Mostrando postagens com marcador #mentoria. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador #mentoria. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 15 de abril de 2021

Doutorado na Escócia

Amiga leitora e amigo leitor,

Hoje vim contar para vocês, tintim por tintim, como consegui a bolsa de doutorado na Escócia. Foi uma jornada muito legal e acho que será mais ainda quanto eu chegar lá!

Primeiro, começo dizendo que não foi algo que aconteceu na noite para o dia. Passei muito tempo matutando como, onde, com quem e em qual projeto eu faria o meu doutorado. 

Eu diria que o primeiro grande passo foi ter uma ideia do que eu queria estudar. No meu caso, eu queria estudar sistemas alimentares sustentáveis de forma quantitativa e analítica, juntando assim as minhas experiências acadêmicas e profissionais prévias. Eu também fazia questão de encontrar um/uma orientador/orientadora que fosse bem parceiro e gente boa. O último critério importante era o financiamento, sem isso não teria como encarar quatro anos de estudos/trabalho. O critério do financiamento meio que eliminou o Brasil como uma possibilidade, visto que as bolsas aqui são escassas e quando existem, não cobrem nem mesmo as minhas atuais despesas com moradia. Então, para fazer doutorado no Brasil eu teria que ter algum trabalho paralelo, o que seria um grande desafio.

Tendo esses três critérios bem definidos (área de estudos, perfil do orientador, necessidade de financiamento) eu comecei a fazer buscas na internet. Basicamente eu ia no google e digitava algumas palavras chave relacionadas com a minha área como "phd sustainable food system", "phd nutrition data science" e assim por diante. Outros três lugares que eu procurava bastante era no findaphd (global), euraxes (europeu) e academictransfer (holandês), basicamente usando as mesmas palavras chaves.

Encontrei algumas vagas interessantes por todos esses métodos. Fiz a inscrição em seis vagas, fui convidada para entrevista em quatro delas (duas na mesma semana, inclusive). A vaga da Escócia especificamente, encontrei no findaphd . Na descrição da vaga, notei que o orientador era brasileiro de sobrenome Silva (como o meu) e fiquei super empolgada. Logo decidi escrever um e-mail para ele. Essa, aliás, era uma prática comum. Eu sempre escrevia para o orientador antes de me candidatar a vaga. A maneira como eles me respondiam contava muito na minha decisão de me inscrever ou não.

Os primeiros e-mails com o meu orientador de Edinburgh foram bem normais. Nessa troca de e-mails estávamos discutindo alguns requisitos para a vaga, dentre os quais estava o conhecimento prévio de modelagem econômica, algo que eu não tinha. Eu assumi de peito aberto o fato de não ter nunca mexido com modelagem econômica, destaquei outros pontos fortes que eu tenho e, em minha defesa, mencionei o nome de um colega/mentor de trabalho, que é economista, e que poderia me ajudar na aprendizagem de modelos econômicos.

Para a minha surpresa (e sorte!) o orientador da vaga conhecia muito bem esse meu colega e daí o tom da conversa mudou completamente! Senti uma abertura maior e talvez até um incentivo para que eu me inscrevesse na vaga, quase como se eu tivesse sido adotada. Veja você o poder do networking, tão mencionado pelo programa de bolsas Chevening.

Depois das conversas iniciais, fui toda feliz e segura fazer a minha inscrição. Imagina só a minha alegria quando recebi o convite para a entrevista! Sem demora confirmei a minha disponibilidade de horário e agradeci muito pela oportunidade. Para a entrevista, eu precisaria preparar uma apresentação de 10 minutos de algum trabalho que eu já tinha feito ou que pretendia fazer.

Na Universidade de Edimburgo, os orientadores não participam diretamente da avaliação do candidato. A banca entrevistadora é composta por outros profissionais. Dito isso, sinto que posso compartilhar que os meus orientadores (o orientador principal, brasileiro, e o co-orientador, britânico), me perguntaram se eu já sabia o que iria apresentar e me ofereceram ajuda! Sim, foi isso mesmo. Antes da entrevista oficial, fizemos uma "mock interview" (simulação de entrevista) e eles me deram dicas muito preciosas do que falar, não falar, perguntar e etc.

O grande dia chegou e eu me sentia bem animada e confiante! A entrevista foi bem legal, os membros da banca bem amigáveis e acolhedores. Mais ou menos 40 minutos depois da entrevista, eles me procuraram de novo, perguntando se podiam me ligar. Infelizmente eu estava a caminho do trabalho na hora e não pude atendê-los. Daí, eles acabaram me escrevendo por e-mail mesmo: a notícia era de que eles tinham gostado muito do meu perfil e gostariam de me oferecer a vaga! Sério, gente, quase infartei na hora. Nem consegui trabalhar naquele dia! Era uma sexta-feira, então o final de semana foi todo em torno disso.

