Já era mais de 2 da manhã. O Blues já havia terminado e as
cervejas devidamente bebidas. Ainda na tontura do álcool e na adrenalina do
Blues coloquei-me a caminho de casa.
Perdido em devaneios particulares, a fome me fez procurar
por algum lugar. Queria pizza! Lembrava-me de um lugar que costumava ter uma
ótima pizza e, mesmo um pouco fora da minha rota, saí em busca dessa delícia.
No ritmo do blues balançavam os semáforos entre suas cores,
que por algumas vezes eram ignorados por mim. Na adrenalina do risco de morte
ou de vida.
Chegando ao local, só eu acreditara que a padaria com aquela
pizza estaria aberta naquele horário. Doce ilusão, agora, além de fome, a
decepção e o sono também me rondava.
Aqueles três elementos misturados me trouxeram a depressão
que só um blues poderia entender. Não havia solidão ou amor capaz que
interpretar esse momento, e, mergulhado no meu sóbrio, fiz aquilo que todo blues
faz de melhor: o improviso de um coração solitário.
Acendi o motor do meu carro, como se fosse uma chama de
esperança que, atravessando a dança dos semáforos, me conduzira até a janela de
alguém que eu já amara. Parei por ali e fiquei observando por uma eternidade,
até que fui interrompido por algum vizinho de sono leve.
Toquei- me para casa, em busca de outro blues e outro
improviso. E no caminho, cantei algo que a mistura dos desejos que eu tinha, fizeram
minha mente criar:
“Se toda eternidade
fosse curta assim, eternamente ficaria aqui, a observar qualquer coisa que não
pudesse ver, improvisando em memória o que ensaiado deveria ser.”
Juro que queria ser uma pessoa boa.
Daquelas boas mesmo, que os outros citam como exemplo, como ideal
Mas não consigo.
Simplesmente porque sou uma pessoa ruim.
Tão ruim, que gasto muita energia apenas para ser uma pessoa mais ou menos.
Seria tão fácil ser uma pessoa pior.
Tão mais fácil, mais simples, mais natural.
Acho que no fundo somos todos grandes filhos da putas.
Com uma ou duas excessões.
Talvez três.
Se você, assim como eu, se mata todo dia para ser uma pessoa menos pior...
...Parabéns!
No mês passado em que escrevi um dia depois do meu aniversário, pedi alegria. Pedi pra mim mesmo. Sabia que era um daqueles momentos que a vida viria pra mudar tudo e alguma coisa precisaria me segurar. Alguma alegria.
Desde então foi uma sucessão de momentos tão díspares que eu não consigo traçar nenhuma continuidade entre eles.
Passei 3 anos dormindo com o mesmo homem. Mas ele foi embora. Mas já havia outro que nem falava português e dividindo intimidades em Rio das Ostras. De repente eram outros dois californianos doidos na minha casa em São Paulo. E de repente eram 4 mulheres e eu debaixo do mesmo teto em plena Copacabana.
Tanta coisa se passou que ficou impossível de processar. Está.
Hoje mesmo eu só pensava em voltar pra casa. Pai e mãe: ouro de mina.
Chorei muito ao telefone e lembrei que nunca havia passado tanto tempo afastado. A moça do meu trabalho disse que são processos de amadurecimento quando pensamos tanto no que nos faz feliz de verdade, as pequenas coisas cotidianas pelas quais eu tanto chorava: almoço de domingo, ouvir música na sala com meu pai, esperar o almoço, ir ao cinema com a minha irmã...
Quer dizer que além dos sacodes do mês eu ainda teria que encontrar espaço pra alguma alegria pra lidar com tudo isso e me virar na saudade e na confusão dos dias e na sequencia ilógica dos acontecimentos sabendo que a FELICIDADE mesmo poderia se extraviar nos percursos e só aparecer nas tais horinhas de descuido, como bem disse Guimarães Rosa.
Tudo é jeito, é cuidado, é forma de dizer. O conteúdo pode ser o mesmo, mas se for com franjinhas e babadinhos, parece que é mais palatável. Tal como no conto “Recalcitrante”, de Drummond, entendimento também é tudo. Então, cabe-nos saber dizer, e ao outro saber ouvir, e todo mundo terá humor noir pelo resto da vida.
Opa, pera.
Introduzi o assunto, penetrando em tema assaz espinhoso (e deixando um rastro de duplo sentido ao caminhar por essa senda) porque ouvi, curiosamente num mesmo dia, três músicas de mesmo tema. E fiquei pensando em mulheres que se identificarão com uma, torcendo o nariz para as outras duas...
Não sei sou ingênua demais, talvez sim, mas eu sempre
acreditei nos frentistas de posto. Sempre. Pedreiros? Não. Eletricistas? Não.
Encanador, técnico de informática, homens apaixonados? Não. Agora, se um frentista
falasse que tinha que trocar algo, meu deus, que bom que o senhor avisou. Mas
foi ali, no meio de gasolinas aditivadas e filtros de óleo que o meu mundo
caiu.
