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sábado, 15 de janeiro de 2022

Quando o governo leva a pandemia a sério

Pessoal, feliz 2022 para vocês!!!

Passamos o réveillon com aqui em Edinburgh mesmo com dois amigos brasileiros. Um deles mora aqui, o outro veio visitar e voltaria para o Brasil logo após o ano novo. Como procedimento padrão, seria necessário fazer o PCR alguns dias antes da viagem. Esse amigo tomou vários cuidados pré-viagem, evitou encontrar pessoas e aglomerar. 

O exame PCR estava agendado para 31/12/2021. Antes de ir coletar o PCR, ele fez um exame rápido (aqui chamado de lateral flow), que deu negativo. Então, ficamos tranquilos e fomos encontrar com ele para passar o réveillon juntos. 

Dois dias depois, o resultado do PCR chegou: positivo!!! O cara estava sem sintomas, o lateral flow deu negativo, mas o PCR deu positivo. Lucas e eu fomos imediatamente fazer um lateral flow também, que felizmente deu negativo. No dia seguinte, recebemos um e-mail do NHS (o SUS daqui) informando que nós éramos contatos próximos de alguém com COVID e por isso tínhamos a obrigação legal de nos isolarmos por 10 dias. O e-mail também dizia que se suspeitassem que estávamos desrespeitando o isolamento, a polícia poderia ser acionada! A gente também precisava fazer o exame PCR. Recebemos o kit de coleta na nossa casa e nós mesmos fizemos a coleta do SWAB nasal. Como estávamos em isolamento, não poderíamos entrar nos correios (aqui chamado de Royal Mail). Mas aqui é tão moderno que tem um lugar especial para depositar a correspondência (vejam foto). Então, eu fui até lá levar a nossa amostra biológica, que seria analisada pelo NHS. O resultado chegou por e-mail em dois dias e também foi negativo.



Outra coisa legal é que esse teste rápido - lateral flow - é distribuído gratuitamente. É possível retirá-los em alguma farmácia ou fazer um pedido pelo site do governo e daí entregam na sua casa. O lateral flow serve para pessoas sem sintomas que pretendem encontrar algum grupo de pessoas. Por exemplo, tive que ir para uma reunião presencial da universidade. Como eu estava sem sintomas, fiz o lateral flow, que deu negativo, então eu estava liberada para ir no encontro presencial. Se o lateral flow fosse positivo, eu obviamente não teria ido ao encontro. E, obviamente de novo, seu eu estivesse com sintomas também não teria ido ao encontro. Outro exemplo: o eletricista virá aqui em casa fazer uma vistoria. Como estaremos em casa quando ele vier, nós dois teremos fazer o lateral flow um dia antes da visita. Se o resultado der positivo, teremos que cancelar a visita.

Cada vez que fazemos um lateral flow, devemos cadastrar os resultados no site do governo. Não importa se o resultado foi negativo, positivo ou inconclusivo. Temos que reportar!

Ficaram impressionados? Eu também!!! Dá gosto morar num país que leva a pandemia a sério.

Até breve!
Jacque.


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sexta-feira, 15 de outubro de 2021

10 dias trancados num quarto

Olá pessoal!

Já estamos em Edimburgo, chegamos há mais ou menos um mês. Hoje eu gostaria de compartilhar um pouco como foram os nosso primeiros dias aqui no UK.

Bem, como comentei no post do mês passado, tivemos que ficar de quarentena num hotel, pois o Brasil está na lista vermelha do UK. Infelizmente, o viajante não tem permissão para escolher o hotel. Ao contrário, é alocado para um dos hotéis credenciados pelo governo Britânico e preparado para gerenciar a quarentena.

O controle de quem deve ou não ir para o hotel é feito logo no aeroporto, ao passar pela imigração. Após conferir os seus documentos, assim como o motivo da viagem, o fiscal chama alguém para te acompanhar até uma sessão especial, destinada para os viajantes de países da lista vermelha. Nesse local, tem uma esteira para retirada de bagagem, e alguns fiscais vigiando os pessoal.

Um dos nossos ficais era um senhor escocês bem humorado! Ele nos tratou muito bem e conversou um pouco com a gente. Abriu um grande sorriso quando dissemos que somos brasileiros e logo perguntou "Vocês gostam de festa e Whiskey? Aqui a gente tem!". Nos sentimos acolhidos e bem-vindos.

Depois te pegarmos a nossas malas, aguardamos mais um pouco na salinha até que chegou outro fiscal, com um sotaque escocês fortíssimo que nos separou em várias filas, cada fila com um destino (ônibus) diferente. O ônibus foi parando em vários hotéis da cidade, até que chegou no nosso: Holiday Inn Express, um hotel 4 estrelas. Estava um dia lindo, céu limpo, ensolarado e não muito frio. Então, foi um pequeno tour bem agradável. 

