quarta-feira, 27 de maio de 2020

Respira fundo


A primeira vez que pratiquei yoga foi na faculdade. Já faz bastante tempo e lembro perfeitamente de como me senti. Paz. Apesar de tecnicamente nunca ter sido diagnosticada com ansiedade generalizada, ao que tudo indica sofro desse mal. Naquele dia, porém, experimentei a deliciosa sensação de alívio ao tirar um sapato apertado.

Segundo a tradição Hatha Yoga cultivar a saúde e a força do corpo físico tem como propósito a autoconsciência, ligar-se com a Consciência Suprema. Você pode não acreditar em chakras, que nós somos organismos energéticos, mas é difícil negar que exista ligação entre emoções/pensamentos e enfermidades físicas. Quem nunca teve uma dor de barriga ou de cabeça ao ser tomado por grande emoção?

Para a medicina ocidental, respirar é simplesmente um fenômeno fisiológico que garante as transformações químicas para o organismo viver. Para a ciência yogui a respiração é mais do que isso: ela é também psicológica e prânica (energética). É por meio desse processo duplamente voluntário e involuntário que conseguimos estar presentes de fato. “Estar presente” é um enorme desafio e não à toa adquiriu status de clichê filosófico: o tempo passado e futuro muitas vezes têm mais importância do que o aqui e agora.  

Durante a prática das ásanas (posturas físicas), o controle da respiração é vital. Conscientemente ritmamos a expiração e a inspiração enquanto nos movimentamos, conseguindo assim mais controle sobre nós mesmos. O objetivo não é conseguir controle total sobre nada, mesmo porque a vida é fluxo, mas com o yoga aprendo a cada dia como não me deixar tão dominada por emoções que são reações apressadas de eventos externos.

Por tudo isso, quero compartilhar aqui um dos muitos exercícios respiratórios (pranayama). Antes, gostaria de reforçar os ensinamentos dessa tradição que atenta para a importância de se respirar pelo nariz (a boca só deve ajudar em caso de enfermidade) e da respiração diafragmática (abdômen).

Kumbhaka

O exercício consiste em ritmicamente inspirar, prender o ar nos pulmões e expirar, recomeçando novo ciclo. Deve-se fazer uma contagem mental observando a proporção de 1s para inspiração, 4s para retenção do ar e 2s para a expiração. Por exemplo: conta 3s inspirando, retém o ar por 12s e soltar o ar contando até 6s. Gradativamente, pode ir aumentando o tempo. Esse exercício traz o efeito terapêutico de tranqüilizar o ritmo cardíaco e o sistema nervoso. Experimente fazê-lo com freqüência, especialmente quando se sentir estressada (o) ou angustiada (o).

O conselho dos antigos "respira fundo" não deveria mesmo ser ignorado. Por último, quero deixar a poesia da jovem cantora e compositora Sara Curruchich que encanta nos lembrando que somos vento... o ar que é a conexão entre nós e o universo.


domingo, 24 de maio de 2020

Recomeços

Ela acordou, sentou-se na cama com pouca coragem de começar outro dia. Olhou para a janela fechada e viu a luz que passava pelas frestas, invadindo o quarto sem ser convidada. Em questão de segundos todas as demandas diárias passaram como um filme em sua mente, desencorajando-a ainda mais. Ao mesmo tempo, enquanto olhava a janela, sentiu certa satisfação pessoal pelo potencial poder que se figurava à sua frente naquele momento “não preciso abrir, eu decido o que entra ou não em minha casa”.

Assim, decidiu que naquele dia manteria todas as janelas fechadas. Tomou seu café, assistiu o noticiário, cumpriu seus deveres com o trabalho, fez um bom almoço, escutou música por algumas horas, preparou um chá no fim da tarde, e à noite, preparou o jantar, tomou um vinho, um banho e se deitou. “Amanhã será melhor”.

Na manhã seguinte, a luz do dia precipitou-se por entre as frestas da janela, e mais uma vez ela decidiu que não a deixaria entrar. E assim se foram dois, três, quatro dias, uma semana, um mês, um ano, ou vários deles, já não se lembrava. As janelas permaneceram fechadas.

A vida passou repetida, os mesmos momentos, o isolamento, o resguardo, as tristezas abafadas, os fracassos engavetados, o medo de amanhecer no dia seguinte com o propósito de abrir as janelas, ser melhor do que no dia anterior e fracassar. As janelas fechadas a poupavam de tudo isso, poderia ser ela com ela mesma, fazendo planos imaginários, travando diálogos encorajadores, realizando tudo o que sonhava, sem precisar se preocupar com o que vinha junto com toda aquela luz dos dias que se passavam lá fora.

Mas nada é imutável.

Certo dia acordou, sem saber precisar há quanto tempo as janelas estavam fechadas. Olhou-se no espelho da penteadeira é só então sentiu que havia envelhecido ali, no escuro, sob as luzes artificiais. Aproximou-se da janela, passou os dedos sobre a madeira já empoeirada, segurou a tranca e a abriu apenas um pouco. Um leve rangido ecoou  e ela sentiu o ar muito frio e úmido invadir seu quarto e tocar seu rosto. Teve medo. Impulsivamente bateu a janela e voltou a trancá-la com toda a força. 

Chovia demais lá fora, não parecia seguro. Amanhã tentaria de novo.

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Parar para ver o Outro

O rei invisível
coroado até no nome
Sem proferir uma palavra
Fez o mundo todo parar.

Parar para ver o Outro
o Outro que não é alheio
Já que tudo o que faz por ele
Atinge também a mim
Porque tudo se conecta
Se contagia
Tudo é viral.

Parar para ver o Outro
O Outro a quem sem demora
Se amará mais e agora,
pois a firme garantia no Depois
é coisa que ficou no Antes.

Parar para ver o Outro
O Outro a quem não se via
Os subnotificados
do dia a dia
mascarados de cara limpa
Sem home, mas com fome,
Sem office, mas com óbice.

Parar para ver o Outro
o Outro que também sou eu.

(...)

E já não há retorno
É um caminho sem volta
Para uma nova forma de olhar.
Para uma nova forma de ser.

(...)

O rei invisível
coroado até no nome
Fez o mundo ver,
enfim,
Que sem o Outro
Será o fim.











quinta-feira, 21 de maio de 2020

Tardei, mas...

Gente... Mês que vem vou procurar postar bonitinho, todo mês, sem falta, ok?
Perdão pelas faltas...
Grande abraço!

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Intervenção judicial, já!