Para comemorar junto com vocês, deixo aqui alguns registros da tradição escocesa, feitos em 2018, quando passei 3 dias passeando em Edimburgo.


Gaita de fole no centro de Edimburgo

  


Eu e minha amiga Tati, perto do Castelo de Edimburgo




Haggis, um prato típico da culinária Escocesa




Abraços e até o próximo dia 15.
Jacque.



segunda-feira, 15 de março de 2021

Sassenach

Oi pessoal!

Quem aí já assistiu Outlander, aquela série romântica sobre a enfermeira inglesa Claire Randall que viaja no tempo, vai para na Escócia, se apaixona e vive um romance mamão com açúcar com o escocês Jamie Fraser?

Se você assistiu, conhece bem o termo "sassenach". Para quem não assistiu, "sassenach" é o termo que o mocinho escocês usava para se referir a sua amada inglesa. Originalmente, sassenach era um termo usado pelos escoceses para se referir aos ingleses, geralmente em tom pejorativo ou de deboche. Na série Outlander, esse termo acabou se tornando um apelido fofo e romântico.

Embora sassenach se refira exclusivamente a ingleses que estão na Escócia, como a série se chama Outlander (forasteiro/estrangeiro na minha tradução chucra), uma amiga minha tomou a liberdade de ampliar o significado da palavra e me apelidou de sassenach quando soube que eu estava de mudança para a Escócia.

Como assim, Jacque? Você vai para a Escócia?! 


É isso mesmo, meu povo! Estou fazendo as malas. O motivo: ganhei uma bolsa de doutorado na Universidade de Edimburgo, umas das melhores universidades do mundo (a top 20, para ser mais precisa). Irei estudar mudanças na dieta brasileira para deixá-la mais sustentável, e avaliar quais seriam os impactos sociais, econômicos, ambientais e de saúde dessas mudanças. O meu orientador é brasileiro, de sobrenome Silva como eu! 

Estou muito feliz, pessoal! E queria compartilhar essa alegria com vocês. O meu curso começa em outubro desse ano e se tudo der certo (e a pandemia deixar), eu devo me mudar no final de setembro.

Só para deixar registrado aqui, foram pelo menos 12 meses galgando esse doutorado. Conversei com várias pessoas, no Brasil e fora dele, estudei várias possibilidade e projetos, me inscrevi para pelo menos seis vagas fora do Brasil, passei por quatro entrevistas até finalmente ser aprovada em uma vaga. Foram vários não, mas eu só precisava de um sim!

Temos muitos conteúdos para posts futuros! No próximo dia 15, vou contar para vocês a minha trajetória até conquistar essa vaga em Edimburgo.

Até breve,
Jacque.



Posts anteriores

----------------------------------- 2020 ---------------------------------------

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Mês de resultados

Olá pessoal,

Todo dia 15, temos post sobre intercâmbio no UK aqui no blog. O assunto mais comentado aqui, é a bolsa de estudos Chevening para mestrado no UK. Essa bolsa de estudos tem um calendário bem regular e fevereiro é o mês dos primeiros resultados, para aqueles que se candidataram entre setembro e novembro do ano anterior.

Essa bolsa de estudos  é extremamente competitiva. Poucos dos que se inscrevem são convidados para a entrevista, e somente 2-3% efetivamente são contemplados com a bolsa. Tudo isso para dizer que matemática/estatisticamente é absolutamente normal que muita gente tenha um resultado negativo logo na primeira fase. Dos poucos que são convidados para a entrevista, também é normal que algumas pessoas não avancem para as próximas etapas. Como já dito várias vezes aqui no blog ao longo de 2020, eu mesma já compus o grupo de pessoas que recebeu uma resposta negativa do Chevening. Foi bem frustrante receber o não inicialmente, mas depois de um tempo acabou se tornando um aprendizado enriquecedor.

O post de hoje tem o principal objetivo de dizer que o "não" faz parte do processo e é normal. O resultado negativo de um processo seletivo tão competitivo como o Chevening não diz nada sobre quem você é, não te faz uma pessoa incapaz. Na verdade, o simples fato de ter tentado, mostra que você sonha alto e tem grande projetos. Certamente se você continuar tentando, seja a bolsa Chevening de novo, outras bolsas ou qualquer outra coisa que você decida fazer na vida, você achará o seu caminho e o seu lugar no mundo. 

Para os felizardos que foram convidados para a entrevista, meus sinceros parabéns! A luta ainda não acabou e agora é hora de se preparar para a entrevista. O melhor jeito de se preparar, no meu ponto de vista, é fazer o que chamamos de "mock interview", que nada mais é do que simular a entrevista. O mais legal é convidar colegas que se passem por entrevistadores e treinar com eles. Mas se não der, treinar sozinho na frente do espelho, no chuveiro, caminhando, também funciona muito bem.