Ao chegar no hotel, logo de cara tivemos que higienizar as mãos e trocar as nossas máscaras por máscaras cirúrgicas. O check-in foi bem rápido e tranquilo. O nosso quarto era bonito e colorido, não muito grande e também não muito pequeno. Além da cama queen, tinha uma pequeno sofá cama e uma mesa de estudos. A melhor parte era a janela enooooorme, com uma vista linda, o que nos ajudou muito a sobreviver ao confinamento por 10 dias. Conseguíamos ver o castelo da nossa janela.

Éramos obrigados a ficar praticamente o tempo inteiro no quarto. No corredor sempre tinha um ou dois fiscais. Se a gente abrisse a porta, eles logo vinham verificar o que estava acontecendo. Tínhamos permissão para descer ao pátio para tomar um ar e fazer exercícios. A regra permitia que cada pessoa ficasse no pátio 15 min por dia, mas como o hotel estava vazio, nos deixavam ficar mais tempo e até mesmo descer mais de uma vez por dia. Para descer, tínhamos que interfonar para o fiscais, avisando que gostaríamos de sair do quarto e aguardá-los baterem na nossa porta. Somente então podíamos sair, sempre com máscara. Em todo o nosso caminho, sempre tinham mais ficais posicionaos em estações específicas. Ao passarmos por elas, tínhamos que informar o número do nosso quarto. Eles anotavam o número num papel e também falava por rádio com o próximo colega, avisando que iríamos passar. A maioria desses ficais eram imigrantes e não pareciam ter um treinamento formal como seguranças.

Todas as refeições eram feitas dentro do quarto. Para evitar o contato entre o funcionário do hotel e a gente, a refeição era deixada na porta do quarto, eles batiam na porta para avisar que a comida chegou, mas logo saiam. Ou seja, não entregavam nas nossas mãos, não tinham contato com a gente. Recebíamos três refeições por dia: café da manhã, almoço e jantar. Para o café da manhã, podíamos escolher entre duas opões: continental (cereais, iogurte, frutas, croissant, geleia e manteiga) ou English (toast, ovos, salsichas, bacon). Não era possível escolher o almoço, que costumava ser uma sopa, sanduíche ou salada. Para o jantar, podíamos escolher entre três opções, que mudavam diariamente. Toda manhã, alguém nos ligava oferecendo as opções de jantar do dia seguinte. 

Nos dias 2 e 8, tivemos que fazer o teste PCR. Nesses dois dias, um profissional de saúde foi até o nosso quarto entregar kits e nós mesmos fizemos as coletas de SWAB nasal. Uma hora depois de entregar os kits, o mesmo profissional veio recolhê-los. O resultado do teste ficava pronto dois dias depois e chegava por e-mail. 

O check-out do hotel só pode ser realizado depois de receber o resultado negativo do teste realizado no dia 08 (cujo resultado chega no dia 10). Nós saímos do hotel e fomos para um apartamento que alugamos pelo Airbnb. No mês que vem, contarei um pouco sobre esse apartamento no qual estamos agora e também sobre a saga para procurar uma casa para ficarmos por mais tempo.

Deixo vocês essa imagem, demonstrando a visão que tínhamos do nosso quarto de hotel. Nessa imagem não dá para ver o castelo, que está localizado mais para direita. Minha câmera não é boa o suficiente para me permitir tirar uma foto de boa qualidade mostrando o castelo.



Até breve ;)


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quarta-feira, 1 de julho de 2020

Deus não dá asas a burro


O mundo não dá voltas, ele capota.


Se antes ter um passaporte brasileiro representava alguma vantagem, permitindo que seus portadores pudessem visitar determinados países sem a necessidade de visto, na situação atual… bem, ele não vai te levar muito longe.

Nos últimos meses vimos o mundo inteiro enfrentar uma situação sem precedentes recentes, uma pandemia letal que ceifou a vida de milhares de pessoas. 

Alguns países rapidamente perceberam a seriedade da situação e junto aos esforços da OMS estabeleceram um ‘lockdown’ para resguardar sua população e enfrentar o corona.

Infelizmente, nem todos os países tem o privilégio de ter um asno no poder, e enquanto outros presidentes tentavam combater o vírus, o nosso viu no corona a chance de resolver de uma vez por toda todos os seus problemas, afinal, como o excelentíssimo Rei do Gado já tinha dito “tem que morrer uns 30 mil” para resolver os problemas do Brasil, e a pandemia era o momento perfeito para colocar o plano em prática.