“Aos amigos, tudo, aos inimigos, a lei.” A origem da frase é incerta. Desvendar o autor fica mais difícil quando o conteúdo se encaixa perfeitamente com tanta gente ao longo da história.

Ultimamente parece que sequer os amigos merecem tudo. Os cidadãos, sobretudo os ‘de bem’, reivindicam para si as leis. Não todas, nem ao pé da letra, mas cidadão ‘de bem’ que se preze age dentro da lei.

O direito não é uma ciência exata. Daí a necessidade de juízes, advogados, tribunais de diferentes estâncias e um longo caminho até conclusões, nem sempre consensuais. Ainda assim o contraditório tem sido esgarçado além do limite.

Os mesmos que evocam o sagrado direito constitucional de ir e vir, desrespeitando a quarentena e colocando vidas em risco, fazem manifestações contra a democracia, evocando a intervenção militar. Conspirar contra a democracia é vetado pela mesma constituição que garante o direito de ir e vir – que não está proibido, só não é recomendado.

A leitura, seletiva, das leis conta com a aplicação, seletiva, das leis. Não faltam exemplos de trabalhadores, muitas vezes professores, que fizeram manifestações legítimas por melhores condições de trabalho e foram espancados por policiais militares, que alegavam a defesa do direito de ir e vir para coibir quem tem, pela mesma constituição, direito de se manifestar.

Bem diferente é o tratamento que a polícia militar dispensa aos que pedem a intervenção militar. Neste caso as aglomerações em época de pandemia, que chegam a impedir a passagem de ambulâncias, recebem, quando muito, uma nota de repúdio de governadores que no passado não hesitaram em ordenar o uso da força contra professores.

A leitura seletiva não é um fenômeno recente, nem restrito ao direito. Antes das leis escritas como conhecemos, a igreja ditava as regras sociais. Aos amigos era oferecido tudo, aos inimigos, o fogo do inferno – que já começava incendiando inimigos em praça pública.

Hoje muitos estão determinados a seguir a Bíblia mais do que a Constituição. Ignoram pontos que não fazem sentido, como restrições alimentares ou de vestimentas, e seguem à risca pontos que igualmente não fazem sentido nos dias atuais.

Assim como fazem com a Constituição, vale à pena distorcer um versículo aqui e um artigo ali, para seguir sendo um cidadão “de bem”, livre para cometer barbaridades supostamente amparadas por uma legislação que só existe na cabeça de quem acredita.

segunda-feira, 18 de maio de 2020

os pássaros não sobrevoam as áreas de quarentena


São Paulo, segunda-feira, 18 de maio de 2020

- os pássaros não sobrevoam as áreas de quarentena - Cristina Santos - post 1 - Blog das 30 pessoas - 

     Oie! Espero que estejam bem. Meu nome é Cristina Santos e todo dia 18 irei postar crônicas ou contos ou poemas ou confissões ou ... Enfim ... eu conto com a visita de vocês. Vamos lá!

     Eu adoro as letras das músicas do Raul Seixas. Diante do cenário atual, a composição: O dia em que a Terra parou, nunca fez tanto sentido. Já a música: Tente Outra Vez, é uma letra que me acalma, que renova a minha esperança. 

     De uns tempos pra cá, tendo sentido uma mistura de improváveis e novos sentimentos. Sei que não estou sozinha. De acordo com os jornais e a internet, infelizmente aumentou o número de pessoas com transtornos psicológicos. Precisamos nos cuidar e cuidar das outras pessoas. Precisamos escutar e nos fazer escutar. União. Empatia. John Lennon escreveu: Imagine.

     No final de março de 2020, confesso que não sei como, mas consegui escrever e gravar um vídeo do meu novo texto: os pássaros não sobrevoam as áreas de quarentena. A minha tentativa foi passar uma mensagem de esperança. Que as pessoas sintam-se abraçadas, pois é como me sinto, quando escuto: Tente Outra Vez. 

     Então, junto com o meu primeiro post, compartilho o link do meu vídeo: os pássaros não sobrevoam as áreas de quarentena. 

     Que a nossa esperança se renove. Sintam-se abraçadas e abraçados. Cuidem-se. E até a próximo post.
     Beijos
     Cristina Santos

" Nunca me esquecerei desse acontecimento
   Na vida de minhas retinas tão fatigadas  "
- Carlos Drummond de Andrade - No meio do caminho -   


           


