso que vindo da Venezuela – na era Chávez – traria finalmente a liberdade virtual à ilha (isso considerando que o problema de internet é que os Estados Unidos bloqueiam o acesso). Até hoje não sei qual é a real desse cabo, porque de fato não teve em Cuba nenhuma mudança que permita aos meus pais ou qualquer outro cubano comum de acessar a internet livremente.
Nas últimas semanas tenho me sentido em Cuba. Nem o calor nem a censura política exatamente foram as causas dessa sensação. Depois que a Mari, que dividia o cafofo comigo, saiu de casa, o dono do imóvel – um quartinho num cortiço na Vila Gomes – ele tirou o wi-fi. Sem grana para novos contratos, à espera de mudar de novo fiquei sem o sagrado contato virtual. Treinado às antigas, virei usurpador de redes, minutos roubados de conversas reais para me conectar no virtual. Deixei um pouco de lado este blog. Minha mãe de novo se preocupou. Mas fazer o que, o jeito mesmo é viver. BEM VIVER... 
(abril, 2013)

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Polemizando na net

Se você ainda não percebeu, a moda agora é ser polêmico; e eu não estou falando em Mamééééélos, pois este sim é um assunto polêmico.

Algum tempo atrás eu tive o desprazer de assistir um vídeo anônimo que criticava o tal do kit gay que estão querendo distribuir para as escolas. O vídeo narrado por alguém que se intitula “O mascarado polêmico” deixa claro que seu objetivo é lutar por uma sociedade igualitária e mais justa – mesmo que isso seja feito por trás de uma máscara e pela militância virtual.

Pra quem ainda não se interou do assunto, o conjunto de materiais didáticos que tratam sobre a homoafetividade, apelidado de “kit Gay”, tem o objetivo de discutir a temática dentro das escolas e contribuir para esclarecimento e educação sexual das crianças. Acho interessante a iniciativa de trazer a discussão para dentro das escolas de um assunto que a vida toda existiu por baixo dos panos. O que não vejo nada de interessante é a forma como vem sendo feito, precocemente, com uma temática que é complicada para adultos e mais ainda para crianças de 7 a 10 anos.

Esse é apenas um dos pontos em que não concordo, assim como não concordo com a forma e as práticas de implementação da maioria dos projetos feitos pelo governo atual e pelo anterior. Inclua aí a já famosa cartilha didática com a (boa) intenção, entre outras coisas, de diminuir o tão presente preconceito linguístico em nosso país.

Apesar de ser uma longa e complexa discussão, o fato maior que me chama a atenção é o fenômeno da não autoria. Com a internet colaborativa 3.0, 5.0 ou #1milhãopontoodiaboaquatro, o número de pessoas que produz conteúdo ainda é muito pequeno e isso faz com que a maior parte das pessoas repassem, divulguem e dêem respaldo a conteúdos de outras pessoas. Até aí tudo normal. Quantas vezes não citamos Chico Buarque, nos descrevemos no profile do Orkut usando Vinícius de Moraes, ou exteriorizamos nosso dia no MSN com frases do Pessoa, Drumonnd ou repassamos os famosos textos que supostamente são do Jabor.

O que eu vejo de perigosos nisso é o fato das pessoas repassarem um vídeo nas redes sociais de um ser que fala em “ditadura influenciativa” e compara o ensino nazista no período de Hitler com o ensino da educação sexual – que por si só envolve as questões homoafetivas – afirmando que precisamos proteger nossos filhos dessa moda para não serem influenciados a virarem gays, como se isso pudesse ser ensinado.

Será que todos os que adoram uma polêmica e postam vídeos como esses sabem que eles estão assinando seus nomes junto de uma pessoa que se propõe a uma discussão séria e sequer tem algum conhecimento mínimo sobre o assunto, sequer tem leitura ou informação, como diz um texto de Silvio Teles que li no site do O Globo, para saber que a grande repulsa da maioria das pessoas que não aceitam a homoafetividade é pensar que ela é uma escolha, uma opção. Entendo que um programa de conscientização da sociedade quanto a esse tema precisa, primeiramente, demonstrar que as pessoas nascem, ou não, homo ou bissexuais. Não se trata de escolha, nem de opção. É mais uma característica do ser, como o é ser negro, ser alto ou ter temperamento tal. Gostar de pessoa do mesmo sexo é uma reação instintiva, somática, de atração física, de desejo sexual, que, de modo algum, pode ser ensinado ou aprendido.”

