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segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Por que ele não?

Ele não, porque sou pai de uma menina
e não quero que ela cresça achando que pode menos do que qualquer homem.
E também porque tenho
uma mãe
uma irmã
e tantas outras mulheres fundamentais para mim
e não quero que elas
ganhem menos
mandem menos
possam menos
sejam menos
porque pessoas como ele 
acham isso simplesmente natural.

Ele não porque amo homens e mulheres negros
- e pardos e indígenas - 
E não quero que eles pensem
sequer por um segundo
que valem menos do que um branco
pela quantidade de melanina que têm na pele.
E nem que sofram
- pelo mesmo motivo absurdo -
qualquer tipo de violência
Física ou emocional
Tão idolatrada por ele.

Ele não porque amo homens e mulheres
que são gays, lésbicas, trans, bis, tris, tetras
ou o que mais eles querem ser
- porque isso é só da conta deles -
e não quero
que eles sintam
sequer por um segundo
vergonha de ser quem eles são.

Ele não
, porque não sou e nunca fui rico
e não quero que nenhum direito trabalhista 
duramente conquistado
nos seja tomado
por uma pessoa como ele
que defende uma classe social
 - que definitivamente não é a minha -
tão acostumada a já ter tanto
e a ceder tão pouco.

Ele não, porque apesar de não concordar com os erros do PT
quero poder continuar a não concordar com os erros do PT
e dizer isso tranquilo no meio da rua
vestido de vermelho, 
de verde, 
de amarelo 
ou de bolinhas
quero ter o direito de fazer oposição
ao PT, 
ao PSDB, 
ao MDB, 
ao Pros, 
ao Contras, 
à Pedra, ao Papel e à Tesoura 
o que só é possível na democracia
coisa meio fora de moda e que ele abomina,
mas que foi conquistada 
- eu aprendi na aula de história, coisa também meio fora de moda - 
com muito sangue, dor e torturas
causada por pessoas que ele idolatra.

Ele não
              porque ele 
                                 é absurdo.

________

(Felipe Lários)




sábado, 28 de fevereiro de 2015

cotidianização da violência

Recentemente, numa reportagem do dailymail, o Brasil ficou listado como o 2º pior país para mulheres viajarem. Alguns ufanistas ficaram indignados e chamaram a reportagem de tendenciosa, outros... culparam o PT (ultimamente essa galera anda xingando o partido até em notícia sobre buraco negro - notícia bem legal aliás, buraco negro gigantesco, massa 12 bilhões de vezes maior que a do sol e tal).



Entretanto, para as mulheres daqui isso não é nenhuma novidade. Nunca foi.

Não é novidade porque estamos num país onde Bolsonaros alegam que “só não te estupro porque você não merece” são chamados de mitos e salvadores da pátria, como se ser objetificada e classificada como passível ou não de merecer um estupro fosse algum tipo de mérito.

Este é o mesmo país onde Alexandre Frota conta num programa de auditório que violentou uma mãe de santo e é aplaudido. Os comentários sobre o vídeo onde há esta declaração, aliás, fazem perder a (pouca) fé na humanidade: pessoas alegando que, como ele não usou a palavra estupro, não houve a violência. A vítima não consentiu, pediu para ele parar e ainda desmaiou, tamanha a violência empregada. Mas não, não era estupro: era piada em rede nacional.

O apresentador do mesmo programa, Rafinha Bastos não fica longe: há alguns anos atrás declarou que “toda mulher que reclama que foi estuprada é feia” e que “o homem que cometeu o ato merece um abraço, em vez de cadeia”.

Ao passarem impunes por suas declarações, que continuam sendo internalizadas e repetidas no cotidiano, eles reforçam um ciclo: num país onde uma mulher é estuprada a cada 12 segundos, não é difícil compreender que uma estatística como essa é produto de uma cultura que valoriza e cotidianiza a violência sexual. Estas pessoas fazem atentar para a relatividade das leis, do quanto uma violência pode ser moldada para se encaixar numa noção deturpada de realidade.

Essa mesma noção fez com que, no dia 15 de fevereiro, uma adolescente de 13 anos fosse vítima de um estupro coletivo em Osasco. Estes homens, indo um pouco além de qualquer julgamento a respeito de suas personalidades, basicamente foram treinados, desde nascimento. Foram desafiados e educados a testar sua superioridade enquanto dominantes, “viris”, a olhar para uma mulher e não vê-la como um ser humano. A perversidade masculina é algo ensinado, algo que se aprende, e se aprende que “tudo bem, nada de mais”. E, justamente para garantir esse status é colocada a imagem da vítima enquanto merecedora de uma punição, um objeto de piada, afinal, quem mandou estar no lugar errado e na hora errada? Quem mandou falar demais? Você escolheu isto para você, agora sofra as consequências.

De fato, o Brasil não é um país recomendado para mulheres.


domingo, 12 de agosto de 2012

Se está ruim na Suécia,imagina aqui...