sábado, 16 de maio de 2020

PESCADAS

Luz apagada, fecho o livro e os olhos. O corpo relaxado, um suspiro longo para acomodar o sono e ouço um eco do que acabo de ler: o pai do escritor Lima Barreto, subitamente, enlouqueceu. Foi dormir lúcido e, no meio da madrugada, acordou delirando. Nunca mais se recuperou. A imagem desse pai dormindo na véspera da loucura me traz a curiosidade de saber como é o meu próprio rosto neste momento em que estou estirado na cama, madrugada nascendo. Das questões infantis que me acompanham ainda hoje: saber com qual rosto os outros me reconhecem. E ao pensar em meus traços, a imagem que surge é do meu avô (com quem eu me pareço) deitado em seu caixão, prestes a virar cinzas. Sou eu ali, morto? Sorrio, como também minha mãe sorria em seu próprio velório. Meu avô estava lá, se despedindo da filha. Quando na vez dele, eu estava lá, (como estou agora, revendo seu rosto) velando o corpo ao som da música caipira que tocava ao fundo: Saudade de Matão. A convivência com o gosto musical desse avô, aliada ao discos que meu pai escutava, fez do caboclo que habita em mim alguém que muitas vezes toma minhas mãos para escrever meus textos. E quando adentro essa roça da imaginação, a referência é quase sempre uma fazenda em que fui uma única vez, criança. Parentes de uma vizinha que gostava muito de mim. E sua sobrinha, moradora da fazenda, também me gostava, à ponto de procurar subterfúgios, naquela exclusiva visita,  para me arrancar um beijo. Na época não percebi esse estratagema, estava ocupado em apreender a vida no campo. Quando me dei conta de que Raquel queria me beijar, já estava longe e, num misto de vergonha e raiva, ri exageradamente de qualquer piada que fizeram no carro.
Raquel era sobrinha de dona Ana, o rosto que me visita agora, luz fechada, livro apagado, olhos por dentro. Por que penso em dona Ana agora? Lembro que passava muito tempo na casa dessa mulher, mais velha que minha mãe. Ela parecia gostar da minha presença, mas talvez minha memória não enxergue os olhos virados de quem preferiria estar assistindo televisão. Não, dona Ana gostava mesmo de mim, me trazia laranjas da fazenda, me oferecia leite com chocolate, me apresentou o café. Dona Ana e seu marido (como era o nome dele?) que tinha um dedo à menos por conta de um acidente com fogos de artifício. Imagino o estouro e logo sou lançado a uma recordação: estou na rua, ano-novo pipocando e meu avô me ajudando a estourar um rojão. Saiu um tiro. Saiu o segundo tiro. O terceiro se recusou. Esperamos alguns segundos, mas nada. Meu avô, segurando o rojão comigo, abaixou o objeto, que estourou o pavio no exato momento em que estava frente aos meus olhos. Gritos, choro. Os adultos me socorrem. Meu avô se desespera e fico com pena de sua culpa materializada em uma caminhada sem sentido. Paro de chorar, está tudo bem, vô. Olha, até consigo piscar.
Pisco de olhos fechados, forçando as pálpebras que já descansavam, livro sem luz. Dona Ana rindo porque bebi água com formiga sem perceber, ela dizendo que tamanduás não precisam de óculos, uma vez que esses insetos fazem bem para a vista. Acho que engoli poucas formigas, minha miopia bem sabe. Só agora me atento que sempre gostei da companhia dos mais velhos. Ao mudar de bairro, deixo dona Ana (por onde anda Ana, dona?) e começo a frequentar a casa da tia paterna. Anete gostava de ler - muito - e compartilhava comigo este sabor. Contava enredos, me fazia inventar outras histórias (meu pai também tinha prazer em criar comigo; era brincadeira familiar deles?). Anete foi que me ensinou  a língua do P, da qual fiquei fluente, conversando por horas nesse nosso idioma secreto. Ela quem me apresentou o kiwi, a fruta-pássaro que conseguiu se colocar em um patamar próximo ao das laranjas, paixão do menino. Ana, Anete, Iolanda, a tia materna que virou minha próxima companheira mais velha. Esse “an” se repetindo nos nomes pelos anos. Iolanda e nossas risadas madrugada adentro, acordando meu avô: vocês falam muito, ele resmungava, antes de voltar para a cama.
Abro os olhos novamente, não deliro nem estou morto. O pai de Lima Barreto continua ali no livro, recontado em sua repentina insanidade. O quarto escuro, a respiração da companheira e dos cães espalhados no quarto nessa noite fria confirmando a vida. Tudo ocorrendo por décadas ou – eita! – nos últimos dez minutos. Luz apagada, livro os olhos de estar acordado e dou boa noite a todos que conversam aqui dentro: vocês falam muito.

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Pequenas alegrias

Queridos leitores e queridas leitoras,

Sou dessas que acredita que a felicidade está nas pequenas coisas. Ela também pode estar em conquistas maiores, como conseguir uma bolsa de estudos no exterior, ser aprovado no vestibular, conseguir um bom emprego e etc. Mas a satisfação real e permanente está nos detalhes, em saber apreciar e contemplar os detalhes do dia a dia. Pelo menos é assim que eu enxergo.

Então,  hoje farei uma pausa na minha sequência de posts sobre o intercâmbio no UK para compartilhar com vocês as pequenas alegrias que me fazem feliz, mesmo nos momentos difíceis.

1) Ver o pôr do sol / anoitecer (foto no post do mês passado, link abaixo)
2) Ver uma flor nova nascendo nas minhas plantas
3) Sentir o cheiro do meu pé de hortelã e ver ramos novos crescerem
4) Fazer pão e depois comer o pão delicioso que eu mesma fiz
5) Sentar na minha rede / cadeira suspensa (veja ao lado)
6) Falar todos os dias com meu namorado gato e intelígentíssimo!
7) Sonhar acordada (sou craque nisso)
8) Caminhar no meu bairro e em volta do parque (embora sozinha e de máscara)
9) Conversar em portunhol com o meu amigo mexicano
10) Ligar para os meus pais nos domingos 

A lista é bem grande, pessoal! Mas para não deixar vocês cansados, vou parando por aqui. Me conta nos comentários qual a pequena alegria que te deixa feliz?

Abraços e até breve!



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sábado, 9 de maio de 2020

O peito de Carolina

Depois de um dia muito cheio, que incluiu aventuras, caça, comilança, banho de sol, banho de gato, soneca, peripécias, brincadeiras com minha filha, esfregação no chão, na parede, no portão, no muro, nos móveis e nas minhas pessoas preferidas, mais soneca, correria pela casa, mais comilança e mais peripécias, gosto de repousar no peito de Carolina. 

Quando ela se deita, e começa a ler, eu subo em seu tronco (ás vezes delicadamente, ás vezes em um pulo para surpreendê-la- é tão engraçado o gemido que ela faz quando pulo em sua barriga), e me ajeito até encontrar a posição perfeita em seu peito. 

E a posição perfeita é aquela em que posso sentir o calor do seu corpo, a movimentação de seu tórax conforme o ar entra e sai de seus pulmões, e seu cheiro amendoado. Enquanto ela ouve meu ronronar, eu ouço as batidas do seu coração, e isso me acalma, me faz sentir segura e protegida, como se nada pudesse me abalar, enquanto me embalo em seu peito... e, finalmente, adormeço. 

Um sono puro e doce, como o de todos os gatos.


quinta-feira, 7 de maio de 2020

¿Y ahora hacia dónde?



¿Y ahora hacia dónde?

Estos días leí una nota en el diario El País de España donde consultaban a distintos profesionales reconocidos de distintos lugares del mundo y distintas profesiones, sobre que depararía el futuro luego del coronavirus. Algunas respuestas fueron un tanto ingeniosas, otras...normales:

 

- Algunas pesimistas:


- Algunas inentendibles:


- Otras, descomunales:


Pero por sobre todas las cosas, la característica que reúne a todas las respuestas, es la falta de unión. Cada uno busca una solución desde su propio punto de vista, olvidando que si existe un problema universal, no se puede plantear una solución por cada persona que hable.

Quizás para encontrar una verdadera solución, una solución duradera deberíamos volver a preguntarnos ¿qué es el ser humano? ¿Cuál es su rol en la naturaleza? Podríamos tratar de buscar un camino que tomar, si pudiéramos mirar en conjunto hacia una dirección común, si pudiéramos despertar el sentido del bien común nuevamente.

En tiempos donde la opinión le robó el lugar a la razón y a la intuición, en tiempos donde cada uno dice lo que se le ocurre y no se busca profundamente un rumbo que por ser humano nos abrace a todos, en tiempos de urgencias y de inmediatez, una gripe que mantiene al mundo en vela durante 3 o 4 meses nos parece el fin del mundo.