Lá estou eu, toda menina moça, sem saber se coloco álcool ou
gasolina, com as quatro calotas esfoladas, quando o frentista perguntou se eu
queria que conferisse água e óleo. Pensei no meu pai, que sempre pergunta se
olhei a água e diz que um dia ainda vou fundir o motor e blá blá blá, mas eu tinha
pressa e respondi que não. Até ai tudo normal. Foi então que ouvi um diálogo
que mudou minha forma de ver esses senhores que até então me pareciam tão
simpáticos e cautelosos.
Um segundo frentista virou para o outro e falou de forma irônica:
- É Zé, não adianta não que hoje você não vai bater sua meta. E o Zé: - Ah, mais
uns nove e eu bato. Mês passado tirei uns duzentos reais. Oi? Metas? No Posto? Sim, meus amigos. Metas.
Fiquei pensando no Zé, nos tantos outros, na moça do salão
de cabeleireiro que queria me convencer a pintar meu cabelo, afinal tenho aí
uns oito fios brancos, no moço do alarme que queria me convencer a colocar
sensor de movimento na casa toda, no cara da garantia estendida da tv e até na
moça do burger king com seus queijos a mais, seu refrigerante gigante, eu lá,
toda boba, com dó de vender seguros para os meus clientes.
A relação social das pessoas dentro de uma comunidade é um dos temas que mais me intrigam nessa vida. Num belo dia você conhece uma pessoa, alguns anos depois essa pessoa passa por você na calçada e os dois fingem que não se conhecem. As consequências da interação humana são complexas e imprevisíveis. Não sei se algum autor renomado da psicologia ou da comunicação social já fez essa classificação antes. Na dúvida, resolvi criar os 5 estágios da interação humana dentro de uma sociedade urbana.
Estágio 5 - Interação muito íntima
Quando duas pessoas se falam por telefone, e-mail, whatsapp, mensagem de facebook ou mensagem de texto regularmente ou quase que regularmente. Os encontros ao vivo são regulares ou esporádicos. Exemplos: namorados, familiares próximos, amigos de infância, amigos do trabalho, amigos em geral.
Estágio 4 - Interação íntima
A interação íntima é quando duas pessoas não costumam se falar, mas quando se encontram por intermédio do acaso, a conversa flui naturalmente por no mínimo três minutos. Exemplos: ex-namorados, amigos de infância, familiares distantes, amigos de amigos.
Estágio 3 - Interação básica
Quando duas pessoas se encontram, se cumprimentam com dois beijinhos ou aperto de mão e apenas trocam falas monossílábicas como "fala cara", "adorei seu cabelo", "quanto tempo", "pois é", "não some não", "bom te ver", etc. Exemplos: amigos de amigos, colegas de trabalho, amigos/colegas de facebook.
Estágio 2 - Interação quase nula
Quando duas pessoas se encontram na rua e o cumprimento é feito à distância com um aceno, um grunhido, um sorriso amarelo ou quando os envolvidos mexem a cabeça abrindo levemente os olhos. As duas pessoas normalmente não param para se falar. Exemplos: Amigos/colegas do facebook, ex-namorados, ex-ficantes, colegas do colégio, colegas da faculdade.
Estágio 1 - Interação nula
Mesmo que duas pessoas se conheçam, na interação nula elas fingem que não se conhecem. Podem até se olhar meio torto esperando o cumprimento da outra pessoa, mas é como se nunca tivessem se visto antes na vida. São completos estranhos. Exemplos: ex-namorados, habitantes de países ou cidades diferentes que nunca se falaram antes, amigos antigos, amigos de ex-namorados.
quando você está perto dos 40 (sim, estou. faltam 8 anos, mas estou) você começa a ter certos tipos de preocupação que antes não tinha.
pintar a parede de vermelho? aplicar pra um doutorado na islândia? adotar um filho?
claro que depende de pessoa para pessoa, mas não estou falando das pessoas normais, que se casam, compram carro e financiam um apartamento com playground e um fucking espaço gourmet. um dia eu falo dessas merdas todas da nova classe média, mas agorinha mesmo estou pensando nessa coisa de o que você quis ser quando era criança e não foi.
eu não queria ser nada quando criança.
ouvia meus colegas dizendo que queriam ser médicos, jornalistas, advogados e eu queria mesmo era me mudar pra lua, andar de cavalo na praia, escrever um livro. isso com 10, 11 anos.
com quase 40 eu ainda não me mudei pra lua e nem quero mais, na verdade. mas isso é porque eu não devo ser assim normal. porque pessoas normais não mudam de ideia. pessoas normais tem plano de saúde, plano de carreira, planos. eu tenho vontades. e mato todas elas. porque faço acontecer.
talvez por isso eu não tenha casa, nem carro, nem posso chamar os amigos pra conhecerem o espaço gourmet do meu prédio porque meu prédio é lindo e antigo e fofo, mas não tem espaço gourmet. então eu chamo meus amigos pra virem ao meu apartamento de quarto e sala e a gente toma vodka e café e conversa sobre os fracassos e conquistas, sobre as novas tatuagens, sobre drogas, sobre anseios, sexo, amores, viagens, filmes, arte, sobre o que realmente importa nessa vida.
como por exemplo adotar filhos, aplicar pra um doutorado na islândia e pintar a parede de vermelho.