Ainda na linha do polêmico que não são maméééloss, vi um outro vídeo que defendia a legalização da maconha usando como argumento os possíveis impostos e taxas tributárias que o uso legalizado da erva poderia gerar e consequentemente, tais valores, seriam revertidos em outros benefícios para a população em geral. Claro que muitos curtiram e milhares de “LIKES” foram distribuídos; Eu pergunto que argumento é esse? Alguém acredita mesmo nisso? E mais uma vez várias pessoas deram respaldo para um assunto que sequer leram a fundo e procuraram ter uma opinião mais profunda.

Claro que de certa forma também faço isso e minha timeline do facebook está cheia de vídeos e coisas que eu concordo e repasso.

A internet facilitou e muito a vida das pessoas, encurtou distâncias e proporcionou grande disseminação de boas ideias, mas por outro lado, facilitou a superficialidade em grande parte de assuntos. Grande exemplo disso é a popularização que aconteceu nas redes sociais envolvendo os nomes de autores como o Caio Fernando de Abreu e Clarice Lispector. Dois grandes escritores complexos e profundos que as pessoas “amam” aos montes e uma grande parte sequer leu qualquer uma de suas obras. Ótimo que a internet ajude a divulgação deles e de todos os outros bons autores, mas que haja incentivo para se aprofundarem.

Agora, voltamos com nossa programação normal.

http://www.youtube.com/watch?v=uJpUhN8WW80


domingo, 7 de agosto de 2011

Vem Cá... Eu Te Conheço?

     Você já parou pra pensar em quantas pessoas realmente conhece nessas redes sociais da vida?  Dia desses, me mandaram um desses memes, no Facebook, e, entre as perguntas a serem respondidas, tava lá:  quantos contatos daqui você conhece “de verdade”?  Parei, cocei a cabeça, pensei, cocei mais uma vez, e respondi que, “achava”, que era mais da metade.  Porque ali, no meio de todos  aqueles rostinhos, tem gente que só travei contato virtualmente.  O que, há um tempo “atrás”, era algo praticamente inconcebível, hoje é mais pura realidade.  Existem pessoas que conhecemos só através da tela do computador.  Fato.

     Pensei muito nisso depois de ter assistido, na última sexta,    a  um  documentário chamado Catfish.  Não vou revelar muita coisa porque penso que ele, realmente, merece ser assistido, mas confesso que fiquei mexido depois de conferí-lo.  O filme conta a história de Nev, um fotógrafo de Nova York que, através do Face, conhece Abby, uma menininha que pinta quadros, numa cidadezinha do interior dos Estados Unidos.  O contato se inicia pela admiração mútua do trabalho um do outro e toma um caminho inusitado:  Nev acaba, por tabela, ficando próximo de Angela, mãe da garota e de seus irmãos, especialmente Megan, a irmã mais velha, com quem começa um “ardente” romance virtual.  Com o decorrer do filme, porém, fica evidente que nem tudo é o que aparenta ser. Nev, o irmão e um amigo decidem tirar a limpo essa história e começam a juntar os pedaços de um imenso quebra-cabeça, partindo atrás da verdadeira identidade de Abby e dos seus familiares.

     Nesses anos todos navegando por aí, confesso que já me envolvi emocionalmente com algumas pessoas pela internet.  Quem não, que atire a primeira pedra.  Tá, foi tudo muito soft, no campo da brincadeira, coisa e talz.  Mas confessso que já esbarrei com algumas Abbys, Angelas e Megans.  Gente que inventa uma vida que não tem, cria um rosto que não é o seu - e o mais assustador é que, quase sempre, esses rostos têm donos, ou seja, eles roubam fotos em perfis de sites de relacionamentos -, criando uma teia de mentirinha onde, acreditem se quiser, tem gente que acaba por se envolver.

     Pra quem gosta do gênero, fica a dica.  Catfish é um ótimo filme - documentário, thriller, drama, ainda não sei como definí-lo -, que entrou fácil para a lista dos meus preferidos.  Em tempos de Facebook e afins, bacana ver um filme que faça esse tipo de reflexão.  Uma reflexão que, confesso, me assustou.  A mim, pelo menos, que sou do tempo em que fazíamos amigos na escola, no campinho de futebol ou no cursinho de Inglês.