A lo mejor, si intentamos buscar en las circunstancias, si logramos ver un poquito más en profundidad cuales son las causas que nos llevaron al punto donde estamos, tal vez de esa manera podríamos saber a donde dirigirnos.

Podemos aprender de las generaciones anteriores que nos dieron la vida, y preparar el terreno de la mejor manera para las venideras. Podemos aprender de las culturas clásicas, que con sus defectos y virtudes, lograron sobrevivir al paso del tiempo y hasta el día de hoy podemos conocerlas habiendo pasado más de 10000 años en algunos casos.

Ya sabemos que un carro que sus caballos tiren en direcciones opuestas no llega a ningún lado. La humanidad hoy es como un carro, donde los caballos que traccionan solo marchan hacia adelante sin saber muy bien a dónde y sin poder verlo tampoco. El auriga que debe conducirlos se bajó y las riendas están sueltas. Quizás sea hora de que cada uno de nosotros se eleve sobre su propio carro, o sea, sobre su personalidad; y armonizando su cuerpo, sus emociones y sus pensamientos empiece a marchar con rumbo claro.

Lo bueno es que la solución para un mundo mejor, no está más lejos que donde llegan nuestras manos. Poniendo la buena voluntad en acción, dejando de lado el egoísmo y retomando la búsqueda humana de lo bello, más allá de las formas y las modas; de lo verdadero, más allá de las opiniones y las palabras vacías; de lo justo, más allá de las atropellantes injusticias y, sobre todo de lo bueno, que inspire a ser cada día un poco mejor que ayer, así no hay dudas de que encontraremos hacia dónde ir.

"¿Quieres conocer el futuro? Observa el presente y estudia el pasado que son su causa" Decía Buda.

Franco P. Soffietti

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Ambiguidade

Era como se a voz fosse uma só.
Quando começavam a falar aquele som grunhido saia das duas bocas e ouvia-se apenas uma. As línguas cadenciavam, não é que se entrelaçavam, se uniam sem sobreposição.
Aquela unidade assustava.
Não foi à toa que começaram a pronunciar o que não queriam.
Discordavam não para dizer diferente, apenas para falar com cada voz sua.
E se fosse necessário gritar, gritavam! Cada eco vibraria uma última palavra diferente.
Assim, doía menos; a carne já havia desfiado. E o espanto do uníssono se diluía, escorregava goela abaixo por cada qual.
Pararam de se ouvir, assim tão pouco falavam. Era preferível a beleza do coro involuntário.
Quando não havia jeito, e sabiam que a voz era um mesmo caminho, falavam em perguntas que sempre eram respondidas positivamente.
Porque não havia questões. 

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Manual de Sobrevivência no Tinder


Manual de Sobrevivência no Tinder








Dos últimos dez encontros que você teve quantos vieram de apps como Tinder?
No meu caso 100% deles.


O uso de aplicativo de encontros tem se tornado cada vez mais comum e presente no nosso dia a dia, e isso tem mudado muito a forma como interagimos e conhecemos outras pessoas. 
Será que as pessoas perderam o jeito para paquerar presencialmente?  Estamos mais tímidos? Ou os aplicativos são apenas um meio mais prático?

Seja qual for a resposta, o fato é que as pessoas estão usando, e a variedade de opções e dinâmicas proporcionadas pelos aplicativos – como se estivéssemos servidos de um cardápio de gente – pode tornar a experiência de usar o tinder bem ruim e desafiadora.

Conversas que morrem do nada, aquelas pessoas que só querem transar, aquelas que colecionam matchs… uma infinidade de coisas. Nenhuma delas está necessariamente errada, desde que tudo seja feito com clareza e responsabilidade emocional.

Mas se você for como eu e ainda espera encontrar o príncipe encantado, aqui vão algumas dicas que reuni com pessoas que usam ou usaram o Tinder por muito tempo. Algumas casaram e outras saíram traumatizadas, mas dividiram um pouco do seu aprendizado de como ter uma experiência menos ruim nesse mundo da paquera online. - A primeira que já posso adiantar é não esperar pelo príncipe encantado -

1# Deixe filtros no início da descrição


Muitas vezes os usuários vão dar Match pela suas fotos e vão ler o menos possível. Esse é o Modus operandi de boa parte do público do Tinder, e apenas quando ficarem na dúvida é que vão dar atenção a sua discrição. Se você quer evitar dor de cabeça, coloque no topo da sua descrição as coisas mais importantes. (As primeiras palavras aparecem junto da foto)
Um #EleNão costuma afastar muita gente problemática.

2# Fuja de quem pede para chamar no Instagram


Essas pessoas só querem seguidores. Normalmente elas já deixam o @ na descrição da bio. Usam a desculpa de “uso pouco aqui” ou “lá eu respondo mais rápido” apenas para conseguir angariar mais seguidores nas suas redes. Provavelmente, depois de segui-lo vai te responder uma ou duas vezes, e depois te ignorar.

3# Não vá para o WhatsApp


Às vezes, você vai engatar numa conversa com alguém interessante no Tinder e provavelmente a pessoa vai pedir seu whats app. Quando a conversa migra para outros aplicativos, há grandes chances do assunto simplesmente morrer. E aí costumam aparecer aqueles sintomas da ansiedade, a espera por respostas que nunca chegam e você vai ficar se perguntando: "por que a pessoa parou de responder?" "o que você disse de errado?" até que você abandona o contato eternamente e tem que se dar o trabalho de excluir para não ficar com uma dúzia de contatos aleatórios na agenda.

A vantagem de permanecer do chat do Tinder é exatamente essa. Livre de nudes indesejadas, sem “foto de agora” e sem cobrança do tipo “você tava online e não me respondeu”.

Então não vá pro whats app. O ambiente do Tinder é mais seguro e evita situações chatas.

4# Você não precisa gastar todos os seus likes



E por último, vários amigos comentaram que tornaram uma rotina gastar todos os likes disponíveis do Tinder. “É pra aumentar as chances” eles dizem, e isso acabou se tornando uma obrigação.

“Se eu não gastar todos os likes eu vou perder, e só depois de 12 horas vou poder fazer de novo”.
Esse comportamento é bem danoso, porque chega uma hora que você só vai curtir todo mundo pra gastar os likes e “acabar logo a tarefa”. 

Isso vai gerar vários matchs que talvez você não quisesse tanto assim, e então você se tornará o acumulador de Matchs que tanto reclamam.

O algoritmo realmente dará mais destaque para quem utiliza mais, mas ele também vai favorecer quem pagar pelo serviço. Então não precisa “gamificar” a situação e torná-la uma tarefa chata.
Só use no seu ritmo. Enxergar relações como um jogo só tornam as coisas mais complicadas. 