Foi em março, ao findar das chuvas, quase à entrada
Do outono, quando a
terra, em sede requeimada,
Bebera longamente
as águas da estação...
O Caçador de Esmeraldas
Olavo Bilac
"É pau, é pedra, é seixo miúdo, roda a baiana por cima de
tudo”
J.B. de Carvalho, do Conjunto Tupi
É muito provável que parte dela saiu dessas duas referências que cito
acima, seu primeiro rascunho foi feito em um papel de embrulho de pão, foi lançada
em 1972 pelo jornal O Pasquim, em uma sacada genial com o projeto “Disco de
Bolso” onde o Lado A era reservado para um cantor consagrado, e o Lado B destinado
a um estreante, que no caso era um tal de João Bosco.
postado na quinta-feira à noite. não sei o que aconteceu virou rascunho. mais um de tantos desastres, só para variar ou ações malignas do inferno para que o recado não fosse postado? eis a questão, a eterna dúvida cruel, ficará no oculto, sem tempo e vida para desvendar. já que o recado virou rascunho, e não foi minha culpa, juro! vai hoje mesmo, com atraso aí de três dias. ressalto que este recado é baseado na comissão de verdades e mentiras e se sobrar, direito, espalhado jogado em qualquer canto. não leve a sério, mas se levar, ajude na campanha ok. desde uma certa entrevista, para certa apresentadora, de um certo também pastor, tenho me contido em comentar a tremenda ascensão (em números de fiéis pelo brasil e em números de cadeiras na câmara) em todos os espaços. desta entrevista, para a boa intenção da rede grobo na sexta-feira em responder a pergunta: o que é ser cristão? com direito a dois lados, para católicos e evangélicos. achei lindo e quase caiu uma lágrima de tanta emoção, se não fossem interesses políticos e econômicos em jogo. segundo pesquisas cresce a classe média e com ela números de adeptos ao cristianismo, alguma semelhança, acaso, ou resposta divina para alguns. isto explica por exemplo encontros de peso entre líderes de certas cadeiras na igreja e câmara com membros da cúpula da plin plin, em por exemplo requerer, não mentira, na verdade cutucadas para que em telenovelas apareçam mais personagens evangélicas, modernas, com pernas depiladas (e sovacos também) com posição social elevada, que tal como personagem principal? estranho é que no meu tempo, televisão era coisa do satanás, de gente desocupada que não tinha o que fazer, melhor era buscar a deus. revisto alguns conceitos, outros tempos, agora o novo testamento, outra leitura além do velho testamento e erro de interpretação, agora podemos assistir televisão e olha só até exigimos papéis em novelas. que coisa não? vai além, grandes gravadoras nos querem e com isto bomba shows em casas de pesos, em estádios, mas óbvio isto nada tem a ver com o mercado que muda seu foco, conforme o consumo. é mais ou menos assim, como david disse, o capital não resolve o problema, ele apenas o desloca, ou seja, sirvo o público que atende a demanda, onde há demanda, ali está a atenção, quando isto decair, como vem acontecendo com católicos, mudamos o foco. longe de qualquer comparação, nada a ver também com a guerra entre rede record, quer dizer universal e o reino do dinheiro com a soberania do império das comunicações. sonhei com isto, e estou aqui descrevendo, é fruto de uma desviada, sem fé, com família problemática. daria para escrever um livro sobre a crescente elevação da igreja, limitada a falar da evangélica, por ver o caminho tortuoso de encontro com a riqueza apenas de líderes e bem pouco de membros para quem sabe daqui 30 ou 50 anos o desvendar do equívoco, como outrora fora a televisão. o pior, julgar, achar que o capital é agora a resposta de deus para consumidores evangélicos, que vivem para o trabalho, para o consumo, para a servidão. consumidora assumida da editora do senhor que concedeu entrevista a certa apresentadora loira, que diga-se falou e disse, gostaria de saber a quantas anda o processo? assunto para outro vinte e nove da pecadora aqui. agora a urgência de comentar declarações sinistras e vergonhas nas últimas semanas, em especial hoje. não sei o que assusta, se a falta de preparo do senhor em ocupar este cargo, se a falta de bom senso do partido em repensar posições e reputação e portanto ser mais articulado em ter algum ser humano que substitua outro ou se o despreparo de quem o elegeu, daí é ficar triste e preocupada em saber que uma vez manipulado, sempre será, para servir a quem diz se importar com a sua opinião, num único dia, única vez, único mês (de outubro), uma vez na semana, em um único toque no domingo e trilím trilím lá se foi a sua única chance de votar em alguém que pelo menos tenha a velha e boa vontade com seu voto, de confiança? dizem que maldito é o homem que confia noutro homem, é creio ser a pura verdade. dizem também que o voto tem poder, mas tenho minhas dúvidas, se existem critérios, quer dizer exigem dinheiro para se candidatar, uma vez que não há verba pública em campanhas, é aceito apenas dinheiro advindo de doações, mas só se for de construtoras ou de empresas vindas do além, menos verba pública portanto democrático o processo não é? basta se filiar a qualquer partido,ter pelo menos uns 10 anos de militância ou ser bem conhecido, pode ser cantor, apresentador, palhaço, corajoso ou pastor mesmo, tanto faz, qualquer um