As entrevistas geralmente acontecem entre abril e maio e os resultados delas começam a ser divulgados em junho.

Para quem não passou dessa vez e deseja tentar de novo, as inscrições devem reabrir em setembro. Fique atento!


Abraços apertados (de sinto muito ou de parabéns) e até o mês que vem.
Jacque.


Posts anteriores

----------------------------------- 2020 ---------------------------------------

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Representa na Gringa

Amiga leitora e amigo leitor,

Feliz 2021! Quem em 2021, o novo corona vírus nos dê uma trela e nos devolva a liberdade de andar sem máscara e no permita aglomerar com os nossos queridos.

Falando em aglomerar com queridos, em 2020 eu andei virtualmente bem próxima de uma galera muito maneira, responsável por um projeto chamado Representa na Gringa. Lembra do meu post passado sobre mentoria? Pois bem, foi através desse projeto que comecei a mentorar alguns candidatos para a bolsa Chevening.

O Representa na Gringa nasceu para combater um problema muito sério, o racismo estrutural, que infelizmente acaba se refletindo no perfil do bolsistas Chevening. Por exemplo, embora a maior parte da população brasileira seja negra (pretos e pardos), a quase totalidade dos bolsistas Chevening é composta por pessoas brancas. Eu fui uma dos poucos bolsistas negros do meu ano e também da história Chevening no Brasil. O racismo estrutural acaba afetando muito os povos indígenas também.

Para combater essa desigualdade de raça tão marcante entre os bolsistas Chevening, vários bolsistas e ex-bolsistas se reuniram e se organizaram em várias frentes de combate ao racismo estrutural. Uma dessa frentes é a mentoria para candidatos negros e indígenas, com a intenção de apoiá-los no processo seletivo Chevening. 

Se você é negro ou indígena e gostaria de se aventurar numa bolsa Chevening, fique ligado aqui nos posts. Eu vou contar para vocês quando abrirmos vagas para novos mentorados/mentoradas. Como os posts aqui são mensais, pode ser que eu compartilhe alguma coisa no Twitter (@silvajacqueline) ou no Instagram (@silvajacq) também.

É muito comum planejarmos o que almejamos para o ano que se inicia. O Representa na Gringa e as mentorias para negros e indígenas (mas não somente para eles) com certeza estão na minha lista de atividades para 2021. E você, já pensou sobre o que deseja para esse ano? Me conta aqui nos comentários. 

Se você tem intenção de estudar no exterior, especialmente no UK com uma bolsa Chevening, fique ligado nos próximos posts.

Abraços e até breve,
Jacque.

Posts anteriores

Dezembro: Mentoria

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Mentoria


Olá pessoal!

Esse é o meu último post do ano. Que alegria ter chegado até aqui, compartilhando as minhas experiências de estudante/intercambista com vocês, todo dia 15. Espero que estejam sendo úteis.

Você já ouviu falar sobre mentoria? Quando eu estava indo atrás da bolsa de estudos para mestrado no Reino Unido, eu era bem ingênua e talvez um tanto imatura e achava que dava conta de tudo sozinha.  Então, fui atrás de tudo por conta própria e quase nunca pedi ajuda. O resultado? Bem, na minha primeira tentativa, falhei miseravelmente. Já contei essa história aqui no blog. 

Quando tentei a bolsa de estudos pela segunda vez, contei muito com a ajuda de um colega que já havia ganhado uma bolsa de estudos para mestrado. Eu não o nomeava dessa forma na época, mas posso dizer que ele foi o meu mentor e o apoio dele foi fundamental para me ajudar a ser aprovada na segunda vez.

A mentoria basicamente se resume a isso mesmo que aconteceu comigo e com o meu amigo: alguém com mais experiência em determinado assunto e que já conquistou algum objetivo (ex bolsa de estudos) orienta outro alguém com menos experiência e que deseja alcançar esse mesmo objetivo.

No ano de 2020, eu tive a grande honra de mentorar alguns candidatos da bolsa Chevening. Que experiência incrível! Conheci pessoas muitos legais, de diversas áreas do conhecimento. Cada uma do seu jeito, com as suas características e necessidades próprias, mas todas muito motivadas! Essa experiência me fez refletir um pouco sobre a importância da mentoria e como posso me tornar uma boa mentora, assim como o meu amigo foi para mim. Por isso quis trazer esse assunto aqui no blog.

Ainda estou no processo de descoberta. E queria perguntar para vocês, leitores e leitoras: o que consideram como característica fundamental de um mentor?

Abraços e até o próximo post.
Jacque.