Essas foram quatro dicas para sobreviver a esse novo modo de paquerar. Não são regras, apenas estratégias para evitar comportamentos comuns e pessoas tóxicas no Tinder. 
Só tente se lembrar que seu tempo é valioso, e você também.

Se valorize, lave as mãos e fique em casa(se puder)!


segunda-feira, 27 de abril de 2020

Quarentena

Estou há quarenta dias literalmente sem praticamente sair de casa. Fui ao mercado por três ou quatro vezes e só. Todos os dias em casa. Todos os dias. Todos os dias. É muito estranho viver em 2020.

Por outro lado, passaram-se quase dois meses e não sinto tédio, a repetição dos dias. Ao contrário: acordo, faço refeições e já é hora de dormir de novo. É como se os dias tivessem duas horas apenas. É uma tensão constante tanto pelo avanço da pandemia, os negacionistas, o medo da morte, mas nada comparado ao efeito que a política nacional tem sob os meus pobres nervos.

Desde o resultado das eleições presidenciais de 2018, minha ansiedade se agravou muito. A junção do totalitarismo com fanatismo religioso equivale pra mim ao que os cristãos chamam de inferno. Fico esperando a notícia de que a constituição democrática será substituída por outra autoritária a qualquer momento. Conversando com uma amiga sobre isso, ela lembrou do filme “Mate-me, por favor”, pois ele aborda como a angústia da ameaça pode se tornar insuportável a ponto de a morte ser preferível a essa espera. Às vezes, a tortura está na imaginação do futuro terrível que pode, inclusive, não se materializar.

Numa das madrugadas em que a ansiedade não me deixava dormir, acabei caindo numa vídeo-aula de Tai Chi Chuan. Três horas da manhã e estava eu ali “braços flutuando para cima, braços flutuando para baixo”. Foi bom, consegui dormir. No dia seguinte, continuei a saga refletindo sobre o conceito de fluxo presente no Taoísmo. É uma ideia que encontra eco dentro de mim, porque no meu íntimo sei que a vida está em constante movimento e que não cabe a ninguém o controle dela. Mas minha paz é roubada pelo medo de algo pior do que o presente acontecer, o que me faz ansiar por receber de uma vez a sentença final.

Há uma entrevista com o ator Bruce Lee na qual ele dá o famoso conselho “seja como a água, meu amigo”. Acho que é um bom conselho. Faço muito esforço para segui-lo. E quem sabe até o final desse período de confinamento eu consiga me desenvolver mais. 


sexta-feira, 24 de abril de 2020

“E se...?”

“Fernanda, pelo contrário, procurou-a unicamente nos trajetos do seu itinerário cotidiano, sem saber que a procura das coisas perdidas é dificultada pelos hábitos rotineiros e é por isso que dá tanto trabalho encontrá-las” (Cem Anos de Solidão – Gabriel García Márquez)

A primeira vez que li o romance do García Márquez, tinha por volta de 19 anos, aproximadamente 1 ano e meio após a morte do meu pai. Fiquei apaixonada, tanto pela complexidade da história, que de tão complexa se torna simples, quanto pelo cíclico e interminável resgate de memórias, vivências e traumas familiares, e naquele momento estas questões eram muito importantes pra mim.

Reli o livro ano passado e ao mesmo tempo fui relida. Destacaria muitos trechos que trouxeram reflexões, mas sem dúvida esse com que inicio o texto, foi o mais profundo de todos. E o mais surpreendente é que esse excerto continua a se reatualizar e ressignificar muitas histórias e contextos na minha vida.

Quando estava relendo o livro, vivia o retorno de um relacionamento que desde o início esteve fadado ao fracasso, mas que estava ali, novamente impondo-se no meu cotidiano e ao qual ainda era apegada e tinha grande dificuldade em “deixar ir”. Era um recomeço, era como “encontrar algo perdido”. Ao mesmo tempo, sentia García Márquez conversando comigo (para além da coincidência entre meu nome e o da personagem), era eu tentando reencontrar a mim mesma, em meio a um turbilhão de sentimentos que se colocavam naquele momento em minha vida pessoal e profissional.

Talvez já esteja posto, ou ainda precisarei de muito tempo pra deixar isso minimamente mais claro, que os textos que coloco aqui trazem reflexões de mim mesma. “Claro”, qualquer um diria, “escrevemos para isso”. Mas não é somente isso, as reflexões sobre mim mesma estão muito relacionadas ao que sou, e a como me coloco e expresso no mundo. Uma de minhas maiores preocupações na vida é ter sentido, fazer sentido, e pra isso é fundamental conhecer a mim mesma.

Dito isto, voltando ao livro, e mais particularmente ao trecho que destaquei, penso, neste momento em que decidi fazer uma reflexão sobre ele pra postagem de hoje, que talvez as nossas concepções sobre os trajetos de nossos "itinerários cotidianos", nunca mais voltem a ser as mesmas. Seria ótimo, se assim fosse, por um passo adiante, o avanço de um degrau, pelo rompimento de algumas certezas às quais éramos apegados, etc.; mas como tem se dado, diante de uma crise mundial de saúde pública, forçosamente estamos tendo que reaprender e criar dia a dia um novo cotidiano que em nada se assemelha ao que tínhamos antes, quando tudo era previsível e racionalizado.

“E se...?” é o que mais tenho me perguntado nestes dias, sem conseguir definir planos e metas que ultrapassem dois, três dias, no máximo uma semana. Perdemos todos os prazos, adiamos compromissos, fechamos nossas casas e não sabemos como vai ser amanhã. É sensato, manter a mente tranquila, comprometidos com nossos afazeres, sejam eles quais forem, mas não há como negar que a insegurança quanto ao amanhã, como a chegada dos feriados esperados para nos reunirmos com aqueles que nos são caros, os aniversários dos amigos, os abraços apertados, as longas conversas na mesa do bar, os beijos apaixonados e o vai e vem cotidiano da vida não nos deixe tristes e assustados. “E se...?”.