pode, assim fica garantida a democracia, mas desde que alguém te financie, pode ser os fiéis, ou o dízimo mesmo. aliás tenho que retificar algo que até ano passado julgava errado, cantores apoiarem candidaturas, o fiz quando critiquei chico buarque por apoiar uma campanha, se a direita o faz, a esquerda dividida deve se armar de igual ou maior força. conclusão depois de (re)pensar com meus botões, assumo o erro, baseada em várias leituras e observações de fatos, requer toda e qualquer articulação para eleger quem de fato está capacitado e cheio da boa vontade em defender direitos, humanos. o leque, de tão restrito, não permite pessoas politizadas e de caráter que comprometidas são com os direitos humanos de se candidatarem, falo isto, por ir a palestras, eventos e ver pessoas que ocupariam com excelência cargos, atestando a confiança do voto, mas que oportunidade não tem. dizem que não há verba pública, é verdade, a verba é apenas para os caixas dois. que muitos arrotaram por aí, que só existira no governo lulista, ops é petista, engraçado que noutros governos privatizaram o país quase todo e o caixa dois só foi criado em 2000 e tralálá, mas pode ser mentira, contam tantas por aí não? como o calheiros ser [re]eleito presidente? esta mentira acaba com a minha alma! mas como sou pecadora, e o céu anda lotado, com lugar garantido apenas para gente santa dizendo verdades por aí , pouco importa se me mata ou não. o mundo está perdido, então bora salvar pelo menos a consciência do dia, a minha neste caso, por não me deixar dormir, deus sempre disse que existe um plano prá vida e por isso devo a Ele e somente a Ele qualquer satisfação, explicação de toda ação durante toda vida. sou católica me assumia assim, com oito anos, ia para igreja, rezar, ia a missa e carregava minha mãe, talvez, por ser criança e ser atormentada desde muito cedo com a bendita dúvida: "mãe quando a gente morre vai prá onde?" e ser calada com "deixa de ser besta menina, pergunta mais sem cabimento!" e eu com cara de ? e até agora com cara de ? compreendi que ela não poderia responder diferente, e se moscar se tiver um filho talvez eu responda da mesma forma. a jornada é longa, de católica para isotérica, depois espírita, depois nada, conhecendo umbanda, depois nada, depois cristã, daí é pensar enes igrejas, várias mesmo, para chegar o hoje sem a certeza da resposta e sem ser nada, oficialmente, apenas um ser humano que deposita sua fé em deus, é estudante de serviço social (ainda, ai dívida, ai tcc, ai estágio, só por deus!) que não reconheci atual reitora da universidade é simpatizante da obra de marx, gosta de anarquistas, e ser humano que sabe respeitar. a cada alimento lido, a cada vivência adquirindo oportunidades em alterar, acrescentar, jamais diminuir. tenho acompanhado declarações do senhor marco feliciano, tenho que tratá-lo assim, no maior respeito do mundo, pois quero que me trate da mesma forma, de senhora, não filha do dêmo por não concordar com sandices que anda dizendo, pela falta de desconfiômetro em não se apropriar do mínimo necessário para saber o que é direitos humanos para presidir a comissão e quem sabe, sonhando alto, bem alto, muito alto matar de orgulho em ter um cristão a frente de cargos de destaque. deveria também se apropriar da ética e saber que defender direitos não ofende a sua fé. ler quem sabe marx ou a bíblia mesmo e saber que jesus não acumulou riquezas enquanto esteve por aqui. mas é obvio que um filho de deus deve andar entre "reis" e desfrutar do bem desta terra, pense desta forma quando mencionar algo do comunismo/socialismo ou parte da sigla do seu partido pSOCIALc , não se trata de socializar a pobreza, mas a riqueza entre todos, recursos naturais, direitos de acessos, caixas dois, licitações de construtoras que se transformaram em doações, absolutamente o todo partilhado entre todos igualmente, não tem nada a ver com o demônio, sinto decepcioná-lo ao dizer esta verdade, que pode ser uma mentira não é? não se trata de tomar casa de pobre, de invadir cdhu, ou a minha casa minha dívida conquistado a duras burocracias e por aí desci a ladeira e para compreender é preciso ler, ouvir, reler, escutar e ler outra vez e assim sucessivamente. não compartilho destas declarações senhor, não confunda falta de argumento com ignorância e pior não junte os dois que vira isso aí. quem preside uma comissão de direitos da minoria jamais poderá ser contra ela. não perdure na arrogância, pelo amor de deus, de ocupar o cargo mesmo depois de tantas manifestações. não bastasse a declaração sobre a África, negros, pitbull, homossexuais, direitos da mulher, agora mais esta, todo o antes era amaldiçoado, endemoniado? menos o senhor que vítima se diz ser? que sequer têm a humildade de assumir os erros, o que foi àquilo sobre o comunismo? se tivesse temor, saberia que o fato de muitos cancelarem eventos se trata da não representação, de não concordar com o que vêm sendo dito, mas isto, é demais aceitar. é humilhação admitir erros? o pior é o partido do senhor ignorar a quantidade de manifestação e ainda por cima, querer que os assuntos sejam tratados a portas fechadas, sendo negado ao bando de baderneiros (movimentos sociais que se manifestaram na câmara) o direito de ser ouvido.