E olha como deu certo! além de atingirem a meta, dobraram a meta e hoje 60 mil mortes já somam na conta do governo. E crescendo.

E apesar de tantas mortes, um fenômeno engraçado acontece: Os burros continuam se multiplicando!
E com o discurso de “É só uma gripezinha” todo o gado decidiu ir pastar. Pastar na praia, pastar nos parques, pastar e se multiplicar. O famoso efeito manada nunca fez tanto sentido, juro!

Alguns países como a Itália, que permitiram essa situação, viram seus números de casos e de óbitos dispararem exponencialmente em pouquíssimo tempo, mostrando que levar isso tudo de maneira leviana não era uma boa estratégia. 

Mas burros falam com a gente? Não! Eles entendem dados e fontes confiáveis? também não. Esses animais têm uma forma de comunicação muito específica e limitada: Só obedecem mensagens do Whats App E com vários emojis nela. Então o recado teve que ser mais direto.

Em propriedades rurais é comum o uso de  Mata-burros, dispositivos que impedem a fuga do gado mesmo quando a porteira está aberta. São uma espécie de grade onde os animais não conseguem andar devido aos seus cascos, e caso tentem, ficam presos. Agora imagine isso em escala global? E os brasileiros sendo os burros.

Essa foi a forma que os outros países conseguiram para se defender de pessoas que possivelmente poderiam ser novos vetores da doença, afinal, os casos de COVID-19 é o que mais cresce no Brasil, seguido pelas desigualdades sociais e fanatismo religioso. E ninguém em sã consciência gostaria de ter qualquer um desses itens no seu país.


A Europa já proibiu a entrada de brasileiros em seu território e é uma questão de tempo até os demais seguirem o exemplo. Como dizia o ditado, com a devida licença poética, "Deus não da asas a burro", e essa pandemia escancarou o motivo disso pro mundo inteiro.

Ah! E se antes você reclamava que empregadas domésticas estavam indo pra Disney, e viajando demais, parabéns pela atitude! Agora ninguém mais vai viajar, inclusive você.

Agradecimentos a Alexei Kain pelo debate sobre o tema

quarta-feira, 15 de abril de 2020

A pandemia e a viagem cancelada

Olá leitores queridos e leitoras queridas,

Se você acompanha o blog, deve saber da minha paixão e saudosismo por Manchester , Inglaterra, onde morei por um ano. Deve saber também que todos os meus textos são de alguma forma relacionados com a minha experiência morando fora. Se você não acompanha, bem-vindo/bem-vinda! Deixarei no final desse texto um link para todos os posts deste ano de 2020.

Gosto tanto de Manchester que tinha planejado uma viagem de um mês para lá. Seria um misto de férias e trabalho. Eu iria trabalhar com os meus colegas de lá e ao mesmo tempo iria visitar outros colegas e lugares queridos. Foram meses planejando a viagem, articulando e organizando tudo. Eu embarcaria em 18 de março de 2020. Acontece que um vírus começou a se espalhar, uma pandemia se instalou e os aeroportos pareciam estar fechando.

Todo mundo que eu conheço começou a me perguntar: Jacque, e como é que fica a sua viagem? Eu respondia: igual, porque eu mudaria? Na minha cabeça, nada nesse mundo me faria desistir da minha tão sonhada e planejada viagem de volta para Manchester, nem mesmo uma pandemia. O plano seria mantido.

Até que dois dias antes do meu embarque, minha chefe de Manchester me escreveu um e-mail dizendo: Jacque, se eu estivesse no seu lugar, eu não viria me visitar. Sou teimosa, mas não sou burra. Então, entendi que ela estava me pedindo para não ir. Amigos/amigas, isso foi um soco no meu estômago. Com muito choro e pesar, cancelei a viagem e passei os próximos dias das minhas supostas férias trancada, isolada e sozinha no meu apartamento.

Minha equipe de Manchester é tão incrível, que decidiu manter a nossa agenda. Então, praticamente todas as atividades que faríamos juntos quando eu estivesse por lá, fizemos juntos por videochamada. Foi bastante animador! É o tipo de coisa que chamo de "pequenas alegrias na quarentena". 

Aposto que assim como eu, você deve ter alguma coisa que te dá fôlego e ânimo nesses tempos de pandemia. Adoraria saber quais são as pequenas alegrias que te ajudam a manter a sanidade nesses tempos difíceis. Deixe ali nos comentários.

Finalizo esse post, compartilhando uma das pequenas alegrias que me mantém sã nesses dias difíceis.

Fim de tarde no Cambuci, São Paulo


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