Tenho me voltado muito pra mim, respeitando meus limites, os meus “quereres”, os meus pequenos talentos, capacidades para coisas que antes não sabia possuir, minha preocupação com aqueles que amo, com meu trabalho, enfim... tenho aprendido muito sobre mim mesma e isso, por si só, é grandioso. Mas como é difícil querer me encontrar fora dos meus “itinerários cotidianos”, em um lugar em que tudo é dúvida e incerteza. Talvez, se García Márquez fosse vivo hoje e estivesse escrevendo seu romance, Cem Anos de Solidão tivesse outro sentido,  com muitas “coisas perdidas” e poucos “hábitos rotineiros”.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Cão que lattes

O professor universitário
Mestre em pós-modernidade
Doutor em fenomenologia
Pós-doutor em Filosofia da Consciência
Que fala com desenvoltura
Sobre ética em Espinosa
Epistemologia em Kant
A esfera pública em Habermas
O poder em Foucault
Ontologia em Nietzsche
Não sabe ligar o ventilador.


segunda-feira, 20 de abril de 2020

Gados não fazem escolhas

Ontem foi Dia do Índio. Não fosse a pandemia, muitas crianças teriam vestido fantasias ridículas, feitas com papel crepom, para estereotipar os povos indígenas com cocares e tangas, de uma forma que só existe no imaginário preconceituoso. Pelo menos a pandemia livrou uma geração de ter que esconder pelo resto da vida uma foto de gosto duvidoso.

Aos indígenas a pandemia não trouxe alívio algum. Em São Paulo a Construtora Tenda luta na justiça para expulsar indígenas Guarani Mbya do minúsculo território demarcado no Pico do Jaraguá. Para erguer cinco prédios para cerca de 800 moradores a Tenda teria que derrubar mais de 4 mil árvores, na cidade que já quase não tem áreas verdes.

Longe dos centros urbanos a situação é ainda pior. Na floresta, 4 mil árvores derrubadas seriam uma pequena parte do ataque às reservas. A promessa de quem hoje ocupa o Palácio do Planalto sempre foi não dar mais terras aos índios, sem perceber que as tais terras sempre foram de indígenas, expulsos há séculos de terras que ocupam há milênios.

Em meio à crise do Covid-19 a notícia de uma safra acima da média traz respiro à economia, defendida até a morte, desde que a morte de pessoas que supostamente merecem morrer. Para quem ainda vê os povos indígenas como um mero empecilho ao progresso e as mortes em decorrência do vírus como um mal necessário em prol da economia, é a prova de que o caminho correto é o desmatamento para a agricultura ou para a criação de gado.

Difícil saber quantas pessoas têm esse pensamento, mas não são poucas.  Muitas chegam a se aglomerar em passeatas a favor do presidente. Não, não são gado, são pessoas, como eu ou você. Animalizar adversários políticos, sobretudo quando defendem a barbárie de forma tão explícita, é tentador, mas não ajuda em nada. Gado não tem opção. Age da única forma que poderia agir. Manifestantes, de qualquer espectro político, têm a possibilidade da escolha.

Entre passeatas que parecem dar fôlego ao presidente e os panelaços que parecem desejar fritá-lo, melhor uma análise de pesquisas. Não são tão empolgantes, não ganham no grito, muito menos na bala, mas revelam um perfil mais preciso da população.

Segundo o Datafolha, o mesmo instituto que a extrema-direita exaltava ao indicar baixa popularidade de Dilma e agora desqualifica, como desqualifica qualquer coisa que não exalte o presidente como unanimidade inquestionável, indica que entre líderes mundiais, o brasileiro é um dos poucos que não teve sua popularidade aumentada com a crise. Também indica que é a pior popularidade de um presidente em primeiro mandato, desde Fernando Collor.

Pode parecer empolgante para quem nunca se conformou com a cadeira presidencial ocupada por um demente incapaz. Por outro lado, só 17% daqueles que elegeram o presidente se arrependeram do voto. A popularidade foi estabilizada há meses e se algo entre 30 e 35% de aprovação é pouco em condições normais, diante de todas as insanidades, ignorâncias e barbáries cometidas, é suficiente para que o presidente se sinta confortável e livre para fazer o que quiser.

Não são gados, são pessoas. Assim como observado pela filósofa Hannah Arendt, ao criar o conceito de “banalidade do mal”, são pessoas comuns. Se intitulam até de “pessoas de bem”, que ao tirar a camiseta da CBF que vestem para protestar contra a corrupção (!) costumam ir para a igreja, falam em nome de deus, se vestem bem, vão a shoppings, fazem compras, confraternizam com amigos e familiares.

Tudo isso ao mesmo tempo que defendem um regime autoritário que reprima ou eventualmente aniquile opositores. São aqueles que justamente por viverem da exploração do trabalho, não admitem que trabalhadores fiquem em casa. São os que, beneficiados pelo alto desemprego, sabem que caso os trabalhadores morram, basta contratar outros. Se indígenas morrerem, diminui a dificuldade de obter mais terras.

Não são gados, são pessoas, conscientes e sórdidas ao ponto de relativizar os fatos mais evidentes. Gados agem por instinto, da única forma que poderiam agir. Pessoas têm escolhas e podem optar pelo pior, fechando os olhos para as consequências nefastas em quem não reconhecem como semelhantes.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

A pandemia e a viagem cancelada

Olá leitores queridos e leitoras queridas,

Se você acompanha o blog, deve saber da minha paixão e saudosismo por Manchester , Inglaterra, onde morei por um ano. Deve saber também que todos os meus textos são de alguma forma relacionados com a minha experiência morando fora. Se você não acompanha, bem-vindo/bem-vinda! Deixarei no final desse texto um link para todos os posts deste ano de 2020.

Gosto tanto de Manchester que tinha planejado uma viagem de um mês para lá. Seria um misto de férias e trabalho. Eu iria trabalhar com os meus colegas de lá e ao mesmo tempo iria visitar outros colegas e lugares queridos. Foram meses planejando a viagem, articulando e organizando tudo. Eu embarcaria em 18 de março de 2020. Acontece que um vírus começou a se espalhar, uma pandemia se instalou e os aeroportos pareciam estar fechando.

Todo mundo que eu conheço começou a me perguntar: Jacque, e como é que fica a sua viagem? Eu respondia: igual, porque eu mudaria? Na minha cabeça, nada nesse mundo me faria desistir da minha tão sonhada e planejada viagem de volta para Manchester, nem mesmo uma pandemia. O plano seria mantido.

Até que dois dias antes do meu embarque, minha chefe de Manchester me escreveu um e-mail dizendo: Jacque, se eu estivesse no seu lugar, eu não viria me visitar. Sou teimosa, mas não sou burra. Então, entendi que ela estava me pedindo para não ir. Amigos/amigas, isso foi um soco no meu estômago. Com muito choro e pesar, cancelei a viagem e passei os próximos dias das minhas supostas férias trancada, isolada e sozinha no meu apartamento.