se sabemos gritar? é óbvio senhor, aí vai um dos tantos, o meu GRITO:
MARCO FELICIANO NÃO ME REPRESENTA!!!
já que tantas vozes humanas não servem e milhares de gritos não são o bastante,
então fica com o ET, talvez o senhor ouça:
Fui tomar um copo d´água e me
deparei com um Gregor Samsa no chão da cozinha. O bichinho monstruoso estava
ali movimentando ligeiramente as inúmeras patinhas e as antenas longas como que
conhecendo o ambiente. Levei um susto e imediatamente saí do meu estado
sonolento porque não é comum aparecer tal ser por aqui – a não ser no livro do
Franz Kafka. De onde será que ele saiu? Quais os caminhos que percorreu? Será
que transitou pela minha xícara? Não quis nem imaginar. Conferi se a minha
amiga que mora comigo estava realmente dormindo em seu quarto, afinal, depois
de ler “A metamorfose” nunca se sabe, não é? Ufa! Ela estava lá em seu sono
tranquilo. Então, tratei de pegar a vassoura para me livrar do intruso. Depois
de persegui-lo pela cozinha e dar muitas vassouradas, consegui apenas atingi-lo
de leve na parte posterior, quebrando algumas patinhas e imobilizando-o. Fui
dar os golpes fatais, mas me dei conta que era madrugada e a vizinha de baixo
não iria gostar nadinha da barulheira que eu estava fazendo. Não posso
esmagá-lo com o chinelo, pois definitivamente eu não suporto o barulho do clac seguido da gosma branca, não
adianta, eu não consigo. Fui até a área de serviço, não encontrei veneno, mas
avistei o recipiente de água sanitária. Experiência química, por que não?
Despejei um pouco sobre o inseto asqueroso imaginando que seria uma intoxicação
total. Enganei-me. Mesmo sem as patinhas de trás ele fugiu velozmente da poça,
indo parar mais adiante, cansado. Vi o vinagre na prateleira de temperos.
Vinagre é ácido! Mais uma vez despejei a substância sobre o bichinho e ao
contrário do que eu imaginei, ele se deleitou no líquido, afogando-se,
embriagando-se, perdendo sua potência vital aos poucos. Olhei para ele por
alguns instantes e de repente estava me sentindo como a personagem do livro “A
paixão segundo G.H.”, de Clarice Lispector. G.H. também massacra um ser
asqueroso assim e em seguida começa com seus existencialismos. Antes que eu me
entregasse completamente aos meus existencialismos, lembrei-me daquela cena
reveladora em que a personagem come o isento. Argh! O que a literatura faz!
Fiquei observando o fim daquele sujeito – porque naquela altura ele já era um sujeito
– virado com as patinhas que sobraram para cima. As antenas ainda se mexiam
lentamente até que senti que acabara. Peguei a pá, a vassoura e segui para a
lixeira. Ao colocá-lo na cova vi que ainda estava vivo! Senti o paradoxo de ser
por um lado, a torturadora, e por outro, a torturada por aquela sobrevivência
que estava me cansando. Completamente desiludida, peguei uma colher de sal e
despejei sobre ele. Admito: minhas técnicas de tortura são as piores. O bicho
ainda gozou o sabor da substância, lambia as patinhas. Sou uma covarde mesmo,
por que não deixei o bicho horroroso vivo? Ou então, por que não o matei de uma
vez? Optei pela forma mais dolorosa – e mais culinária – possível e o inseto
ficou ali por minutos na sua morte lenta e saborosa. Enfim, morreu. Altas horas
da madrugada, o meu sono morreu faz tempo. Tudo por causa de um ser resistente,
tudo por causa de Kafka e de Lispector! Acho mesmo que só as baratas
sobreviverão ao absurdo do mundo. Vou dormir as poucas horas que me restam e espero
que pela manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, não dê por mim na cama
transformada num gigantesco inseto.
2012 foi um ano peculiar. O Corinthians venceu a tão sonhada e inédita Copa Libertadores, o mundo não acabou como muitos apostavam e até o Oscar Niemeyer cansou dessa vida e resolveu dar risada com a gracinha da Hebe Camargo no andar de cima. Nada me assombrava até lembrar que 2012 era o ano que eu daria tchau aos vinte e poucos anos. Feliz? Não, tudo o que eu pensava era na clássica cena de Joey do Friends.