Em um mundo de boas intenções,frases meigas e beijos virtuais, muitos assuntos são empurrados para debaixo do tapete.
Mexer neles então parece coisa de gente preconceituosa,racista,intolerante e reacionária.Se está tudo escondido,talvez por milagre possa desaparecer.
Uma blogueira sueca publicou um texto e foi rapidamente condenada,chamada de racista.
Quando estou de bom humor não acredito nas diferenças de gênero,pelo contrário,defendo a idéia de que todos somos humanos e agimos de acordo a nossa consciência, não de acordo ao gênero.Mas em dias não tão bons acredito que existe uma linha invisível que separa o pensamento masculino do feminino.
E ao ler o texto da blogueira, publicado em um site americano,tive certeza disso.Parece que as mulheres conseguem decifrar imediatamente o que ela quis dizer, já os homens reagem e chamam ela de racista e xenofóbica.
A moça conta sua vida na Suécia,esse lugar que para muitos parece o paraíso.Cresceu na igualdade e na justiça.Mesmo assim saiu várias vezes dessa bola de cristal, viajou o mundo inteiro e conheceu outras culturas.
As amigas estrangeiras se cansou de explicar o conceito de paquera na Suécia.Quem gosta de uma pessoa vai lá e puxa conversa.Ao contrário do resto do planeta os homens suecos aprendem desde pequenos que as mulheres são iguais a eles,essa frase de `homem pode,mulher não ´ não existe lá.
Mulheres não são objetos,não são tratadas como brinquedo,não são propriedade de ninguém.Eles não conhecem essa divisão cultural na qual vivemos e parece natural,onde é o homem que tem a iniciativa .
Um dia na Suécia a moça estava com suas amigas em um parque. E ali deitadas, pegando o sol,começaram a escutar comentários de baixo calão.Ao se virarem repararam em um grupo de estrangeiros.Com medo,preferiram ir embora.
No texto ela é clara,defende a imigração, como sueca entende o conceito de direitos humanos melhor do que ninguém, entende a necessidade que existe detrás da imigração e como grandes países se constroem na mistura de diferentes culturas.
Mas sabe também que países como Suécia,Finlândia e Noruega são exceção no mundo.
A Noruega discretamente começa a apresentar rachaduras na parede.Com a imigração os serviços públicos começaram a sentir o peso,o sistema que antes funcionava perfeitamente,agora começa a mostrar sinais de cansaço.
E a questão cultural, que essa moça levanta no texto? Imigrantes não trazem só a vontade de trabalhar e construir uma vida,também carregam sua bagagem cultural,social,emocional.
As suecas que não conheciam o sexismo e o machismo,estão começando a sentir o mesmo desconforto e medo que as latinas,européias e orientais sentem.
Ela pergunta  -É normal se sentir despida com olhares de estranhos?
Não, normal não é,  mas acontece.Muitos homens que chegaram como imigrantes a Suécia levaram o costume  de desnudar as mulheres com o olhar,olhar os seios indiscretamente,fazer comentários de cunho sexual,usar palavras de baixo calão e passar a mão em transporte público.
O horror da sueca diante dessa nova realidade é o horror de quem nunca passou por isso.Como essas meninas suecas vão poder se defender se nem sabem o que é isso? Elas não conhecem as agressões que quase todas as mulheres passam no mundo inteiro, nunca foram tratadas como objetos nem consideradas brinquedos sexuais.
Até em países de primeiro mundo como os Estados Unidos existe uma campanha para ensinar as mulheres a dizerem `não ´ e os homens a entenderem esse `não ´,um país poderoso ensinando isso,diante do enorme número de estupros em campus universitários,já que os americanos confundem as coisas como os latinos e tendem a acreditar que se uma mulher freqüenta alguma festa na universidade está automaticamente pedindo por sexo.
Apesar do cuidado,o texto da sueca caiu em desgraça.
Os homens que leram o blog acusam ela de ser xenofóbica e incentivar o ódio aos estrangeiros.Ela se defende, dizendo que apenas quer de volta o direito de freqüentar parques e não se sentir assaltada sexualmente,nem por gestos nem por palavras.
Por matemática a blogueira deveria saber que não tem pra onde correr.Existem apenas três países no mundo que respeitam a mulher e com o passar do tempo eles serão invadidos por outras culturas,acostumadas a maltratar e abusar das mulheres.
Em poucas décadas a cultura predominante na Suécia será estrangeira e com o tempo todos os tipos de violência serão inseridos no dia dia delas.
Hoje parece anormal alguém passar a mão em uma mulher sueca em um transporte coletivo.Mas e amanhã?
O futuro? Será pior do que ela imagina.Fechar as fronteiras é considerado um gesto de má  vontade política, xenofobia e não resolve a questão.Já existem suficientes imigrantes na Suécia com filhos, passando de geração em geração a idéia de que mulheres são objetos.
O mundo pode mudar e deixar para trás essa mentalidade?Não.Pelo menos não será nesta vida,ainda vai levar uns séculos.
Não houve tempo das coisas mudarem e se transformarem como foi na Suécia.Agora as mulheres de lá estão condenadas a perder o status de cidadãs e se tornarem mulheres,como no resto do mundo, esse gênero perseguido,torturado,estuprado e escravizado.
Era para que nós mulheres latinas,européias e orientais chegássemos ao ponto onde as suecas estão.Éramos nós que sonhávamos morar em um lugar sem preconceitos,mas o mundo virou do avesso de vez  e agora serão as suecas e norueguesas que vão se unir a nós.Parece que os machistas ganharam e não existirá um lugar na Terra onde uma mulher não seja tratada como objeto.

Mas as coisas ainda estão acontecendo e a história sempre pode tomar outro rumo,talvez  isso que aconteceu na Suécia seja um alerta para todas as mulheres no mundo para pressionar os governos a investir na educação,só ela pode mostrar o caminho certo para todos e garantir  uma sociedade melhor e igualitária,onde os direitos de todos sejam respeitados.