Minha equipe de Manchester é tão incrível, que decidiu manter a nossa agenda. Então, praticamente todas as atividades que faríamos juntos quando eu estivesse por lá, fizemos juntos por videochamada. Foi bastante animador! É o tipo de coisa que chamo de "pequenas alegrias na quarentena". 

Aposto que assim como eu, você deve ter alguma coisa que te dá fôlego e ânimo nesses tempos de pandemia. Adoraria saber quais são as pequenas alegrias que te ajudam a manter a sanidade nesses tempos difíceis. Deixe ali nos comentários.

Finalizo esse post, compartilhando uma das pequenas alegrias que me mantém sã nesses dias difíceis.

Fim de tarde no Cambuci, São Paulo


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quinta-feira, 9 de abril de 2020

Poesia na pandemia

Álcool em gel para matar os vírus, álcool destilado para matar o tédio.
Mercado cheio, botijão de gás vazio.
Falta dinheiro, falta ânimo, falta de ar.

Céu limpo, consciência suja.
Coronavírus, mate o presidente.

Fique em casa. E quem não tem casa?
Lave as mãos. E quem não tem água e sabão?

Tempo de solidariedade, de coragem, de recolhimento.
Tempo de repensar hábitos, modelos, prioridades.
Tempo de valorizar a pesquisa, a ciência e a saúde pública

Quando isso vai passar?
Quando essa loucura vai acabar?

Medo de nada mais ser como antes.
Medo de tudo voltar a ser o que era antes.


quarta-feira, 8 de abril de 2020

Parte II
Terapia de izquierda y psicoanálisis: algunos aportes de la mirada psicodinámica.
Las teorías psicodinámicas, en sus versiones trabajadas en los años 60 y 70 en la Argentina, han generado aportes sumamente enriquecedores a la perspectiva transformadora de la psicoterapia de izquierda. En nuestros días, el psicoanálisis conocido de corte lacaniano ha seguido trabajando en la perspectiva de la emancipación del sujeto. Veamos de qué se tratan estos aportes para comprender la complejidad de las intervenciones de nuestra propuesta.
Por un lado, en la historia de la Argentina, las teorías psicodinámicas se han retrabajado y reconstruido conceptualmente en función de su inserción en las instituciones, como los hospitales, entre otros. Autores reconocidos de la época han reconceptualizado las teorías para posibilitar su implementación en grupos de personas en tratamiento, generando la oportunidad de reconocerse a si mismos como sujetos con un lugar en un espacio grupal con la posibilidad de avanzar en pos de objetivos comunes. Asimismo, los entrecruzamientos entre lineamientos teóricos y psicodramáticos han colaborado a la propuesta de trabajar creativamente en grupos, contribuyendo a enriquecer las líneas sistémicas de las psicoterapias de izquierda.
No obstante, sectores críticos han cuestionado la apuesta de algunos sectores de reconceptualizar el psicoanálisis, aduciendo la falta de consistencia teorica en la aplicación del dispositivo analítico, en otros contextos ajenos al psicoanálisis, entendido en estos casos como lógica. Sigue habiendo un debate caluroso al respecto.
Por otro lado, la mirada desde la subversión del discurso del amo, han aportado la posibilidad de pensar nuevas aristas de emancipación del sujeto, en el sentido de que, el sujeto al ir encontrando su propio camino/deseo desde lo simbólico, posibilita una separación de lo que pareciera venirle impuesto desde un otro lugar (del cual si se quiere, se emancipa). La cuestión del discurso capitalista, como un “amo sin entidad concreta”, diluido, al cual hay que captar, complejiza la cuestión aún más en la actualidad. 
Tema para otro capítulo de aportes a la psicoterapia de izquierda: “el amo sin rostro”.


terça-feira, 7 de abril de 2020

Hay quienes dicen que estamos viviendo una nueva edad media…


Hay quienes dicen que estamos viviendo una nueva edad media…


     Hace un tiempo leí un par de artículos[1] que decían que estamos viviendo en una nueva edad media. Sorprendido, como cada vez que uno se enfrenta a lo desconocido y es tomado por sorpresa, “salté” mentalmente hacia atrás y dije, “jjjmmm…”. Pero continué leyendo ya que algo me resultaba familiar en la idea. Igualmente, extraño porque en el secundario no habíamos estudiado nada relacionado, y menos en la facultad; los canales de noticia no decían nada al respecto. Ni siquiera los blogs que versan sobre innumerables conspiraciones y que suelen estar en la cresta de la ola de las informaciones secretas a punto de revelarse.

     Tratemos de reflexionar si esto es posible:

¿A qué se llama Edad Media?


     Si nos vamos hacia atrás en el tiempo, la idea de comprender la historia en edades resulta tan antigua como el propio ser humano probablemente ya que puede observarse dentro de los relatos orales y escritos de antiguas civilizaciones.

     Entre algunos de los ejemplos que hoy nos llegan, podemos ver en el Mahabharata, libro sagrado de la tradición hindú con al menos 5000 años de antigüedad, que el tiempo está compuesto por cuatro “yugas” o eslabones. Estas cuatro etapas “comienzan” con una Edad de Oro, llamada Satya Yuga y atravesando tiempos relacionados con la plata y el cobre, se llega con una Edad de Hierro, conocida como Kali Yuga.

     Así mismo Hesíodo en Grecia, hacia finales del siglo VIII a.C. en su poesía Trabajos y días relata que la humanidad atravesó 5 edades a lo largo de su existencia hasta nuestros días. En la Edad de Oro mujeres y hombres vivían como dioses, pero fueron degenerándose hasta alcanzar la actual estirpe de Hierro, donde los humanos, nunca exentos de fatiga, estarán sujetos a ásperas y constantes preocupaciones. Nociones semejantes pueden encontrarse también en escritos de Ovidio, en las civilizaciones de América o de China, por ejemplo.

     Si bien estas edades nos hablan de ciclos largos -podríamos decir cósmicos-, el tiempo era visto como fractal, o sea que las mismas leyes para el macrocosmos, se aplicarían en esferas más “pequeñas”. Es fácil ver estos conceptos durante el día, por ejemplo, cuando el Sol alcanza su punto más alto en el cielo y en la noche se esconde bajo la superficie; o también en las estaciones del año. Los seres humanos, por ser parte de la naturaleza, no estamos exentos y también tenemos un nacimiento, alcanzamos nuestro “mediodía” en la juventud y a partir de ahí nos vamos preparando paulatinamente para nuestro invierno.


                ¿Qué características tienen las edades de oro?

     Para los hindúes, la Satya Yuga es el período donde la virtud en los hombres está completa; donde se vive en armonía entre todos los planos y seres, semejante a las épocas en que gobernaban los dioses (según tradiciones egipcias, por ejemplo).