Lááááá na década de 90 quando a casa dos trinta parecia bem longe, eu planejava um milhão e meio de coisas. Trinta anos era sinal de velhice, desfilar de salto alto, estar formada, com um ótimo emprego, casada e com um filho pequeno para a alegria das minhas avós. Pra que se preocupar agora? Tempo eu tinha.
Entrei na casa dos vinte "curtindo a vida adoidado" com medo de não dar conta da década que seria A DÉCADA na minha vida. Esse negócio de casar e ter filhos ficou pra depois. Os planos eram outros, viajar, sair, apaixonar como se não houvesse amanhã, tudo para que na virada da década, eu pudesse viajar até a India, cuidando do meu lado espiritual e de alguma forma, recompondo-me de todas as merdas que ainda faria (sim, eu pensei em fazer inúmeras besteiras também).
Chegou o dia. E por que raios, nasci prematura? Cadê os dois meses a mais de 29 anos? Hora de jogar os cremes "25 a 29 anos" fora. Meu bem, encare o fato que agora você compra cremes "30 a 34 anos". Nada de dormir de maquiagem na cara. Sua pele está envelhecendo e você também. Desapontei minhas avós e minha mãe sem casório, sem noivo, sem namorado sério. Desapontei meu avô sem um diploma pendurado na parede. Tinha chegado o dia e eu estava sem emprego há menos de uma semana, sem a passagem para a India e qualquer perspectiva para o próximo mês.
Cara, para tristeza de alguns, trinta anos é libertador. Uma sensação de "posso fazer qualquer coisa". Tchau, pensamento desesperador do "ai meu Deus, fiz nada da minha vida ainda". Mais velha, mais um pouco de queda de cabelo, peito, pele e mais um pouco de sabedoria também. Posso dormir com os caras que quiser, sem a insegurança da menina de 20 anos (mas com a insegurança da moça de 30 anos, com licença). Há tempo de mudar o curso da faculdade, procurar um emprego em uma nova área, tentar algo diferente.
O mundo grita que os 30 são os novos 20 e o que eu faço com isso? Acredito. Sabe aqueles planos que eu fiz na década de 90 para os trinta? Fica pra 2022 na comemoração dos 40, os novos trinta.
Vamos, por um instante, subir na máquina do tempo. Ou escorregar por ela. Sempre disseram que o tempo é fluido, que ele escapa pelos dedos. Vamos nos deslocar pelo tempo. Pois bem. Eis uma família almoçando. Seria uma família do futuro mas, como estamos aqui, ela é do presente. Do presente do futuro, no caso. Tempos verbais sempre me incomodaram. Enfim.
Uma discussão acalorada. Parece o domingo na minha casa. Rá rá. Não, esperem. Olhem de novo. Todos estão falando sem parar, mas cada um está tratando de um assunto diferente. Eles não estão conversando entre si. Parece ainda mais um almoço lá em casa. Olhem, olhem. Estão usando dispositivos de comunicação remota. Quase como o, aquele óculos lá. É, mas mais avançados. Imagens projetadas na frente de seus rostos. Até o cachorro tem uma. E está rosnando pra outro cachorro, pra ver quem é o macho mais macho, acho. Curioso, curioso. Tomem nota de tudo.
Olhem a idosa na cadeira flutuante. Olhem só. Ela parece estar tendo algum problema sério de saúde. Não, não podemos interferir. Se mudarmos alguma coisa no nosso futuro não vai afetar em nada o continuum do espaço-tempo, mas eu soube que isso fará um estrago de 1.21 gigawatts no orçamento do Instituto. Algo a ver com direitos autorais. Ah, fiquem tranquilos. As definições de vírus foram atualizados e a vovó está bem de novo. Percebam que ela deve ter em torno de 130 anos. Meus estudos indicam que as pessoas criaram meios de viverem mais para terminarem todas as fases do Angry Brids. Os avanços da Medicina sempre me emocionam.
O que parece o filho mais velho resmungou alguma coisa e saiu, apressado. A pessoa na tela dele estava começando a tirar a roupa. Pena, pena. Poderíamos ter visto os rituais de acasalamento (e-acasalamento?) dessa nova sociedade. Ele retirou uma luva virtual da gaveta antes de ir para o quarto.
Outro fato interessante, percebam, é que os dois pais estão conversando com os amantes bem ali, na mesa do almoço. Neste momento da sociedade, os amantes estão inseridos no dia a dia das famílias, chegando às vezes a fazerem parte de duas ou três ao mesmo tempo. A esposa está discutindo com a amante do marido, algo sobre não poder projetar sua imagem 5D pela casa sem roupa. Isso, 5D. 4D eram as experiências sensoriais, 5D refere-se aos traumas causados nas mentes das pessoas e na queda das notas do filho mais velho, devido à visão da amante do pai sem roupa. Enquanto isso, o pai e o amante da esposa discutem quais lugares vão comprar para o campeonato de vale tudo mesmo galático. O campeão panmundial do ano passado costuma usar membros de membros da plateia para golpear o adversário e, embora seja um show e tanto, o marido vai precisar estar inteiro para trabalhar no dia seguinte. Ah, o progresso.