     Según Hesíodo, los primeros humanos de dorada estirpe:

“Vivían como dioses, con el corazón libre de preocupaciones, sin fatigas ni miseria; no se cernía sobre ellos la vejez despreciable, sino que, siempre con igual vitalidad en piernas y brazos, se recreaban con fiestas, ajenos a cualquier clase de males. Morían como sumidos en un sueño…”


                ¿Y las edades de hierro?

     Las edades oscuras, que llevan este nombre por la falta de claridad en las personas, encuentran características coincidentes tanto los relatos hindúes como griegos. Algunas de ellas son:



         ·         La virtud se ve disminuida en mujeres y hombres.
         ·         Las instituciones caen en desuso y los gobernantes se vuelven irrazonables.
         ·         Impondrán impuestos injustos y se convertirán en un peligro para el mundo.
         ·         El crimen alimentará las ciudades y las personas migrarán.
         ·         La avaricia, la ira, la ignorancia y la lujuria serán costumbres.
         ·         Ni los pueblos ni sus habitantes encontrarán un sentido común o natural, olvidando para qué viven.
         ·         Las personas se volverán adictas a la falsedad al hablar, a las bebidas y drogas intoxicantes.
         ·         Los justos y los honrados no obtendrán reconocimiento, por el contrario, se beneficiarán los malhechores y los hombres violentos.
         ·         Los amigos no apreciarán a los amigos y los hermanos no se querrán como antes.
         ·         En esta época las estrellas y los grupos estelares estarán destituidos de brillantez[2].



Entonces…, ¿a qué se llama edad media?

     En todas sus escalas, la concepción del tiempo estuvo sujeta a períodos que oscilan entre puntos altos y puntos bajos. Por lo tanto, las sociedades y los mismos seres humanos estaríamos constantemente moviéndonos entre etapas “de oro” y etapas “oscuras”.

     En base a las tradiciones filosóficas, se puede decir que la humanidad alcanza un zénit cuando las culturas están vivas, y esto ocurre cuando los valores humanos alimentan a los pueblos y la virtud es el anhelo de las personas.

     Como contrapartida, en las edades de hierro prima el egoísmo, la búsqueda de reconocimiento personal sobre el bien común, se ignora el sentido de las cosas y se encuentra refugio en el materialismo. Las personas así viven sujetas al miedo.

     Como el tiempo oscila, luego de un punto alto, comienza el descenso hacia una edad media, para luego volver a ascender a nuevos tiempos dorados.

Las edades medias, son aquellas épocas de la historia que se encuentran entre medio de dos edades de oro. De ahí su nombre.



¿Tiene esta, algún parecido con la Edad Media que todos conocemos?

     Podemos encontrar numerosas similitudes con la edad media que transcurrió entre el siglo V y el siglo XV de nuestra era. Imagínense su dimensión, que duró 1000 años. Estas coincidencias, no son en la forma de los sucesos, pero si en la esencia de los mismos.

     O sea, hoy no vamos a ver caballeros protegidos con cotas de malla, escudos con insignias y espadas; pero si vamos a encontrar guerrilleros y fuerzas militares en prácticamente todas las naciones del mundo.

     Los tiempos de oscurantismo estaban caracterizados por un terror religioso, que hacía ver que la vida del ser humano no valía nada y todo era una especie de castigo divino; perdiéndose el contacto con lo profundo de la existencia. Hoy ocurre algo semejante, pero en lugar de la religión, es la ciencia la que, a través de un enfoque materialista de la naturaleza, “desconectó” el alma del cuerpo, o el espíritu de la materia. De esta forma, tanto ayer, como hoy, la gente olvida el sentido de las cosas y de la vida en general.

     En la edad media europea primaba la pobreza, salvo para pequeños grupos que podían recabar provisiones. Hoy ocurre algo similar, algunas estadísticas dicen que el 99%[3] de la riqueza mundial está concentrada en el 1% de la población.

     En síntesis, si una edad es de oro o de hierro no lo determina el nivel tecnológico, los medios de comunicación o las formas de pago que existan; las edades sol altas o bajas, según los valores humanos que sustentan a las sociedades. En las edades medias el egoísmo, las pasiones, la corrupción y el fanatismo inundan el aire; las enfermedades y las pestes son moneda corriente; ayer y hoy.


¿Existe alguna solución?

     Pero no todo es tan dramático y siempre hay una luz esperando ser vista. Si pensamos que el ser humano es parte de la naturaleza, sus ciclos están sujetos a las leyes naturales. Por lo tanto, podemos buscar una solución natural.

     Estudiando la historia encontramos que las distintas edades medias vieron su fin en épocas donde la filosofía, la ciencia, la política, la religión y las artes (o alguna de estas vertientes) volvían a la vida. Estos tiempos fueron llamados períodos de renacimiento. Así, la edad media que mencionamos finalizó con el Renacimiento europeo.

     En esta etapa del ciclo, las artes principalmente, y las ciencias cobraron vida nuevamente; el ser humano volvió a descubrir que es parte de un todo y que la vida no es un castigo. Los valores atemporales resurgieron y se volvieron a plasmar ideas trascendentes. En el Renacimiento se volvió a encontrar el sentido de las cosas, entre ellas de la vida humana[4]. Se recupero el significado bien común.

     Según algunos filósofos, artistas, científicos y personajes de variados ámbitos, este renacimiento va a llegar a la sociedad, cuando llegue a cada uno de nosotros. En la medida que podamos alcanzar la coherencia entre nuestros pensamientos, sentimientos y acciones, se van a desarrollar sociedades armónicas, que sabrá convivir entre ellas y con la naturaleza que las rodea. Salir de la edad media y atravesar este valle de la historia está al alcance de nuestra mano. Ya que como cantaba Patricio Rey y sus Redonditos de Ricota:


“Cuando la noche es más oscura, despunta el día en tu corazón”.


Franco P. Soffietti



[1] “¿La historia se repite?” Delia Steinberg Guzmán: https://biblioteca.acropolis.org/la-historia-se-repite/

[2] Hoy en las grandes ciudades no se ven las estrellas de noche, mientras que en ciudades chinas el Sol debe ser proyectado en pantallas para enterarse que existe, pues la niebla y el smog y no permiten verlo.

[3] “El 1% más rico tiene tanto patrimonio como todo el resto del mundo junto” de Ignacio Fariza: https://elpais.com/economia/2015/10/13/actualidad/1444760736_267255.html

[4] Esta idea se puede ver plasmada en el “Discurso sobre la dignidad humana” de Pico della Mirandola.