Um loirinho esperto, alegre, carinhoso, carente e chorão.
Ele adorava colo, caixa de pizza, rasgar lençol e comer papel higiênico, pen drive e moldura de quadros. Tem sinais dos seus dentinhos pela casa toda.
Lembro da sua boca sempre machucada por isso,
Lembro de quando o prendi no armário por um dia todo... e ele saiu no final do dia me amando como se nada tivesse acontecido..
Como ele se desesperou quando a Amelie fugiu por 5 minutos.
Lembro da carinha e do andar bêbado de sono que vinha me receber todos os dias quando eu chegava do trabalho,
Dele doido com o mouse na televisão, e de como ele adorava assistir futebol...
Alucinado com laser point e com mosquitos.
Brincando de esconde-esconde, cobrindo apenas a cabeça (ele era o pior jogador de esconde-esconde do mundo)...
Se aconchegando no meu colo quando eu estava no computador, da minha perna gangrenar e eu não querer mexer para não incomodá-lo.
Me acordando às 6:00 no sábado e domingo..
Me acompanhando de cima do box durante o banho, ou brincando com a espuma pelo vidro.
Da loucura por uma bolinha de papel, do seu brinquedo preferido (um peteca), da massagem que ele fazia pisando nas minhas costas e finalmente dormindo na minha bunda..
Nem levantou, já esboçou um sorriso, pensando que naquele dia haveria de vê-la!
Ela, que era a sua inspiração para escrever. Por ela, arriscava vez ou outra um verso aqui, outro ali.
Só não estava tão tranquilo pois não a via desde três dias atrás.
De repente, parece que as felizes coincidências não mais aconteciam.
Os telefonemas também cessaram.
E até as mensagens inbox no Facebook diminuíram.
Foi alertado. Falaram pra ele. Mas não quis acreditar.
Acreditar que alguém é riscado do mapa com tamanha facilidade por outra pessoa era demais para ele.
Sua esperança era que, naquele dia, no mesmo horário e lugar, a veria, com aqueles cabelos esvoaçantes, aquele sorriso e olhar que lhe eram peculiares!
Tirou aquele dia para ele mesmo. Sim, tinha de se arrumar!
Colônia nova, roupa também, lá foi ele!
Lembranças daquele mesmo lugar pipocavam em sua mente. Risos, frases soltas, gostosas e com desprendimento.
Não!
Ela não poderia tê-lo esquecido assim, tão facilmente.
"Ela vai aparecer!"
Olhou o relógio. Faltava pouco.
Um bando de crianças barulhentas de repente tirou sua atenção. Deviam ter saído da escola àquela hora. Um mal estar leve e repentino tomou conta do seu organismo, mas estava tudo bem. Era a irritação típica daquele horário da tarde.
De repente, desponta na avenida o ônibus onde sua amada iria aparecer. No qual deveria estar!
Seu coração foi a mil! Sim! Lá estava o motivo do seu sorriso nos últimos meses!
"Ela está lá! Tem de estar!"
Mas não estava.
As pessoas desceram, tomaram seus respectivos rumos, e ele ali, com o buquê nas mãos.
Disfarçou, assoviou uma música qualquer, olhou no relógio mais uma vez, agora para disfarçar. E constatou: ela não vinha mesmo.
Tomou o rumo de casa.
Olhou os bilhetes. Releu as conversas salvas no MSN e na rede do Zuckerberg.
Nenhum indício de que ele a fizera infeliz ou incompleta.
Onde andaria a menina dos seus sonhos?
Todas as recordações agora vinham com força total.
Momentos ternos de carinho, intimidade e amizade, de onde brotou nele aquele amor!
E pensava ele, que com ela havia sido assim também.
Ligou pra umas duas ou três pessoas (amigos/as em comum) para saber se sabiam do paradeiro dela. Nada.
Mandou mensagem. Telefonou. Nada.
Resolveu ir na casa dela.
Alguma coisa de muito grave deveria ter acontecido. Só podia.
Pegou a blusa (a noite prometia ser mais fria do que aparentava), e lá foi nosso herói.
No celular, as músicas dos dois! Amavam Gun's!
Certa noite, estavam os dois deitados sob a luz do luar, cada um com um fone, e a música tocava. Eram entrelaçados pelos acordes dos solos de guitarra do Slash.
Subitamente, uma risada chama sua atenção.
Era ela! Era ela!
Mas espera... Ela não estava sozinha.
- Oi!
- Oi!
- Tudo bem?
- Tudo ótimo!
Esperou um "e você?", que não veio.
- Recebeu minhas mensagens?
- Recebi!
- Ah tá! Achei que não tivesse recebido!
- Recebi sim! Ia responder mais tarde!
Mas algo nela o fez acreditar que ela não o faria.
Tinha alguma coisa diferente no jeito dela de olhar, de se portar... De sorrir...
- Mas tá bom então. Até mais tarde!
- Até!
E lá ela ficou, envolta daquelas pessoas que ele nunca havia visto na vida.
Seriam novas amizades? Mas por que ela nunca havia mencionada nada sobre eles?
Afinal... Eram tão íntimos...
...
Nos dias que se seguiram, ele ainda tentou contato por mais um ou dois dias. Sem sucesso.
Parecia que o que diziam era verdade. "O futuro não era mais como antigamente."
Sentia-se deslocado. Da água pro vinho, a situação mudou.
E ele nem sabia o por quê.
Sofreu. Chorou. Estava difícil, mas sabia que tinha de prosseguir.
Resolveu que buscaria forças de onde nem mais encontrava para superar aquela solidão vazia que insistia em tomar conta de sua alma.
Saía com os amigos (que faziam de tudo para dar força pra ele).
Fingia estar se divertindo aos montes.
Mas era claro como o dia, às pessoas que o conheciam tão bem, que não vinha sendo bem assim.
Passava noites em claro, ouvindo as músicas que um dia dançaram.
Lembrava. Pensava...
Até quando?
Não sabia.
Sabia apenas que um dia conseguiria.
Mais cedo ou mais tarde, outra estrela brilharia no seu céu.
Chávez se foi. Não o do oito, o da Venezuela. O Chaves do oito é aquele que tem um amigo ex-rico e mimado, que quando irritado quer resolver tudo aos berros, ordenando que o pobre cale a boca.
O que faleceu é um pouco mais complexo. Entre logros e malogros o venezuelano conquistou a veneração de uns e o ódio de outros, e é isso que me chamou a atenção. Tentando não entrar no mérito político, comecei a pensar um pouco no sentimento que o presidente despertou em terras brazucas.
A Venezuela, não estivesse sobre um grande poço de petróleo, teria praticamente o mesmo peso político de sua vizinha Guiana. Mesmo assim depois da morte de seu governante apareceram algumas comemorações por aqui, expressões de alívio e felicidade. Euforia semelhante aconteceu diante do famoso ¿Por qué no te callas?, proferido pelo rei Juan Carlos, da Espanha, ao venezuelano durante a XVII Conferência Ibero-Americana, em 2007.
A frase do governante rico, e mimado por toneladas de metais preciosos saqueados das colônias americanas por séculos, virou hit. A reação de muitos foi a de alívio, como se a tal frase estivesse entalada na garganta de cada um. Por quê?
Ainda que Chávez fosse o demônio na terra – o que não era – ele pregava a soberania popular e o investimento nos que realmente precisam. Mesmo que nunca tivesse movido um dedo para concretizar seu discurso – o que não é verdade –, vai que a ideia começa a agradar a imensa massa de pobres e miseráveis do continente.
Poderíamos pensar que quem vibrou com Juan Carlos optou na verdade por criticar a postura antidemocrática de Chávez. Apoiando o Rei. Representante da monarquia, que herdou o poder por ter nascido na família certa e passará o título para seus descendentes, como vem sendo feito desde a Idade Média. Nenhum estado europeu é regido pela monarquia clássica, esta sim bem distante da democracia, porém mantêm o representante supremo da aristocracia europeia, que desde o descobrimento da América vem ditando regras para os habitantes locais.
Tenho várias críticas ao Chávez (da Venezuela). Ele se encaixa no grupo de governantes imperfeitos, que abrange todos os outros na história da humanidade. Mas tentando dissociar a pessoa do fato, é notável que há cinco séculos os europeus, sobretudo na península ibérica, se empenham com veemência na desconstrução de líderes populares sul-americanos.
Independente de Chávez, Lula, Obama ou quem quer que seja, política é o debate em sua essência, a alternativa é o confronto direto. Mandar ou pedir para que alguém se cale em uma conferência é uma atitude de menino mimado, que quando irritado quer resolver tudo aos berros, ordenando que o pobre cale a boca.
Muitos vibraram. Brasileiros vibraram. Talvez assim sintam-se mais próximos da elite europeia que dá ordens, ao invés de se aproximarem da gentalha que Chávez, pelo menos em tese, queria representar. Essa postura também é antiga. Não precisamos cruzar as fronteiras com países vizinhos. Em terras brazucas se uma elite domina o poder, a solução não é a união contra os opressores, mas a manutenção do sonho de que se por um lado não sou rico, por outro também não faço parte da escumalha que deve se calar.
E nos calamos. Seja através do rei espanhol, que insiste em dar ordem de metrópole para colônia; seja através da Telefônica espanhola, que cobra caro por ligações que caem, nos deixando calados; seja através do Santander espanhol, cobrando taxas estratosféricas para compensar o prejuízo da matriz...
Não importa. O demônio era Hugo Chávez. Já se foi e, dizem por aí, agora as coisas vão melhorar.